Portal InstitucionalUFPEL

A pecuária leiteira é um setor indispensável para suprir a crescente demanda por produtos de origem animal (Tona, 2021), visto que o leite é considerado o principal alimento para suprir as necessidades de cálcio, além de fornecer nutrientes essenciais para manutenção da saúde humana (FAO, 2013). Porém, fatores como o acelerado crescimento da população mundial, mudanças climáticas e terras limitadas levaram a necessidade de novas abordagens para melhorar a produtividade de vacas leiteiras e tornar a produção de leite e derivados lácteos mais sustentável em um ambiente em rápida e constante mudança (Britt et al.,2018). Diante disso, a utilização de aditivos constituídos por prebióticos e probióticos como alternativa para promover o crescimento e saúde animal aumentou nas últimas décadas, principalmente após a proibição do uso de antibióticos como promotores de crescimento em alguns países, a fim de limitar a distribuição e evolução da resistência a antimicrobianos através do consumo de alimentos contaminados (Sharma et al., 2018).
Os probióticos são microrganismos vivos que, ao serem administrados em quantidades adequadas são benéficos à saúde do hospedeiro (Hill et al., 2014), colonizando o trato gastrointestinal e auxiliando a microflora já estabelecida no sistema digestório do animal. Além disso, os probióticos auxiliam no controle da acidose, na promoção de crescimento do epitélio intestinal e do rúmen, na redução da metanogênese, no aumento na absorção de nutrientes e na conversão alimentar (Retta, 2016). Dentre os probióticos destacam-se as leveduras, pois são aceitas em todos os mercados consumidores de produtos de origem animal devido ao fato de não criarem microrganismos resistentes a antibióticos (Zeoula et al,2011).
Os efeitos das leveduras em vacas leiteiras foram amplamente estudados e vários mecanismos foram descritos, porém os principais são estabilização do pH ruminal, aumento da degradação das fibras e interação com bactérias que metabolizam ácido acético (Fortina et al, 2011). Juntamente com as bactérias do gênero Ruminobacter succinogenes, Succinovibrio dextrinosolvens e Ruminobacter amylophilum, que agem na fermentação ruminal da maltose, pectina, celulose e amido, além da importância do Bacillus cereus, no aumento do estímulo do sistema imune (Huynh et al., 2005) e da regulação e manutenção do pH ruminal diante da produção de lactato pelas bactérias Lactobacillus acidophilus e Enterococcus faecium (Krehbiel et al., 2003; Vyas et al., 2004), tornando a utilização de hidrogênio mais eficiente (Lila et al., 2004). Além disso, as bactérias constituintes dos probióticos se aderem à mucosa intestinal, competindo por espaço com as bactérias patogênicas, ao ocuparem os sítios de ligação na mucosa intestinal, formando uma barreira física (Furlan et al., 2004).
Já os prebióticos são substâncias que estimulam o crescimento de bactérias ruminais e intestinais benéficas, cujo metabólitos melhoram o aproveitamento da digestibilidade dos alimentos, além de aumentar a produção de proteínas séricas relacionadas com o sistema imunológico, sugerindo uma melhor imunocompetência contra doenças infecciosas (Uyeno et al., 2015). Diante disso, diversos estudos relatam a utilização e os efeitos benéficos de pré e probióticos na saúde, consumo, imunidade, produção, e composição do leite, e conversão alimentar de vacas leiteiras (Zhang et al., 2016; Abd El-Tawab et al., 2016; Xu et al., 2017; So et al., 2021; Sun et al.,2021; Rodrigues et al.,2024). Com isso, o presente estudo visa avaliar a influência de um pool de pré e probióticos (Rumilax®) sobre estes e outros parâmetros comportamentais, metabólicos e zootécnicos, sendo estes dados de extrema importância para entendermos os seus reais efeitos frente o status comportamental, produtivo e de saúde de vacas leiteiras durante o pico de lactação.

Trinta vacas da raça Holandês serão distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, dividido em três grupos, ambos compostos por 10 animais: controle (GC, sem adição de aditivo, n=10); Grupo tratamento 10g, (GT10, 10g de RumiLax®/animal/dia na TMR, n=10); Grupo tratamento 15g (GT10, 15g de RumiLax®/animal/dia na TMR, n=10).
Os animais serão ordenhados 2 vezes ao dia (6:00 e 18:00). A alimentação será fornecida duas vezes ao dia, às 8h30 e às 14h30, estimando-se sobras de, aproximadamente, 5% de MS, com livre acesso a água. A produção de leite e consumo individual de alimento serão avaliados diariamente, através do sistema eletrônico de ordenha (DeLaval®) e alimentadores inteligentes (Intergado®), respectivamente, além da avaliação do comportamento animal, verificada por meio das coleiras de monitoramento da CowMed. Além disso, duas vezes por semana, durante as duas ordenhas diárias, serão coletadas amostra de leite em frascos contendo conservante bronopol, os quais serão refrigerados e enviados ao Serviço de Análises de Rebanhos Leiteiros – Unianálises, da Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES), em Lajeado - RS, para análise de composição (gordura, proteína, lactose e sólidos totais) e qualidade do leite (contagem de células somáticas (CCS).
Serão realizadas coletas de sangue por punção da veia coccígea utilizando sistema Vacutainer (BD diagnostics, SP, Brasil) nos dias 0, 15, 30, 60, 75, 90 em relação ao início do experimento, totalizando 6 coletas por animal. As amostras serão coletadas em dois tubos: um com fluoreto de sódio para obtenção de plasma para avaliação dos níveis glicêmicos, e outro com sílica (ativador de coágulo) para obtenção de soro e realização de análises bioquímicas de Ácidos Graxos Livres (AGL), β-Hidroxibutirato (BHBA), ureia, albumina, proteínas totais, fósforo, cálcio, magnésio, gama glutamiltransferase (GGT), aspartato aminotransferase (AST), paraoxonase-1 e haptoglobina.
Amostras fecais serão coletadas diretamente do reto dos animais nos dias 0, 15, 30, 60, 75, 90 em recipientes de plástico para análise de pH, amido fecal e digestibilidade aparente da matéria seca (DMS). O pH fecal será medido imediatamente após a coleta com medidor de pH portátil, posteriormente as amostras serão armazenadas a –20 ° C até análise do amido fecal e da DMS, também será realizado o escore de fezes no momento das coletas. Ainda, junto as coletas de fezes, será realizada a coleta de urina em recipientes próprios para amostras e em seguida será realizada a mensuração do pH utilizando pHmetro portátil.
As pesagens de todos os animais, serão realizadas nos dias 0, 15, 30, 60, 75 e 90, para avaliação da variação de peso, bem como avaliação do escore de condição corporal (ECC).
Durante o período experimental, amostras de silagem de milho, silagem de sorgo e pré-secado serão coletadas. Estas serão mantidas congeladas para posteriores análises bromatológicas (matéria seca, proteína bruta, fibra detergente neutro, fibra detergente ácido, lignina extrato etéreo e matéria mineral). Além disso, também serão coletadas semanalmente amostra da dieta com ração mista total (TMR) para posterior análise bromatológica. Além da avaliação diária da porcentagem de matéria seca da TMR.

Metas:
Durante o período do projeto:
Produzir duas dissertações de mestrado;
Publicar, pelo menos, 2 artigos em revistas de circulação nacional ou internacional, classificadas como “A” no “Sistema de Classificação de Periódicos, Anais e Revistas” da CAPES;
Divulgar os resultados em 3 congressos da área em âmbito internacional, 2 nacionais e 3 regionais.

Indicadores:

Aumentar o número de artigos de alta qualidade na equipe;
Aumentar o número de estudantes participando de congressos relacionados às linhas de pesquisa da equipe.