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Embora seja inquestionável o valor da crítica musical como fonte para pesquisas musicológicas, não há registros de eventos científicos destinados especificamente a esse gênero literário no Brasil. Através da crítica musical, muitas questões podem ser inferidas, tanto no aspecto cultural, quanto sociológico, histórico ou educacional, por exemplo. Em outros termos, segue-se na linha da história imediata, cujo fundamento “não tende apenas a encurtar os prazos entre a vida das sociedades e sua primeira tentativa de interpretação, mas também a dar a palavra aos que foram os atores dessa história” (Lacouture, 1988; 217). Dosse, por sua vez, ao se referir à história das mentalidades de George Duby, observa tratar-se de “deslocar o olhar do historiador da narração dos fatos passados […] para estudar, a partir dessas mesmas fontes, as representações que uma época tem de si própria, de sua história e em sua subjetividade.” (Dosse, 2003; 314).

Entretanto, apesar da carência de eventos científicos brasileiros dedicados a esse tema, alguns pesquisadores a ele se têm dedicado, entre eles a Profª. Drª. Maria Alice Volpe (UFRJ), que coordena o projeto “Periódicos e Música no Brasil: história, crítica e recepção”, ou o Prof. Dr. Jorge Coli (UNICAMP), que, em “Música Final”, aborda a crítica musical de Mário de Andrade, publicada no periódico “Folha da Manhã”.

Tal abordagem também não é estranha ao Grupo de Pesquisa Estudos Interdisciplinares em Ciências Musicais da UFPel, cuja pesquisa em jornais tem sido uma constante há algum tempo, exemplificado nos projetos “A música pelos jornais da cidade do Rio Grande: da Proclamação da República ao Conservatório de Música” (2007), ou no “Oscar Guanabarino e a crítica musical no Brasil” (2016).

Desta maneira, o viés científico visa estimular a divulgação de resultados de pesquisas sobre Crítica Musical, bem como promover o intercâmbio com pesquisadores que a ela se dedicam. Para tal, estão convidados, além dos pesquisadores acima citados, a Profª Drª Teresa Cascudo (Universidad de la Rioja, Espanha) e o Prof. Dr. Paulo Ferreira de Castro (Universidade Nova de Lisboa, Portugal).

Quanto ao viés artístico, a estreita vinculação entre o estudo musicológico e a performance musical será contemplada com a encenação da Fantasia Melodramática em 2 atos “A Loucura de Pierrot”, do compositor riograndino Antenor de Oliveira Monteiro (1872-1948), resultado de pesquisa em edição musical realizada no Bacharelado em Ciências Musicais da UFPel. Além desse resgate de patrimônio cultural imaterial, estão previstas as estreias, pelo Trio Arakime, de obras compostas especialmente para o I Simpósio Internacional Música e Crítica, pelos compositores Harry Crowl, Guilherme Bauer, Marcelo Nadruz, Davi Tuchtenhagen, Victor Camargo e Victor Landeira.

De acordo com os objetivos, a logística necessária está assim definida:

1) Etapa 1, Pré-Simpósio: blog para divulgação e chamada de trabalhos, cartazes e banners, programas dos concertos, ECAD, afinação do piano, certificados, caderno de resumos, pastas, passagens para os convidados;
2) Etapa 2, Simpósio: hotel, alimentação, transporte convidados hotel-CA, auditório 2 CA, computador, datashow, tela de projeção, microfone, caixa de som, filmadora, tripé, técnico para gravação dos concertos, água, coffee break, honorários para os músicos (ao menos simbólico).

Especificamente, nas seguintes ações:

A) CIENTÍFICAS:

- Estão planejadas 4 palestras, cada qual a cargo de um dos pesquisadores convidados, assim distribuídas: PALESTRA 1 – Prof. Dr. Paulo Ferreira de Castro (Universidade Nova de Lisboa, Portugal); PALESTRA 2 – Profª Drª Maria Alice Volpe (UFRJ); PALESTRA 3 – Profª Drª Teresa Cascudo (Universidad de la Rioja, Espanha); PALESTRA 4 – Prof. Dr. Jorge Coli (UNICAMP). As palestras serão gravadas em vídeo.

- Haverá 5 sessões, com 3 comunicações cada, destinadas aos trabalhos aprovados pela Comissão Científica do Simpósio. As submissões devem ocorrer em texto completo, de acordo com o template que será disponibilizado durante a chamada de contribuições (padrão ANPPOM).

B) ARTÍSTICAS:

Haverá 2 concertos, que serão gravados em aúdio e/ou vídeo:
1) Concerto 1: Trio Arakime, com estreias absolutas de obras de Harry Crowl, Guilherme Bauer, Marcelo Nadruz, Davi Tuchtenhagen, Victor Camargo e estreia americana de obra de Victor Landeira.
2) Concerto 2: Antenor de Oliveira Monteiro – Fantasia Melodramática em 2 atos “A Loucura de Pierrot”. A orquestração requer flauta, 2 clarinetes (requer tanto sib quanto lá), pistão em sib, trombone, violinos I e II, violoncelo, contrabaixo, percussão. A orquestra será composta por alunos e professores dos cursos de música da UFPel, em conjunto com músicos profissionais convidados, incluindo o regente.

A medição dos resultados esperados ocorrerá em duas frentes: a primeira, pelo volume de submissões que serão recebidas para as sessões de comunicação; a segunda, pelo atingimento das atividades abaixo descritas.

PUBLICAÇÕES:
1) Anais do I Simpósio Internacional Música e Crítica;
2) Livro “Oscar Guanabarino: entre diversões, artes e artistas”. Publicação do Grupo de Pesquisa Estudos Interdisciplinares em Ciências Musicais (UFPel), resultado parcial do projeto de pesquisa Oscar Guanabarino e a crítica musical no Brasil;
3) Edição crítica da fantasia melodramática em 2 atos “A Loucura de Pierrot”, do compositor riograndino Antenor de Oliveira Monteiro. Publicação do Grupo de Pesquisa Estudos Interdisciplinares em Ciências Musicais (UFPel), resultado das atividades desenvolvidas na disciplina Arquivologia e Edição Musical.

CONCERTOS:
1) Trio Arakime, com composições de Harry Crowl, Guilherme Bauer, Marcelo Nadruz, Davi Tuchtenhagen e Victor Camargo, escritas para suas estréias absolutas durante o I Simpósio Internacional Música e Crítica, e a estréia americana da obra Cisne, de Victor Landeira;
2) Antenor de Oliveira Monteiro, fantasia melodramática em 2 atos “A Loucura de Pierrot”. Resgate de patrimônio imaterial.