Nome do Projeto
Resistências indígenas, quilombolas e camponesas diante do Antropoceno/Plantationoceno
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
03/07/2025 - 23/11/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
As mudanças climáticas em curso envolvem transformações no funcionamento do Sistema Terra e aprofundam problemas sociais e ambientais em escala e velocidade sem precedentes. Tais transformações se dão em decorrência de ações antrópicas, baseadas no extrativismo, na mineração e nas monoculturas, que fazem com que a nossa época seja nomeada de Antropoceno/Plantantionoceno. Para a compreensão desses aspectos é imprescindível considerar as consequências do Colonialismo, que expropriou territórios e tornou a terra propriedade privada e mercadoria. Além disso, provocou o genocídio de povos indígenas, a escravização de africanos, a perseguição de práticas camponesas, como estratégias coloniais utilizadas para o avanço das Plantations ? Um projeto que não se limita a um modelo de agricultura, masabarca um padrão de poder monocultural. A dicotomia entre natureza e cultura, disseminada pela colonial-modernidade, opera a partir do excepcionalismo humano, do antropocentrismo e do eurocentrismo, como modos de relação com os demais seres, reduzidos a recursos a serem explorados. Essa forma de habitar colonial deixa como rastro a destruição da sociobiodiversidade; a ampliação de desigualdades raciais, de gênero e sociais; e o esgotamento das condições de vida do planeta. Em contraposição, ocorrem resistências indígenas, quilombolas e camponesas, por meio de composições cosmopolíticas que criam outros modos de fazer agriculturas, se relacionar com a terra e com os diferentes seres que nela coabitam. Assim, este projeto visa investigar as memórias, os modos de vida, os conhecimentos e as práticas desses coletivos, na (re)construção de ressurgências diante do Antropoceno/Plantationoceno. Através de etnografia multiespécies, a pesquisa busca analisar como estes povos interpelam o avanço das mudanças climáticas, a partir de outras possibilidades de habitar a terra.

Objetivo Geral

Este projeto nasce da urgência de aprofundar análises sobre as mudanças climáticas, que têm se operado nos últimos séculos em uma escala cada vez mais acelerada. Frente a essa questão, visamos investigar como os coletivos indígenas, quilombolas e camponeses, de diferentes regiões, têm experienciado essas situações, buscando identificar as suas práticas, conhecimentos, relações multiespécies e modos distintos de agriculturas. Assim, a pergunta que nos colocamos é: quais as formas de resistências que esses coletivos criam na defesa de seus territórios e modos de vida, ante o colapso ecológico?

Justificativa

As mudanças climáticas envolvem urgências sobre a habitabilidade do planeta. Consideramos que as Ciências Sociais, especialmente a Antropologia e a Sociologia, podem dar contribuições significativas para essa discussão e o encaminhamento de ações práticas. A pesquisa de campo com comunidades indígenas,
quilombolas e camponesas e contribuirá para a ampliação da análise teórico-metodológica. Permitirá ainda, o
fortalecimento da formação de pesquisadores e redes interinstitucionais. Os resultados poderão subsidiar políticas públicas sobre essa questão.

Metodologia

Com o objetivo de investigar como as mudanças climáticas são experienciadas por comunidades indígenas, quilombolas e camponesas em seus territórios, serão realizadas pesquisas junto a esses coletivos. O principal método a ser adotado é a etnografia multiespécies que, conforme Eben Kirksey e Stefan Helmreich (2020), permite romper com o excepcionalismo humano. Para Anna Tsing (2019), a natureza humana é uma relação multiespécies, na qual ocorre uma conjunção com variadas redes de dependência, criando conectividades que nos vinculam a essas comunidades. Nesse sentido, a abordagem que permeia esta pesquisa, diz respeito aos processos agentivos desses seres que coabitam o
planeta, associados às memórias e conhecimentos locais. Busca-se descrever as trajetórias biográficas e políticas desses emaranhados, considerando alianças não hierárquicas, em que humanos e/ou outros seres geram ecologias mútuas. Além disso, a pesquisa visa registrar memórias bioculturais de pessoas mais velhas das comunidades, seus saberes e práticas, por meio de recursos audiovisuais. Também utilizaremos o desenho etnográfico ? visto que uma das pesquisadoras do grupo tem formação em artes visuais e design gráfico ? para agregar visualmente a composição do campo da pesquisa, através do registro de vivências nos espaços de habitação, cultivo, ritos, alimentação, entre
outras práticas. O projeto está estruturado a partir das seguintes etapas: A primeira visa construir uma reflexão mais ampla sobre análises teórico-metodológicas relacionadas ao Antropoceno/Plantationoceno, associada às resistências e às distintas formas de agriculturas que os coletivos indígenas, quilombolas e camponeses realizam, com ênfase nas formas de ressurgências multiespécies. Será elaborado um documento coletivo contendo marcos conceituais que subsidiarão as análises das pesquisas de campo desenvolvidas pelos membros do projeto. A segunda etapa se destina à pesquisa de campo junto as comunidades com vivências em suas florestas, roças, quintais, entre
outras, por meio de observação participante, entrevistas, envolvimento em atividades coletivas, análise de documentos; que devem compor as etnografias multiespécies. A terceira etapa tem como foco organizar um acervo audiovisual com as narrativas de saberes e práticas de agriculturas das pessoas mais velhas das comunidades; além da composição de desenhos. Esses materiais vídeos, fotografias, desenhos e exposições poderão ser utilizados nas escolas dos locais onde as pesquisas foram realizadas, e também no ensino nas universidades. Na quarta etapa, será intensificada a correlação entre pesquisa e extensão, com a efetuação de ações práticas decorrentes das demandas apresentadas pelas comunidades integrantes das pesquisas, visando formas de retorno da investigação. A quinta etapa visa elaborar sínteses das pesquisas desenvolvidas, com divulgação científica em congressos e periódicos, além de cursos a serem ofertados para a comunidade em geral, ampliando a discussão da urgência do tema das mudanças climáticas. Cabe salientar que, na equipe de pesquisa, estão em andamento a elaboração de cinco teses sobre o tema, além de outras investigações de pós-doutorado. Na sexta etapa, será elaborado o relatório e prestação de contas.
Cabe ainda destacar que, ao longo do desenvolvimento do projeto, a equipe oferecerá uma disciplina sobre o tema das mudanças climáticas, Antropoceno/Plantationoceno, de forma híbrida na UTFPR. Será um espaço de estudo teórico-metodológico e também de compartilhamento dos resultados parciais das pesquisas desenvolvidas, a fim de que os estudantes de graduação e pós-graduação possam contribuir, de forma crítica, com as análises elaboradas.

Indicadores, Metas e Resultados

Estudo coletivo para aprofundamento de perspectivas analíticas (teórico-metodológicas) sobre o Antropoceno e Plantationoceno.
Realização de seminários abertos, para apresentação das pesquisas realizadas pelos membros do projeto, junto a coletivos indígenas, quilombolas e camponeses.
Realização contínua de pesquisa de campo junto aos Oferecimento da disciplina com o tema do Antropoceno/Plantationoceno, no âmbito da graduação e da pós-graduação, a fim de conectar a pesquisa ao ensino, em que os membros da equipe do projeto participarão das aulas como ministrantes, apresentando os resultados de suas investigações.coletivos indígenas, quilombolas e camponeses.
Realização de ações de extensão - nas comunidades que participam do projeto - de acordo com indicações/temas/demandas feitas por elas.
Elaboração de materiais de divulgação científica, contendo resultados (parciais e finais) das pesquisas.
Os resultados poderão ser aplicados para solução de um problema prático, portanto, espera-se que o projeto intensifique a correlação entre pesquisa e extensão, com a efetuação de ações práticas decorrentes das demandas apresentadas pelas comunidades integrantes das pesquisas, visando formas de retorno da investigação e que contribuam para políticas públicas, organização coletiva frente às emergências climáticas e maior sensibilização da sociedade envolvente para com as demandas das comunidades envolvidas.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
JOAO DANIEL DORNELES RAMOS4

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