Nome do Projeto
Patrimônio histórico-educativo: uma mirada nos arquivos pessoais e institucionais (Século XX e início do XXI)
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/08/2025 - 01/08/2029
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O projeto será desenvolvido no Centro de Memória e Pesquisa História da Alfabetização, Leitura, Escrita e dos Livros Escolares – Hisales – e pelo grupo de pesquisa de mesmo nome. O Hisales é um arquivo institucional da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (FaE/UFPel), especializado nas temáticas da alfabetização, leitura, escrita e dos livros escolares, constituído de diferentes acervos, que integram a cultura material escolar. É um arquivo de salvaguarda do patrimônio histórico-educativo na região sul do Brasil. O objetivo geral é analisar os cadernos como documentos da escolarização primária do século XX e início do século XXI, problematizando seu uso escolar e não escolar, cotejando-os com os demais acervos do Hisales (manuais escolares, impressos pedagógicos, livros didáticos, ego-documentos, entre outros). Dentre os 6 acervos principais do referido centro, o foco será, preferencialmente, os cadernos de três acervos: cadernos escolares (Acervo 1), cadernos de planejamento de professoras (Acervo 3) e cadernos de usos não escolares (Acervo 6). A pesquisa com cadernos, em especial escolares, não é algo novo, no entanto, devido ao número de exemplares salvaguardados no centro, entende-se que é possível investigar temas ainda não estudados nas práticas de escrita e de leitura. A pergunta base da investigação é: Quais são as práticas de escrita e leitura que aparecem registradas em cadernos escolares e não escolares do acervo do Hisales, considerando a quantidade de mais de 2.550 cadernos escolares (considerando o mais antigo do acervo: 1898 a 2023); 380 cadernos de planejamento de professoras e mais de 100 cadernos de usos não escolares? Metodologicamente, os pressupostos da História do Tempo Presente ancoram a pesquisa documental e a análise interpretativa dos cadernos tomados como documentos que registraram práticas de escrita e leitura na escola e fora dela e a interface com outros materiais, tais como os ego-documentos. Como contribuição, busca-se avançar na produção científica sobre cadernos e sobre práticas de leitura e de escrita.
Palavras-chave: História da Educação; Patrimônio Histórico-Educativo; Arquivos; Arquivos Pessoais; História da Cultura Escrita
Objetivo Geral
O objetivo geral do projeto é analisar os cadernos como documentos da escolarização primária do século XX e início do século XXI, problematizando seu uso escolar e não escolar cotejando-os com os demais acervos do Centro de Memória e Pesquisa Hisales. Serão levados em conta os cadernos de três acervos do referido centro: cadernos escolares (Acervo 1), cadernos de planejamento de professoras (Acervo 3) e os cadernos de usos não escolares (Acervo 6).
Justificativa
O estudo da História da Cultura Escrita e a intersecção com o Patrimônio Histórico-Educativo, tem sido constante em minhas investigações desde o início de minha formação como pesquisadora: primeiramente no curso de especialização em Alfabetização e Letramento (Thies, 2005), posteriormente na dissertação de Mestrado (Thies, 2008) e tese de Doutorado em Educação (Thies, 2013). Os trabalhos e as orientações já realizadas por mim e em desenvolvimento (Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado), vinculam-se ao que Castillo Gomèz (2003) denominou, na História da Cultura Escrita, de uma tríplice conjugação circunscrita a segunda metade dos anos 1990 e que até este período eram vistas como trajetórias separadas: a “historia de las normas, capacidades y usos de la escritura; historia del libro y, por extensión, de los objetos escritos (manuscritos, impresos, electrónicos o en cualquier outro soporte); e historia de las maneras y prácticas de la lectura” (Castillo Gomèz, 2003, p. 97/98). Temos assim, aquilo que podemos denominar de temas correlatos a partir dessa tríplice conjugação: história da alfabetização, estudos do letramento, história da escrita e da leitura e, por consequência do livro e dos impressos. Roger Chartier (2001), afirma ainda que “parece-me que na cultura do escrito há um continuum desde a prática da escrita ordinária até a prática da escrita literária” (Chartier, 2001, p. 84).
Na compreensão do amplo campo da História da Cultura Escrita e pelos trabalhos realizados e em realização, cheguei até as discussões de patrimônio histórico-educativo (Thies, 2020), campo que está também diretamente ligado à coordenação do Centro de Memória e Pesquisa Hisales por que o referido centro salvaguarda arquivos pessoais de crianças e de professoras e professores em diferentes coleções nos acervos já nomeados anteriormente.
Sobre o conceito de patrimônio educativo, Silva (2000) afirma que é utilizado "para descrever bens/artefatos de natureza escolar e/ou educativa, como patrimônio cultural da escola, patrimônio dos bens culturais educativos e/ou escolares etc (p. 184). É um conceito e também pode ser empregado como categoria conforme a autora, ampliando e utilizando o termo para o que se pretende aprofundar. Nas palavras de Silva (2000):
Conceitualmente, porém, compreende-se que o adjetivo “escolar” é mais restritivo, atendo-se a processos, práticas e materialidades relativos aos espaços escolares, enquanto o adjetivo “educativo” indica relações com o patrimônio que ultrapassa tais fronteiras, embora também as inclua. [...]
Patrimônio educativo descreve um conjunto complexo de bens/artefatos materiais e/ou imateriais resultantes e/ou produzidos em contextos educacionais formais e/ou não formais situados temporal e espacialmente (Silva, 2000, p. 184).
Assim, com o tema do patrimônio histórico-educativo e da história da cultura escrita é possível investigar as práticas escolares e não escolares de leitura e escrita, pois a depender do período, do contexto histórico e do espaço temporal, os sujeitos podem não ter frequentado por muito anos a escola, mas de alguma maneira tiveram desejo de apender a ler e escrever. Muitas pessoas guardam simbolicamente seus artefatos materiais de aprendizagem da escrita e de leitura. Essa é, também, uma das contribuições e inovações das pesquisas: visibilizar as práticas de pessoas que se utilizam da leitura e da escrita, mesmo com pouca passagem pela escola e, para saber sobre as práticas escolares torna-se necessário observar o que os sujeitos fazem com a leitura e a escrita fora dela com a pouca permanência neste contexto. Assim, nestes dois grandes campos conceituais pertencentes à História da Educação, os cadernos são o foco das problematizações, compreendendo que é muito dos registros que são encontrados neles, possibilitam uma problematização maior de outros elementos (livros, impressos educativos, práticas, discursos, etc.) presentes no âmbito do patrimônio educativo.
Na compreensão do amplo campo da História da Cultura Escrita e pelos trabalhos realizados e em realização, cheguei até as discussões de patrimônio histórico-educativo (Thies, 2020), campo que está também diretamente ligado à coordenação do Centro de Memória e Pesquisa Hisales por que o referido centro salvaguarda arquivos pessoais de crianças e de professoras e professores em diferentes coleções nos acervos já nomeados anteriormente.
Sobre o conceito de patrimônio educativo, Silva (2000) afirma que é utilizado "para descrever bens/artefatos de natureza escolar e/ou educativa, como patrimônio cultural da escola, patrimônio dos bens culturais educativos e/ou escolares etc (p. 184). É um conceito e também pode ser empregado como categoria conforme a autora, ampliando e utilizando o termo para o que se pretende aprofundar. Nas palavras de Silva (2000):
Conceitualmente, porém, compreende-se que o adjetivo “escolar” é mais restritivo, atendo-se a processos, práticas e materialidades relativos aos espaços escolares, enquanto o adjetivo “educativo” indica relações com o patrimônio que ultrapassa tais fronteiras, embora também as inclua. [...]
Patrimônio educativo descreve um conjunto complexo de bens/artefatos materiais e/ou imateriais resultantes e/ou produzidos em contextos educacionais formais e/ou não formais situados temporal e espacialmente (Silva, 2000, p. 184).
Assim, com o tema do patrimônio histórico-educativo e da história da cultura escrita é possível investigar as práticas escolares e não escolares de leitura e escrita, pois a depender do período, do contexto histórico e do espaço temporal, os sujeitos podem não ter frequentado por muito anos a escola, mas de alguma maneira tiveram desejo de apender a ler e escrever. Muitas pessoas guardam simbolicamente seus artefatos materiais de aprendizagem da escrita e de leitura. Essa é, também, uma das contribuições e inovações das pesquisas: visibilizar as práticas de pessoas que se utilizam da leitura e da escrita, mesmo com pouca passagem pela escola e, para saber sobre as práticas escolares torna-se necessário observar o que os sujeitos fazem com a leitura e a escrita fora dela com a pouca permanência neste contexto. Assim, nestes dois grandes campos conceituais pertencentes à História da Educação, os cadernos são o foco das problematizações, compreendendo que é muito dos registros que são encontrados neles, possibilitam uma problematização maior de outros elementos (livros, impressos educativos, práticas, discursos, etc.) presentes no âmbito do patrimônio educativo.
Metodologia
Metodologicamente, os pressupostos da História do Tempo Presente ancoram a pesquisa documental (Cellard, 2014; Bacellar, 2005) e a análise interpretativa dos cadernos tomados como documentos históricos que registraram práticas de escrita e leitura na escola e fora dela. A História do Tempo Presente permite análises em que pode haver “uma proximidade no tempo e uma curiosidade em relação ao seu próprio tempo” (Rousso, 2016, p. 19). O trabalho com a temporalidade do Século XX e início do Século XXI é uma possibilidade de verificar as diferentes temporalidades na historiografia, as permanências e as rupturas na pesquisa com os cadernos escolares. Esse pressuposto possibilita a interrogação das práticas cotidianas e os restos arqueológicos da escola e também fora dela em seu sentido mais amplo, daquilo que sobrou da escola do passado ou mesmo da falta que a escola fez para muitos dos sujeitos que utilizaram-se dos artefatos escolares, como é o suporte caderno, para diferentes finalidades. A temporalidade escolhida está centrada no primeiro caderno escolar do ano de 1923 e os últimos que chegaram ao acervo no ano de 2023. Entre essa temporalidade, há muitos cadernos não escolares que perfilam as análises para pensar sobre seus usos fora da instituição escolar que é a responsável principal pelo ensino das práticas de escrita e de leitura. Segundo Escolano Benito (2017), os restos arqueológicos da escola são “o mais firme e objetivo suporte sobre o qual se pode fazer perguntas, de natureza etnográfica e de intenção interpretativa, aos indícios visíveis do passado que residem nas fontes materiais” (Escolano Benito, 2017, p. 27). Os materiais de outros acervos do Centro de Memória e Pesquisa Hisales, tais como, os manuais escolares, os impressos pedagógicos, os livros didáticos entre outras possibilidades que os acervos permitem, também serão utilizados no cotejamento dos cadernos considerando a quantidade de mais de 2.550 cadernos escolares (de 1923 a 2023); 380 cadernos de planejamento de professoras e mais de 100 cadernos de usos não escolares. A digitalização dos materiais para disponibilização em repositório digital também será um trabalho que envolverá a equipe na análise documental, pois é a partir do folhear os cadernos que se conhece aquilo que se pesquisa. Da mesma maneira que Michel de Certeau (2017) afirmou sobre o processo historiográfico de reunir, separar e transformar os materiais em documentos, o trabalho da digitalização dos materiais foco da pesquisa, será o transformar em documentos e, para além disso, disponibilizar e dar o conhecimento à outras pesquisadores interessados no tema.
Indicadores, Metas e Resultados
- Digitalizar os cadernos dos 3 acervos referidos para disponibilizar em site específico, a ser criado, para divulgação aos demais pesquisadores interessados no tema;
- Produzir um catálogo com cada um dos 3 acervos de cadernos (escolares, de planejamento e não escolares) para a divulgação da pesquisa;
- Divulgar as produções da pesquisa em eventos nacionais e internacionais;
- Realizar intercâmbios com demais grupos nacionais e internacionais interessados no tema do patrimônio histórico-educativo.
- Produzir um catálogo com cada um dos 3 acervos de cadernos (escolares, de planejamento e não escolares) para a divulgação da pesquisa;
- Divulgar as produções da pesquisa em eventos nacionais e internacionais;
- Realizar intercâmbios com demais grupos nacionais e internacionais interessados no tema do patrimônio histórico-educativo.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ADRIENE COELHO FERREIRA JEROZOLIMSKI | |||
AGNES HOBUS JESKE | |||
ALDARLENY SÁ DE BARROS | |||
CHRIS DE AZEVEDO RAMIL | 1 | ||
GABRIEL BARCELLOS NUNES | |||
JOSEANE CRUZ MONKS | |||
Janice Soares | |||
MONIQUE BEATRIZ KLUMB | |||
NIKOLE SCHELLIN WILLE | |||
VANIA GRIM THIES | 2 |