Nome do Projeto
Detecção e caracterização molecular dos vírus da Influenza A, Orthoavulavírus, Metapneumovírus, Coronavírus e Bornavírus circulantes em aves e mamíferos silvestres recebidos em centros de reabilitação no sul do Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/05/2025 - 01/05/2029
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
O Brasil é reconhecido como uma das maiores potências mundiais na produção e exportação de carne de frango e seus derivados. Dentre os pilares que sustentam essa atividade econômica, a sanidade desempenha papel fundamental para o controle e mitigação de patógenos, garantindo a qualidade dos produtos e a segurança alimentar. Nesse contexto, animais de vida livre representam importantes disseminadores de patógenos, permitindo a perpetuação e distribuição de doenças por diversos países. Por esse motivo, a monitoria e testagem de animais silvestres se tornam necessárias para compreender padrões epidemiológicos e promover a tomada de medidas precoces para a mitigação do impacto desses patógenos em unidades produtivas. bem como para conservação de espécies silvestres. Atualmente, os agentes virais têm ganhado destaque entre os patógenos causadores de doenças em espécies domésticas e silvestres. Dentre os vírus patogênicos, destacam-se aqueles com genoma de RNA, devido à sua elevada taxa de mutação, o que dificulta a implementação de medidas preventivas eficazes. A Influenza Aviária (IA) é uma doença causada pelo vírus da Influenza A, pertencente à família Orthomyxoviridae e ao gênero Alphainfluenzavirus. Esse vírus é subdividido em cepas de alta patogenicidade e baixa patogenicidade, capazes de acometer tanto aves silvestres quanto domésticas, mamíferos e seres humanos. A recente epidemia de H5N1 em diversos países reacendeu o alerta global devido às altas perdas econômicas no setor avícola e aos impactos significativos na mortalidade de populações silvestres. O gênero Orthoavulavirus, incluído na família Paramyxoviridae, compreende diversos vírus de importância aviária, dentre eles o avian paramyxovirus 1 (APMV-1), agente etiológico da Doença de Newcastle. Dependendo da cepa viral, essa enfermidade pode apresentar elevada gravidade, afetando os sistemas respiratório e neurológico das aves infectadas. Juntamente com a Influenza Aviária, a Doença de Newcastle é classificada como uma enfermidade de notificação obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial e à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O gênero Metapneumovirus (MPV), pertencente à família Pneumoviridae, inclui duas espécies reconhecidas: o Metapneumovírus Aviário (aMPV) e o Metapneumovírus Humano (hMPV). O aMPV é um patógeno emergente em aves, sendo principalmente associado a distúrbios respiratórios e reprodutivos em aves silvestres e domésticas. A infecção por esse vírus pode resultar em significativas perdas econômicas para a indústria avícola. Os coronavírus, pertencentes à subfamília Orthocoronavirinae, são agentes etiológicos de doenças com impactos substanciais na saúde humana e animal. No contexto aviário, destacam-se os gêneros Gammacoronavirus e Deltacoronavirus, que incluem a maioria dos coronavírus capazes de infectar aves. Dentre esses, o vírus da Bronquite Infecciosa (IBV) é um dos mais relevantes, sendo responsável por manifestações entéricas, respiratórias e reprodutivas, resultando em graves prejuízos sanitários e econômicos para a avicultura. A família Bornaviridae inclui um amplo grupo de vírus, dentre os quais se destaca o avian bornavirus (ABV), associado à Doença de Dilatação Proventricular (PDD). Essa condição neurogástrica grave afeta psitaciformes e outras aves, levando a perda progressiva da capacidade digestiva, manifestações neurológicas e alta taxa de mortalidade. A infecção crônica pelo ABV representa um desafio significativo para a medicina aviária e para a conservação de espécies silvestres.

Objetivo Geral

Avaliar a presença e realizar a caraterização filogenética de Influenza A, Orthoavulavírus, Metapneumovírus, Coronavírus e Bornavírus circulantes em aves e mamíferos silvestres oriundos de Centros de Recebimento e Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) da região sul do Brasil.

Justificativa

A investigação de vírus aviários de importância sanitária é essencial para compreender sua epidemiologia em populações silvestres, permitindo a identificação de reservatórios naturais e potenciais vias de transmissão. Além disso, a monitoria e a detecção precoce desses agentes virais são fundamentais para a implementação de estratégias eficazes de prevenção e controle, visando mitigar seus impactos tanto em populações domésticas quanto selvagens, reduzindo perdas econômicas e preservando a biodiversidade.

Metodologia

A obtenção das amostras será realizada a partir de aves e mamíferos silvestres recebidos no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre (NURFS-UFPel) e no Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM-FURG), vinculados, respectivamente, à Universidade Federal de Pelotas e à Universidade Federal do Rio Grande. A amostragem ocorrerá de forma contínua entre maio de 2025 e maio de 2029.
O procedimento de coleta, etapa na qual não haverá participação efetiva da equipe do Laboratório de Virologia e Imunologia, ficará a cargo dos centros de reabilitação e suas equipes de manejo de rotina. Para recuperação viral consistirá na introdução de um swab estéril na orofaringe dos animais, realizando movimentos circulares suaves contra a mucosa. Em seguida, os swabs serão imediatamente imersos em tubos de 1,5 mL, livres de DNases e RNases, contendo 500 μL de PBS suplementado com antibióticos e antifúngicos (10,000 IU/mL penicilina, 10 mg/mL estreptomicina, 50 mg/mL gentamicina e 10,000 IU/mL nistatina). As amostras serão transportadas sob refrigeração até o armazenamento em ultrafreezer (-80°C) para preservação.
No laboratório de Virologia e Imunologia (LabVir-FV-UFPel) onde efetivamente será executado o referido projeto com a manipulação das amostras coletadas pelos centros de reabilitação. A extração do RNA total será realizada utilizando o kit PureLink™ Genomic DNA Kit (Invitrogen™, Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA, USA), seguindo as recomendações do fabricante. A síntese do cDNA será realizada com o High Capacity cDNA Reverse Transcription Kit (Applied Biosystems™, Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA, USA), também de acordo com as instruções do fabricante. A reação de RT-qPCR será conduzida no equipamento ABI 7500 Fast Instrument (Applied Biosystems™, Foster City, CA, USA). Serão empregados primers desenhados para regiões altamente conservadas entre os genótipos dos vírus testados, visando a triagem dos patógenos e posterior caracterização filogenética. As amostras serão testadas, seguindo as condições descritas pelos autores para os seguintes vírus: Influenza A (Heine et al., 2015), Metapneumovírus (Lemaitre et al., 2018), Orthoavulavírus (Wise et al., 2004), Coronavírus (Chamings et al., 2018) e Bornavírus (Świętoń et al., 2022).

Indicadores, Metas e Resultados

- Construção de painel de detecção de vírus RNA, por meio do RT-qPCR.
-Caracterização molecular dos vírus detectados, por meio do sequenciamento parcial.
- Elaborar medidas de manejo, controle e profilaxia das viroses aviárias em Centros de Recebimento e Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS).
- Determinar as espécies de aves que apresentaram maior e menor frequência de detecção.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
FLÁVIA BARTZ NUNES
GABRIEL DA SILVA ZANI
GEFERSON FISCHER1
GILBERTO D'ÁVILA VARGAS1
HENRIQUE MÜLLER DALLMANN1
IZADORA DUMMER WEBER
JOSE CARLOS ROSLER SANDRINI1
MARCELO DE LIMA1
MARINA STURBELLE GARCIA
SILVIA DE OLIVEIRA HUBNER1
VICENTE BARISCH OTT
WELLINGTON DA ROCHA DA SILVA

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