Nome do Projeto
DECLÍNIO DE MEMÓRIA E RACIOCÍNIO E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS NÃO INSTITUCIONALIZADOS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
02/05/2025 - 29/12/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O presente estudo tem como objetivo analisar a qualidade de vida de idosos não institucionalizados de acordo com fatores sociodemográficos, comportamentais, de autopercepção e condições de saúde, estratificados por presença ou não de declínio de memória e ou raciocínio. Será utilizado uma abordagem epidemiológica sob a fisiologia do envelhecimento, e através da coleta de dados em instrumentos padronizados, para a observação de fatores de exposição como sexo, cor da pele, renda per capita, escolaridade, faixa etária, moradia, estado conjugal, consumo de álcool, tabagismo, presença de sintomas depressivos, tempo semanal de atividade física, incapacidade de atividade diária, multimorbidades, polifarmácia e memória e raciocínio. A avaliação do estado de declínio de memória e raciocínio será realizada através do Mini Mental (MEEM), enquanto a qualidade de vida será medida pelo questionário WHOQOL-BREF. A análise incluirá a aplicação de testes estatísticos para identificar diferenças significativas na qualidade de vida entre os grupos e para determinar os fatores de risco e ou proteção que podem influenciar no declínio de memória e ou raciocínio. Espera-se que os resultados deste projeto contribuam para o desenvolvimento de estratégias voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos idosos, levando em consideração diferentes condutas voltadas para aqueles que apresentam declínio de memória e raciocínio. Palavras-chaves: Idosos, qualidade de vida, declínio de memória e raciocínio

Objetivo Geral

OBJETIVO GERAL:
Avaliar a qualidade de vida (QV) em idosos com ou sem declínio de memória, participantes do estudo “COMO VAI?” (Estudo longitudinal de saúde do idoso), bem como os fatores associados à qualidade de vida.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1-Estratificar a amostra em dois grupos, com e sem declínio de memória e raciocínio e avaliar a qualidade de vida nestes dois grupos;
2-Avaliar fatores associados à qualidade de vida nos dois grupos (com e sem declínio de memória e raciocínio.

Justificativa

Estudos que abordem como práticas de envelhecimento ativo impactam a QV de idosos em diferentes contextos sociais e econômicos ainda são limitados (WHO, 2021). A relação entre diferentes estilos de vida (alimentação, atividade física) e a QV de idosos ainda carece de pesquisas abrangentes que considerem variáveis culturais e socioeconômicas. A própria ampliação da expectativa de vida passa a ser um fenômeno de interesse em decorrência do impacto na QV relacionado a essa fase. (Tavares, 2016)
Atualmente, nas temáticas sobre envelhecimento, qualidade de vida e idosos fazem parte da agenda de prioridades em pesquisa nacional em saúde (MS/BVSM, 2019). Assim sendo, investigar quais fatores estão associados com a qualidade de vida de idosos se torna primordial, preenchendo lacunas ainda negligenciadas. Torna-se relevante que os profissionais de saúde implementem estratégias de ação voltadas aos aspectos psicológicos, ambiental e social, que estimulem o idoso a viver bem, com o intuito de favorecer a QV (Silva, 2014). Este projeto traz uma temática atual, comparativa entre desfecho e fatores de exposição, que podem trazer novos dados que preencham as lacunas sobre esta temática. Um assunto de interesse à comunidade acadêmica e passível de publicação em revistas, anais de congresso, periódicos da comunidade médica e demais profissionais de saúde.

Metodologia

- Delineamento
O delineamento do estudo será do tipo transversal de base populacional, aninhado a uma coorte, com dados provenientes do Estudo Longitudinal de Saúde do Idoso (COMOVAI?), cujo acompanhamento começou em agosto de 2024.
- Amostra
A população-alvo do estudo é constituída por indivíduos de 60 anos de idade ou mais, de ambos os sexos, não institucionalizados, residentes na zona urbana do município de Pelotas (RS). Critérios de inclusão: Serão incluídos no estudo de 2024, como nos demais acompanhamentos da coorte, os idosos da população-alvo que participaram do estudo de linha de base em 2014, ou seja, idosos não institucionalizados, acima de 60 anos, de ambos os sexos, residentes na zona urbana de Pelotas. Critério de exclusão: Serão excluídos, como nos demais acompanhamentos da coorte, os idosos que, no momento da entrevista, se encontrarem em viagem, privados de liberdade por decisão judicial, residindo em instituições de longa permanência e com incapacidade mental para responder ao questionário e/ou indisponibilidade de cuidador responsável para fornecer as respostas. As entrevistas não realizadas após três tentativas em dias e horários diferentes serão consideradas perdas. Para os não localizados, os vizinhos serão consultados sobre o endereço atual ou óbito do idoso, que será confirmado junto ao Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) via Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS).
- Tamanho da amostra
O “consórcio de pesquisa” é um formato especial de coleta de dados utilizado pelo programa de Pós-graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, visando a formação de Mestres. Tal metodologia utiliza amostragem populacional para o desenvolvimento de múltiplos estudos ao mesmo tempo, maiores detalhes estão descritos em publicação anterior. (Barros, Menezes et. al. 2008). O tamanho da amostra foi estimado para o Consórcio de Pesquisa, realizado pelo programa de Pós-graduação citado acima, o qual consiste em um regime de trabalho em que todos os mestrandos e doutorandos trabalham conjuntamente na elaboração da pesquisa e do instrumento de coleta de dados, de maneira que seja único e que contemple as questões individuais de cada discente. Sendo assim, em 2014 estimou-se o tamanho da amostra para a pesquisa, considerando um acréscimo de 15% para possíveis fatores de confusão e de 10% para perdas e recusas, além de considerar o efeito de delineamento amostral para que os objetivos dos discentes fossem atingidos, sendo definido o maior tamanho de amostra necessário de 1.649 idosos. (Souza, 2021). O cálculo do tamanho amostral para este projeto, foi baseado em um estudo transversal, ao qual é a fase de 2024. Foi realizado o cálculo no programa openepi.com, com intervalo de confiança IC (95%), com proporção estimada de p igual a (0,5)50% e com margem de erro de (0,05)5%. O presente cálculo foi feito para uma estimativa de 700 entrevistas, com base neste total e inserindo os valores acima citados, chegamos a um n amostral com valor igual a 315, contando com o acréscimo de 15% para possíveis fatores de confusão e 10% para perdas e recusas.
- Amostragem: O processo amostral foi realizado em dois estágios. No primeiro estágio foram selecionados os conglomerados através dos dados do Censo de 2010. (IBGE, censo demográfico, 2010) Dos 488 setores censitários, 469 foram elegíveis, pois alguns setores tinham número muito pequeno de indivíduos com 60 anos ou mais em comparação aos demais, razão pela qual alguns deles foram agrupados. Os setores elegíveis (469) foram ordenados de acordo com a renda média de cada setor, para a realização do sorteio, garantindo a inclusão de diversos bairros da cidade e com situações econômicas distintas.
Cada setor continha informação do número total de domicílios (IBGE, 2010)
-Fluxograma:


- Etapas do estudo
Este projeto está inserido em um estudo que iniciou em 2014, que objetivou monitorar os hábitos, condições de vida e saúde dos idosos para identificar fatores relacionados ao seu processo de saúde-incapacidade-mortalidade. A coleta de dados iniciou entre os meses de janeiro a agosto daquele ano, período no qual 1451 idosos foram identificados, selecionados, localizados e entrevistados em suas residências. No primeiro momento tratava-se de um estudo transversal, e no ano de 2016 optou-se por dar continuidade ao estudo, sendo denominadas as etapas seguintes do estudo - “COMOVAI?” Estudo Longitudinal da Saúde do Idoso, sendo assim iniciada a segunda etapa do acompanhamento, o qual ocorreu entre novembro de 2016 e abril de 2017, onde foram realizadas entrevistas telefônicas e domiciliares. Nesta etapa foram entrevistados 1161 idosos. (Figura 1). No período de 2016/17, as entrevistas foram feitas por ligações telefônicas, em diferentes dias e turnos, as que não foram realizadas por contato telefônico, foram recrutados nos endereços disponibilizados do estudo. Foram considerados como perda, após três tentativas de visitações sem retorno do participante. Esse planejamento é importante para confirmação de informações básicas como, por exemplo; nomes e datas de nascimento, permitindo identificar os óbitos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). A terceira fase do estudo aconteceu de setembro de 2019 a março de 2020, domiciliar, na qual foram realizadas as entrevistas, tomada de medidas antropométricas e exames físicos, assim como em 2014. A quarta fase do estudo ocorreu entre outubro de 2021 e abril de 2022, por inquérito telefônico, com o objetivo de investigar questões relacionadas à saúde, doença, incapacidade, mortalidade e Covid-19. (Fig.1). A quinta fase, a qual inicia a pesquisa deste projeto, iniciou em março de 2024 com uma nova equipe de entrevistadoras previamente selecionadas e treinadas, além de uma equipe de treinadores, composta por doutorandos e um mestrando. Uma equipe consolidada e experiente para novas entrevistas, inserções de estudo, adequação de endereços e telefones, para melhoria na logística do campo de estudo. Tudo para que a visitações dos entrevistadores em domicílio, tenham menor número de recusas e perdas de entrevistas, por parte dos idosos.
- Coleta de dados:
Na quinta fase, a partir de março de 2024, iniciaram as novas reuniões de equipe para realinhamento de processos, treinamentos e mudanças pontuais importantes para este estudo. O treinamento teórico das entrevistadoras ocorreu de 23 a 26 de julho de 2024, com material específico construído pelos próprios doutorandos envolvidos na pesquisa, evidenciando cada instrumento, manuais relacionados e com parecer da coordenação. O treinamento prático ocorreu do dia 01 a 03 de agosto de 2024, com aulas sobre dinamômetro, acelerômetro e o uso do software Research Eletronic Data Capture (RedCap), para inserção dos dados de campo. O trabalho de campo para coleta de dados está previsto para iniciar no dia 22 de agosto. Com entrevistas domiciliares, aferição de medidas antropométricas, testes físicos, avaliação objetiva da atividade física e coleta de saliva. Neste mesmo ano haverá a inserção de novas investigações, como: estado cognitivo, qualidade do sono, insegurança alimentar, coleta de material genético, qualidade de vida, o impacto da pandemia e das enchentes no Rio Grande do Sul. O projeto proposto inicia primeiramente com avaliação detalhada da função cognitiva e para isto será utilizado o questionário denominado Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), o qual é constituído de duas partes dividido em seções, uma abrange orientação, memória, atenção e linguagem, com pontuação máxima de 21 pontos e, outra, habilidades específicas (visoespaciais) como nomear e compreender, com pontuação máxima de 9 pontos, totalizando um escore de 30 pontos (Fostein et al. 1994). Os valores mais altos do escore indicam maior desempenho cognitivo, no entanto, ponto de corte menor ou igual a 24, indica comprometimento de memória e raciocínio (Caramelli, 2000). Para avaliação da qualidade de vida será utilizada a versão curta do instrumento World Health Organization Quality of life Bref (WHOQOL-Bref), traduzido e validado para o Brasil por um grupo de pesquisadores na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Este instrumento possui 26 questões sendo duas gerais, relacionadas à qualidade de vida global e saúde global e 24 que compõem os quatro domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (Fleck, 2000).
- Análise de dados: Será realizado no primeiro momento, estratificação da amostra em dois grupos: com ou sem declínio de memória e raciocínio. No segundo, será feita a avaliação da qualidade de vida nestes dois grupos com ou sem declínio de memória e raciocínio. Logo após será avaliada a qualidade de vida em relação as variáveis independentes: verificando quais dos fatores socioeconômico, comportamentais, de autopercepção de saúde e condições de saúde, podem estar associados a QV.
- Variáveis independentes:
Serão avaliadas variáveis de exposição (Quadro 1) que possam estar relacionadas com QV, de acordo com a literatura, tais como: condições socioeconômicas: sexo, idade, cor da pele, situação conjugal, escolaridade, renda per capita, classe socioeconômica (ABEP) e moradia. Comportamentos de saúde: Tabagismo, consumo de álcool nos últimos 30 dias e uso abusivo, incapacidade de atividade básicas de vida diária, incapacidade para atividade instrumentais da vida diária, incapacidade funcional total e utilização de medicamentos (polifarmácia). Condições de saúde e autopercepção de saúde: multimorbidade, depressão, memória e raciocínio.
-Variável de desfecho (dependente): A qualidade de vida será avaliada pelo instrumento validado WHOQOL-BREF, nesta variável teremos perguntas relacionadas ao tipo de domínio, por aspectos: a. Domínio físico: avalia aspectos relacionados à saúde física, energia e capacidade funcional. As perguntas referentes a este domínio incluem: Em que medida você acha que sua dor impede que você faça o que precisa

Indicadores, Metas e Resultados

Indicadores, metas
- Apresentações de resumos com dados parciais em eventos científicos;
- Redação de pelos menos 2 artigos científicos para ser publicados me revistas indexadas.

Resultados esperados:
Espera-se encontrar que, idosos que apresentem declínio de memória e raciocínio tenham pior qualidade de vida em comparação com aqueles que não apresentem declínio. Aqueles com maior idade poderão ter piores escores de qualidade de vida, com maior impacto entre aqueles com declínio de memória e raciocínio. Aqueles com incapacidade funcional terão menor qualidade de vida. Além disso idosos com sintomas depressivos poderão ter pior qualidade de vida, assim como, aqueles em uso de polifarmácia, expostos a multimorbidade, com menor nível socioeconômico, escolaridade e renda.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALINE MACHADO CARVALHO
ANDREA HOMSI DAMASO6
CAMILA CORRÊA COLVARA
KARLA PEREIRA MACHADO5
MARYSABEL PINTO TELIS SILVEIRA21
RENATA MORAES BIELEMANN5

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