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As universidades brasileiras, incluindo a UFPel, historicamente reproduzem práticas de exclusão e racismo estrutural que resultam no apagamento da produção intelectual e cultural negra. Nesse contexto, o Tem Ciência Preta Aqui II surge como uma resposta à necessidade urgente de consolidar espaços de visibilidade, valorização e reconhecimento das trajetórias acadêmicas e culturais de pessoas negras. O evento reafirma que a produção científica e artística negra é legítima, plural e indispensável para a construção de uma universidade mais democrática, diversa e representativa.

A proposta contribui diretamente para a implementação de políticas de equidade racial e para o fortalecimento de práticas pedagógicas antirracistas, em consonância com a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira, e a Lei 12.711/2012, que estabelece políticas de cotas no ensino superior. Ao articular ensino, pesquisa, extensão e cultura, o TCPA II promove uma formação crítica e cidadã, aproximando diferentes áreas do conhecimento e valorizando múltiplas formas de expressão, como a oralidade, a música, a dança, a literatura, o audiovisual e a performance.

Outro aspecto central do evento é a valorização da memória e da ancestralidade, expressa nas homenagens prestadas a personalidades negras que contribuíram para a história acadêmica, comunitária e cultural de Pelotas e do Brasil. A memória, nesse sentido, é reconhecida como território de resistência e inspiração para a continuidade da luta antirracista dentro e fora da universidade.

A metodologia do projeto da TCPA II é apresentada como um ciclo de planejamento → execução → registro → avaliação → continuidade, sempre orientado pelos valores civilizatórios afro-brasileiros (ancestralidade, oralidade, coletividade, solidariedade, circularidade, corporeidade), conforme os itens apresentados abaixo:

1. Planejamento Coletivo

Construção coletiva da programação, com reuniões periódicas entre comissão organizadora, coletivos negros, representantes estudantis, docentes e técnicos.

Definição colaborativa dos eixos temáticos, convidados e atividades.

Proposições de formulários para inscrição de propostas (resumos, oficinas, performances, feiras, etc.).


2. Organização em Grupos de Trabalho (GTs)

Divisão da equipe em GTs temáticos:

GT Científico (submissão e acolhimento de trabalhos);

GT Cultural (teatro, cinema, música, artes visuais, dança);

GT Comunicação (mídias sociais, cartazes, identidade visual, cobertura);

GT Logística (espaços, credenciamento, hospedagem de convidados, equipamentos);

GT Financeiro (apoios, parcerias e prestação de contas).


3. Integração Ensino, Pesquisa e Extensão - Com Abordagem Transdisciplinar

Inserção de minicursos e oficinas vinculados a práticas pedagógicas antirracistas.

Espaços de divulgação científica (apresentação oral, audiovisual e performances).

Exposições, rodas de conversa e mostras culturais integradas à programação acadêmica.

Organização das apresentações em salas de multiconhecimentos, permitindo diálogos entre áreas diferentes (engenharia, saúde, artes, educação, ciências sociais, etc.).

Incentivo ao uso de múltiplas linguagens (oralidade, escrita, música, performance, audiovisual).


4. Registro e Sistematização

Produção de relatórios parciais de cada GT.

Registro audiovisual das atividades (fotografia, vídeo, entrevistas com participantes).


5. Avaliação Coletiva

Aplicação de questionários de avaliação com participantes, ouvintes e apresentadores.

Realização de uma roda final de avaliação entre os coletivos organizadores.



6. Continuidade - Circularidade do conhecimento

Sistematização das produções em E-book, com resumos, artigos, sinopses de vídeos e registros artísticos.

Definição de encaminhamentos para o TCPA III, garantindo a continuidade do projeto.

Indicadores, Metas e Resultados Esperados – TCPA II

Indicadores

Número de participantes (ouvintes, apresentadores, convidados externos).

Número de trabalhos submetidos e apresentados (resumos, resumos expandidos, performances, sinopses de vídeos/áudios).

Quantidade de minicursos, oficinas, rodas de conversa e atividades culturais realizadas.

Diversidade de áreas do conhecimento representadas (ensino, saúde, engenharias, artes, ciências sociais, etc.).

Produção e publicação do E-book Tem Ciência Preta Aqui II.

Participação de coletivos negros e parceiros institucionais.

Alcance nas mídias sociais e meios de comunicação.


Metas

Reunir pelo menos 250 participantes entre ouvintes e apresentadores.

Receber mínimo de 150 submissões de trabalhos (resumos, artigos, performances e produtos culturais).

Realizar ao menos 3 minicursos/oficinas voltados às relações étnico-raciais e práticas pedagógicas antirracistas.

Contemplar 10 homenagens a personalidades negras que marcaram a trajetória acadêmica e cultural da região.

Publicar um E-book com cerca de 150 produções (científicas, artísticas e culturais).

Ampliar a participação de estudantes de graduação e pós-graduação negros/as em atividades de protagonismo científico e cultural.

Garantir a participação de representantes de pelo menos 5 instituições externas (universidades, movimentos sociais, coletivos culturais).

Resultados Esperados

Consolidação do TCPA como espaço permanente de resistência e valorização da intelectualidade negra no âmbito acadêmico.

Ampliação da visibilidade das produções negras no ensino, pesquisa e extensão da UFPel.

Formação crítica de estudantes, docentes e técnicos em práticas pedagógicas antirracistas.

Registro e preservação das experiências em formato de E-book, garantindo memória e circulação do conhecimento.

Fortalecimento da integração universidade-comunidade, com maior participação de coletivos culturais, artistas e empreendedores negros.

Contribuição para a desconstrução do racismo acadêmico, por meio da ocupação de espaços de produção e difusão do conhecimento.

Estímulo à continuidade e expansão do evento para futuras edições (TCPA III e seguintes).