Nome do Projeto
Requalificação, ampliação das infraestruturas e fortalecimento das ações de bem-estar para o atendimento na reabilitação de fauna silvestre no Sul do Rio Grande do Sul.
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
03/11/2025 - 31/12/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Multidisciplinar
Eixo Temático (Principal - Afim)
Meio ambiente / Saúde
Linha de Extensão
Saúde Animal
Resumo
O presente projeto tem como objetivo propor melhorias nas práticas de recepção, atendimento, manutenção, reabilitação, bem-estar animal e destinação de animais silvestres, contribuindo para a conservação da biodiversidade e para o fortalecimento das ações institucionais voltadas à fauna brasileira. A iniciativa busca atender à crescente demanda de recebimento de animais provenientes de apreensões, resgates, entregas voluntárias ou vítimas de acidentes e doenças na região Sul do Rio Grande do Sul, requalificando e ampliando as condições de bem-estar durante o processo de triagem e tratamento. Essa proposta tem por objetivo formar recursos humanos para atuar na recepção, manejo e destinação da fauna silvestre; consolidar o espaço permanente para ensino, pesquisa, extensão e inovação aplicada à saúde e ao bem-estar animal; a captação de recursos destinados à ampliação e readequação da infraestrutura física do NURFS-CETAS/UFPEL, equipamentos, custeio e veículos; e a promoção de melhorias estruturais que assegurem padrões adequados de manejo e bem-estar. A metodologia prevê a realização de um levantamento das necessidades de infraestruturas, equipamentos e demais recursos para garantir a aplicação efetiva do modelo dos Cinco Domínios do Bem-estar Animal nutrição, ambiente, saúde, comportamento e estado mental. O acompanhamento técnico e a prestação de serviços abrangerá desde a adequação de recintos, quarentenas e áreas de atendimento até a implementação de protocolos de nutrição, saúde e enriquecimento ambiental específicos para os grupos atendidos. Posteriormente, serão buscados recursos junto à Órgãos de Fomento, Parcerias Público Privadas, Parcerias Público-Públicas, como por exemplo, o Ministério Público, editais de fomento e outras parcerias institucionais visando a conversão de multas ambientais e outras fontes de arrecadação de receita eventual/extraordinária à sustentabilidade financeira das ações propostas. Com essa iniciativa, pretende-se ampliar a eficiência dos processos de reabilitação e soltura de animais silvestres, melhorar indicadores de bem-estar, fortalecer a cooperação interinstitucional e contribuir de forma efetiva para a conservação da biodiversidade brasileira.

Objetivo Geral

Propor melhorias nas práticas de recepção, atendimento, manutenção, reabilitação, bem-estar animal e destinação de animais silvestres, contribuindo para a conservação da biodiversidade e o fortalecimento das ações institucionais voltadas à fauna brasileira.
Objetivos específicos

1) Formar recursos humanos para atuar em demandas relacionadas a recepção, triagem, manejo e destinação de fauna silvestre brasileira assistida pelo NURFS-CETAS/UFPEL;

2) Oportunizar espaço permanente direcionado ao ensino na formação de recursos humanos da graduação e pós-graduação para atuação no manejo e cuidados a saúde e bem-estar de animais pertencentes à fauna silvestre brasileira;

3) Buscar recursos para ampliação e readequação dos espaços físicos, veículos e equipamentos para atendimentos dos animais silvestres;

4) Promover melhorias nas infraestruturas físicas do NURFS para atender demanda de cuidados com a fauna silvestre;

5) Qualificar infraestruturas, equipamentos, veículos, custeios para prestação de serviços à clientela do NURFS/CETAS-UFPEL com foco no bem-estar animal;

Justificativa

O Brasil abriga aproximadamente 13% da biodiversidade global, sendo considerado um dos países megadiversos do planeta (ICMBio, 2018). Essa riqueza está associada à sua extensa área territorial, que compreende diferentes biomas, como Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa, cada um com características ecológicas singulares. A heterogeneidade de paisagens e a variedade de condições ambientais proporcionam múltiplos nichos ecológicos, possibilitando a ocorrência de uma ampla gama de organismos e interações biológicas. Essa riqueza biológica também desperta interesse para atividades ilícitas, destacando-se o tráfico internacional de animais silvestres, considerado uma das práticas ilegais que mais movimentam recursos financeiros no mundo (ALVARENGA, 2016).
Nas últimas décadas, a preocupação pública e científica com a perda da biodiversidade intensificou-se. Diversos fatores contribuem para esse cenário, incluindo a fragmentação e a degradação de habitats, a superexploração de espécies para fins comerciais ou de subsistência, a introdução de espécies exóticas invasoras, a poluição ambiental, mudanças climáticas e a emergência de doenças que afetam populações silvestres (PRIMACK & RODRIGUES, 2005; GANEM et al., 2010).
Nesse contexto, os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e os Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) assumem papel estratégico no recebimento, avaliação, manejo e destinação de indivíduos impactados por ações antrópicas. Esses centros recebem animais oriundos de apreensões relacionadas ao tráfico, resgates em situações de risco, vítimas de traumatismos (como atropelamentos, colisões em torres de energia ou vidraças), casos de caça, além de indivíduos doentes, órfãos ou entregues voluntariamente pela população. Após triagem e recuperação, os animais podem ser destinados à soltura em áreas apropriadas, à guarda permanente em instituições autorizadas ou a programas de educação ambiental (IBAMA, 2025; NURFS, 2025).
No entanto, a manutenção de animais silvestres em cativeiro com fins de reabilitação constitui um grande desafio. A equipe técnica, as infraestruturas, custeio, equipamentos e veículos do NURFS destinados a essa atividade enfrentam dificuldades diárias para assegurar condições adequadas de bem-estar animal, aspecto diretamente relacionado ao sucesso da recuperação e reintrodução de indivíduos, especialmente quando se trata de espécies silvestres de comportamento marcadamente selvagem.
O conceito de bem-estar animal tem se consolidado como um campo científico multidisciplinar, que abrange aspectos fisiológicos, comportamentais e emocionais. Sendo criado o conceito dos Cinco Domínios do Bem-estar Animal, que refina e amplia a avaliação das condições de vida dos animais. O modelo organiza-se em quatro domínios funcionais: nutrição, ambiente, saúde e comportamento, que influenciam diretamente o quinto domínio, que correspondente ao estado mental. A nutrição considera a disponibilidade e qualidade de alimentos e água; o ambiente compreende abrigo, espaço, temperatura e conforto físico; a saúde envolve prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, bem como o manejo da dor; o comportamento refere-se às oportunidades de expressão das atividades naturais e das interações sociais; e o estado mental integra os efeitos dos domínios anteriores, traduzindo-se na experiência subjetiva do animal, que pode incluir tanto sensações negativas, como dor e medo, quanto positivas, como prazer, segurança e satisfação. Dessa forma, os Cinco Domínios representam um avanço conceitual em relação às Cinco Liberdades, pois não apenas minimizam estados negativos, mas também promovem condições para que os animais tenham experiências positivas e uma vida considerada digna de ser vivida.
O Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre (NURFS), acumula 27 anos de experiência na área, tendo atendido mais de 42 mil animais nesse período e contribuído significativamente para a formação de inúmeros profissionais, incluindo médicos veterinários, biólogos, zootecnistas e estudantes de graduação e pós-graduação. O NURFS desempenha funções essenciais, como recepção, triagem, manutenção, manejo clínico e destinação de animais provenientes de diferentes contextos antrópicos.
Além disso, o NURFS-CETAS presta suporte técnico e científico a uma rede de órgãos fiscalizadores e de segurança pública, entre os quais se destacam: Prefeituras, Polícia Civil, Policiamento Ambiental, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Ministério Público Estadual e Federal. Essa atuação integrada fortalece a gestão da fauna silvestre e contribui para o cumprimento da legislação ambiental vigente.
Entretanto, a crescente demanda por atendimento de animais, observada ao longo dos últimos anos, evidencia a necessidade urgente de requalificação e ampliação da infraestrutura, equipamentos, veículos e custeio do NURFS. A adequação física dos espaços, aliada à expansão das condições de trabalho das equipes técnicas, é fundamental para assegurar a eficiência nos processos de recepção, triagem, manutenção, tratamento, reabilitação e destinação, além de garantir padrões de bem-estar compatíveis com as exigências das distintas espécies da fauna silvestre.

Metodologia

No caso dos animais silvestres atendidos pelo Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre, será realizado um levantamento das necessidades para garantir e melhorara a aplicação efetiva dos Cinco Domínios do Bem-estar Animal. A proposição será conduzida pela equipe técnica, em conjunto com outros órgãos competentes da instituição, considerando a avaliação das condições atuais e das melhorias necessárias. No domínio da nutrição, será analisada a disponibilidade de água e alimentos compatíveis com as exigências nutricionais e comportamentais de cada espécie, incluindo áreas específicas para preparo e armazenamento de dietas. Quanto ao ambiente, serão avaliados abrigos, recintos e instalações quanto ao espaço disponível, enriquecimento ambiental, conforto térmico, ventilação, climatização, iluminação natural e proteção contra intempéries. No domínio da saúde, a vistoria abrangerá a infraestrutura destinada à profilaxia, ao isolamento de animais doentes, ao manejo seguro, além de espaços adequados para contenção, triagem clínica, equipamentos necessários para a realização de exames complementares e procedimentos terapêuticos. Relacionado ao comportamento, será observada a possibilidade de expressão de comportamentos naturais, a adequação do enriquecimento ambiental, a existência de áreas que favoreçam comportamentos específicos de cada grupo zoológico (como voo, nado, escavação ou arborização), e a viabilidade de interação social interespécie. Por fim, o estado mental será inferido a partir da integração desses fatores, com atenção especial para indicadores de estresse, medo ou frustração, bem como para as condições que promovam experiências positivas, como segurança, exploração e descanso.
Após realizado o levantamento das necessidades será realizada a etapa de captação de recursos, buscando parceria junto à Órgãos Financiadores, Prefeituras, Iniciativa Privada, Ministério Público, entre outros, visando doações, pagamentos pela prestação de serviços, atividades de extensão, iniciativas de inovação, conversão de multas de crime ambiental em favor do NURFS, bem como participação de editais de recursos disponíveis pelo Fundo de Recuperação de Bens Lesados (FRBL) e outros editais que atendam as demandas do local. Além de apresentação de propostas de parceiras com órgãos como a Associação de Municípios da Zona Sul (AZONASUL) e Concessionária responsável por atendimento de usuários de rodovias da região.

Indicadores, Metas e Resultados

Número de animais silvestres atendidos: registro anual de indivíduos recebidos, triados, tratados, reabilitados e destinados.
Taxa de reabilitação e soltura: percentual de animais que, após tratamento, são considerados aptos para reintrodução no ambiente natural.
Infraestrutura física avaliada e readequada: número de recintos, salas de atendimento, quarentenas e áreas de manejo inspecionadas, reformadas ou ampliadas de acordo com os Cinco Domínios do Bem-estar-animal.
Qualidade nutricional: adequação da dieta às espécies atendidas, avaliada por registros de protocolos de alimentação e disponibilidade de insumos.
Protocolos de saúde animal implementados: número de medidas preventivas, diagnósticas e terapêuticas aplicadas, incluindo exames clínicos e laboratoriais.
Capacitação de recursos humanos: número de treinamentos, cursos, estágios e atividades práticas oferecidas a alunos de graduação, pós-graduação e profissionais da área.
Captação de recursos financeiros: montante obtido junto a órgãos de fomento, Ministério Público, editais e parcerias institucionais, dentre outrso.
Integração institucional: número de ações conjuntas realizadas com órgãos ambientais, policiais e de gestão municipal/regional.
Indicadores de bem-estar animal: monitoramento comportamental e fisiológico dos animais (níveis de estresse, ocorrência de automutilação, taxas de sobrevivência em cativeiro), inferidos a partir da vistoria técnica.
Planejamento permanente: associação a setores da UFPEL ou de outras Instituições para elaboração de projetos que permitam atender as necessidades levantadas para adequação de espaços e infraestruturas para o bem-estar animal

Metas
Reestruturar 100% das áreas de manejo prioritárias (recintos de triagem, quarentena e reabilitação).
Elevar em 15% a taxa de sucesso na reabilitação e soltura de animais em comparação à média dos últimos cinco anos.
Capacitar anualmente pelo menos 30 estudantes de graduação e pós-graduação em práticas de manejo, clínica e bem-estar animal aplicados à fauna silvestre.
Ampliar a captação de recursos externos por meio de editais, termos de cooperação e conversão de multas ambientais, dentre outros.
Reduzir em 15% os indicadores de estresse e mortalidade durante o período de permanência dos animais no NURFS.
Promover pelo menos 1 (uma) ação integrada por ano com órgãos parceiros (IBAMA, ICMBio, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal, entre outros).
Implantar protocolos padronizados de nutrição, saúde e enriquecimento ambiental para os principais grupos zoológicos atendidos (aves, mamíferos, répteis e anfíbios).

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA PAULA NUNES1
BIANCA CHEREM CORNI
DANIELE GEHRES
GABRIELLA NEVES PICALUGA
GREICI MAIA BEHLING5
IASMIN CRISTINE NETTO DE ARAUJO
ISABELLE FRANCK KOSCHIER
JULIANA QUINTANA XAVIER
LORENA EDUARDA FEITOSA FERRAREZI DA SILVA
LUIZ FERNANDO MINELLO5
MARCO ANTONIO AFONSO COIMBRA6
PAMELA CRISTINE KRONING
PAULO MOTA BANDARRA6
RAQUELI TERESINHA FRANCA8
ROBERTO GUMIEIRO JUNIOR
SOPHIA CATARINA THIELE VILLELA
TALITA MUNHOZ DA SILVA
TAWIGUE BARCELOS BARBOSA

Página gerada em 28/12/2025 16:20:51 (consulta levou 0.207020s)