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Sendo o postal fotográfico uma fotografia real, uma captura direta da luz em um momento específico, impressa quimicamente, a ele é inerente a função testemunhal, o registro de uma presença que esteve como uma testemunha ocular do passado. Por ser fotografia fotoquímica esse gênero de postal indica o que realmente foi visto pela lente da câmera quando ocorreu o registro. Essa é uma conexão tangível e inquestionável com a realidade histórica operada por uma máquina que só era capaz de gerar imagens como vestígios, ou melhor dizendo, marcas de presenças ubíquas (o fotógrafo e o fotografado) em tempos superados. Portanto, como qualquer outra imagem gerada pelo processo fotográfico fotoquímico, são particularmente detentoras de uma "aura" de originalidade e materialidade que as imagens produzidas pelos meios digitais não detém. O papel fotográfico acabou se tornando uma espécie de objeto arqueológico que remete a uma época em que a história real poderia ser capturada pela câmera e se transformava em um artefato físico que sobrevive ao tempo. Uma espécie de presente temporal ao tempo presente. Tal materialidade confere às imagens destes postais, credibilidade e assim sendo, diante deles somos capazes de crer que a cidade era o que vemos. Por tal motivo que o esforço em sistematizar o conjunto doado se justifica. O processo de sistematização e a publicação do catálogo que dele virá, resultará no compartilhamento da intensidade dos postais fotográficos, valorizando-os pela sua materialidade e pela sua capacidade de nos conectar com a cidade do passado. Ao evidencia-los como um testemunho físico e envolvente do que foram ou como eram os locais retratados, oportuniza-se ao leitor a experiência evocativa das "cidades invisíveis", não porque se ocultam, mas porque se transformam.

A sistematização de uma coleção de fotografias fotoquímicas, neste trabalho, pressupõe a adoção dos procedimentos indicados por Lúis Pavão no seu livro "Conservação de Fotografias"(1998). Sistematizar é um processo fundado em uma sequência lógica: organizar, preservar e tornar uma coleção acessível e pesquisável. Seja para um acervo pessoal, um arquivo institucional ou um museu, a sistematização busca garantir a longevidade da coleção, em primeiro lugar e, em segundo, a sua disponibilidade ao acesso esclarecedor do seu conteúdo.
Portanto, o primeiro método a ser empregado é o da sistematização de coleções fotográficas em papel.
O segundo, pelo qual se pretende explorar a visualidade da cidade do passado, é o da análise de conteúdo, que se fará de doi modos: 1) identificando a imagem; 2) identificando sua procedência. A relação entre conteúdo e procedência dá conteúdo ao extra-quadro, apresentando um caminho de interpretações que consumarão a intensidade dos postais fotográficos da cidade de Pelotas.

- quantificar e identificar a coleção (15 a 25 identificações)
- sistematizar o conjunto seguindo os parâmetros da conservação de fotografias antigas
- analisar os conteúdos comparativamente com o presente dos locais retratados
- evidenciar e destacar os elementos visuais que indicam transformações
- selecionar imagens e destaques para o catálogo
- produzir o catálogo e disponibilizar no site da fototeca e no repositório da UFPel.