Nome do Projeto
Azolla filiculoides na dieta de codornas de postura
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
29/05/2020 - 31/08/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
As plantas aquáticas proporcionam resultados positivos quanto a sua inclusão na dieta de monogástricos e o gênero Azolla tem despertado interesse pelo seu valor nutritivo, especialmente pela sua alta composição proteica. Deste modo, esta pesquisa tem como objetivo avaliar a utilização da farinha de Azolla filiculoides como ingrediente na dieta de codornas japonesas em postura, verificando o seu efeito sobre o desempenho produtivo, a sua digestibilidade aparente, qualidade e análise sensorial dos ovos, biometria da carcaça e de órgãos, morfometria intestinal e análise econômica das dietas. Serão utilizadas 100 codornas (Coturnix coturnix japonica) em postura, alojadas em gaiolas metálicas, duas a duas e distribuídas aleatoriamente aos tratamentos em delineamento inteiramente ao acaso. As dietas serão divididas em cinco tratamentos, de acordo com os níveis de inclusão da farinha de Azolla filiculoides (0%, 2%, 4%, 6% e 8%), cada um com 10 repetições. As médias dos tratamentos serão comparadas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade. Será utilizada análise de regressão polinomial a 5% para a determinação do nível ótimo de utilização da farinha de Azolla. As variáveis ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar por dúzia e por massa de ovos e a qualidade dos ovos serão analisadas semanalmente. A produção de ovos será registrada diariamente. Os coeficientes de digestibilidade aparente serão determinados após a primeira semana de adaptação das aves às dietas experimentais. Ao final do período experimental, serão selecionadas ao acaso seis aves por tratamento para verificação da biometria de órgãos e análise histológica do intestino. Para a análise sensorial, serão utilizados os ovos produzidos nos últimos três dias que antecederem o fim do experimento e as médias serão comparadas pelo teste de Dunnet a 5% de probabilidade.

Objetivo Geral

Analisar o efeito da inclusão de farinha de Azolla filiculoides, como fonte proteica, em substituição ao farelo de soja na dieta de codornas de postura, avaliando a sua eficácia sobre o desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica.

Objetivos específicos:
• Verificar a composição bromatológica da Azolla filiculoides;
• estudar o melhor nível de inclusão da A. filiculoides na dieta de codornas japonesas;
• verificar se a inclusão de A. filiculoides na dieta pode vir a gerar toxicidade às codornas japonesas;
• determinar a digestibilidade aparente das aves através da oferta das dietas à base de milho e farelo de soja acrescidas de A. filiculoides;
• acompanhar o desempenho zootécnico (ganho de peso, conversão alimentar, consumo de ração e produção de ovos) das codornas japonesas alimentadas com dietas contendo A. filiculoides;
• verificar a qualidade interna e externa de ovos de codornas alimentadas com dietas contendo A. filiculoides;
• realizar análise sensorial dos ovos de codornas japonesas alimentadas com A. filiculoides;
• analisar a viabilidade econômica da adição de A. filiculoides às dietas de codornas japonesas.

Justificativa

A avicultura é um dos setores da produção animal que mais cresce em nosso país, com foco principal na produção de carne e ovos. A atividade avícola compreende diversos ramos, dentre eles a coturnicultura, que também se encontra em constante desenvolvimento, embora em menor escala. Existem diferentes espécies de codornas, dentre elas, a japonesa (Coturnix coturnix japonica), que é a mais utilizada na indústria e estudada no campo da pesquisa científica. Esse desenvolvimento se deve ao investimento tecnológico dos plantéis e aumento das pesquisas, principalmente na área de nutrição, como na avaliação de alimentos utilizados nas dietas (SAKOMURA et al., 2014).
A criação de codornas por muito tempo foi considerada apenas como uma atividade de subsistência. Entretanto, o desenvolvimento da coturnicultura em âmbito nacional estima grandes expectativas futuras, em função do gosto peculiar e pelo alto valor nutricional de seus ovos, trazendo resultados positivos aos produtores e consumidores (PASTORE; OLIVEIRA e MUNIZ, 2012). Para que se tenha uma ideia, a produção nacional de ovos de codorna no ano de 2016 foi em torno de 3,3 bilhões de unidades (BRASIL, 2016). Embora se encontre em volume significativamente inferior ao de produção de ovos de galinha no país, que gira em torno de 40 bilhões (ABPA, 2017), é uma atividade que se revela promissora.
A alimentação é responsável pelo maior investimento dentro do sistema produtivo, podendo chegar até 80% dos custos totais na criação de aves (COSTA et al., 2012). O milho e a soja são os ingredientes da base alimentar destes animais, como fonte energética e proteica, respectivamente (SILVA et al., 2009; RODRIGUES et al., 2013). Dessa forma, a busca da redução dos custos da atividade, diminuindo os gastos com a nutrição, sem afetar o desempenho produtivo das aves, revela-se um dos grandes desafios à atividade. Assim, muitos estudos vêm sendo realizados buscando-se matérias-primas de qualidade capazes de substituir os ingredientes tradicionais, em especial os mais caros, como as fontes proteicas. O uso de alimentos alternativos que sejam mais econômicos, ricos nutricionalmente e que possam ser incluídos nas dietas dos animais é uma maneira de reduzir as despesas totais da produção. Mas, para isso, é necessário que haja disponibilidade do ingrediente e que o mesmo não apresente fatores antinutricionais que possam afetar negativamente o desempenho zootécnico ou a saúde das aves.
Na alimentação animal, as plantas aquáticas são uma das prováveis alternativas e vêm ganhando cada vez mais espaço e interesse em relação à pesquisa. Nas dietas de aves, por exemplo, podem ser utilizadas como alimento in natura ou na forma de suplementação (BHASKARAN e KANNAPAN, 2015). Segundo os mesmos autores, a Azolla é um dos gêneros de plantas aquáticas que apresenta alto valor nutritivo e facilidade de cultivo. No entanto, a maioria das pesquisas realizadas com este gênero, se refere ao seu uso como biofertilizante e ainda são poucas as pesquisas que investigam seu perfil nutricional.
A Azolla filiculoides, espécie a ser estudada, é classificada como uma samambaia aquática que cresce em associação simbiótica com a alga Anabaena azollae (VAN HOVE e LEJEUNE, 2002). Para tal, faz-se necessário realizar a análise de sua composição bromatológica, e seu valor como ingrediente na dieta de codornas de postura, verificando-se o seu efeito sobre a digestibilidade, metabolismo, desempenho produtivo e qualidade dos ovos.
Há a necessidade do conhecimento exato sobre a composição proteica e equilíbrio dos aminoácidos essenciais presentes na A. filiculoides, pois a oferta de proteína ideal é ponto fundamental da dieta. E, no caso das codornas de postura, a necessidade está relacionada não apenas a crescimento, mantença e produção, mas também com a síntese de proteína dos ovos que serão produzidos.
O balanceamento inadequado de nutrientes, além de causar efeitos negativos ao desempenho e produtividade das aves, ocasiona desperdício financeiro e pode gerar problemas ambientais. O excesso ou deficiência de determinados ingredientes muitas vezes ocorre pelo desconhecimento do nutricionista quanto à real exigência das aves, seja pela falta de dados exatos sobre a espécie animal estudada ou pelo desconhecimento do ingrediente utilizado.
A falta de literatura sobre a utilização da A. filiculoides na dieta de codornas japonesas e a incerteza quanto ao seu valor nutricional expõe a necessidade de estudos dentro da nutrição dessas aves. Dessa maneira, este estudo objetiva enfatizar a nutrição de codornas japonesas em postura, com a utilização de um ingrediente alternativo, visando um melhor desempenho zootécnico, sem prejudicar a qualidade de vida das aves e ainda trazer eficiência produtiva ao setor.

Metodologia

Metodologia

1 Coleta e Reprodução da Azolla filiculoides

Amostras de Azolla filiculoides serão coletadas em uma propriedade rural do município de Morro Redondo, Rio Grande do Sul, com o intuito de reproduzi-la no Laboratório de Ictiologia do Departamento de Zootecnia (DZ) da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A reprodução será feita em caixas d’água de 500 litros. Posteriormente, as plantas serão submetidas ao processamento de pré-secagem, secagem definitiva e moagem, para análise da composição bromatológica e, posteriormente, a produção da farinha que será utilizada na mistura das dietas.

2 Análise Bromatológica

Amostras de A. filiculoides serão analisadas no Laboratório de Nutrição Animal do DZ – FAEM – UFPel, onde serão processadas para a determinação do teor de umidade, matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), cinzas, extrativo não nitrogenado (ENN), fibra detergente neutra (FDN), fibra detergente ácida (FDA), proteína bruta (PB), energia bruta (EB) e composição aproximada de aminoácidos e perfil de ácidos graxos.

3 Local do Estudo

O estudo será executado no Setor de Avicultura do Laboratório de Ensino e Experimentação Zootécnica Professor Renato Rodrigues Peixoto do DZ – FAEM – UFPel.
O período total do estudo compreenderá 84 dias, dividido em três experimentos de 28 dias cada um.

4 Animais Experimentais e Manejo

Serão utilizadas 100 codornas de postura (Coturnix coturnix japonica), com 35 dias de idade, adquiridas de uma granja comercial.
No período que antecede o início do estudo (período de adaptação), até que seja atingido o período de postura, as aves receberão dieta comercial convencional e serão submetidas às mesmas condições ambientais e de manejo.
Ao atingirem o período de postura, as codornas passarão a ser alimentadas com a dieta controle, à base de milho e farelo de soja, ou com as dietas experimentais, formuladas com a substituição do farelo de soja pela farinha de A. filiculoides.
As codornas japonesas serão alojadas duas a duas em gaiolas metálicas, dispostas em baterias, com comedouros manuais do tipo calha e bebedouros automáticos do tipo nipple. A sala experimental será com controle de temperatura e umidade, de acordo com as exigências das aves, que serão conferidas e registradas diariamente. A iluminação será com oferta de 17 horas diárias de luz, através de lâmpadas fluorescentes.
O manejo alimentar será realizado sempre no mesmo horário, diariamente, respeitando as necessidades das aves para que não haja influência nos resultados do experimento.

5 Formulação das Dietas

As dietas serão divididas em cinco tratamentos, compostos pelos diferentes níveis (zero até 100%) de adição da Azolla filiculoides em substituição ao farelo de soja, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1. Tratamentos do experimento testando níveis de inclusão de Azolla filiculoides na dieta de codornas de postura em substituição ao farelo de soja.

Tratamentos Níveis de inclusão de A. filiculoides (%)
T1 (Controle negativo) Controle (sem A. filiculoides)
T2 25
T3 50
T4 75
T5 100 (sem farelo de soja)

6 Variáveis Analisadas

Para este estudo, serão avaliadas as variáveis de desempenho zootécnico das codornas japonesas, concentração de Azolla filiculoides nas dietas, digestibilidade aparente, análise hematológica, análise histológica intestinal, análise óssea, qualidade interna e externa dos ovos, análise sensorial dos ovos, a viabilidade econômica e qualidade das rações durante o experimento.

6.1 Desempenho zootécnico

As aves serão pesadas no início e no final do experimento (peso vivo), com a finalidade de avaliar o ganho de peso, consumo de ração e a conversão alimentar. A produção de ovos será avaliada diariamente.

6.2 Níveis de concentração de A. filiculoides

Serão analisados na dieta de acordo com a resposta referente ao desempenho zootécnico das aves, estabelecendo assim o melhor nível de interesse produtivo.

6.3 Digestibilidade aparente

Será realizada após a primeira semana de adaptação das dietas experimentais, avaliadas durante um período de 5 dias. O método de coleta utilizado será através da coleta total de excretas, duas vezes ao dia. As amostras serão pesadas e armazenadas em refrigeração a -10°C. Para a análise bromatológicas, o material será descongelado, homogeneizado, secado e moído. Será determinada a quantidade de ração consumida e o total de excretas produzidas por unidade experimental avaliada. As análises químicas das dietas e excretas serão realizadas segundo metodologia da AOAC (1990), avaliando os coeficientes de digestibilidade aparente.

6.4 Análise hematológica

Serão coletadas amostras de sangue através de punção da veia braquial das aves para a análise hematológica, a fim de avaliar a hemoglobina e hematócrito.

6.5 Histologia do intestino

Para análise histológica do intestino, serão coletadas partes do duodeno das aves, ao final do período experimental. As amostras serão analisadas em laboratório externo.

6.6 Análise óssea

As tíbias serão medidas em comprimento e diâmetro (mm), com o uso de um paquímetro digital e pesadas em balança digital. A densidade óssea (g/cm) será calculada através do índice de Seedor (Seedor 1995). A determinação do teor de cinzas, se dará conforme AOAC (2002) e o teste de resistência será conduzido usando um Texturômetro Texture Analyser - TAXT2, avaliando além da resistência, a rigidez e a flexibilidade.

6.7 Qualidade de ovos

Os ovos coletados nos últimos três dias de cada experimento serão analisados através da avaliação da qualidade interna e externa. Será avaliado o peso do ovo (g), gravidade específica, índice morfológico (diâmetro/comprimento do ovo*100), altura de albúmen (mm), unidade Haugh, peso da gema, da clara e da casca (g), espessura da casca (mm) e a coloração da gema. Esta será avaliada por dois métodos: pelo método subjetivo Leque da DSM e pelo método objetivo, através de colorímetro digital.

6.7.1 Perfil de ácidos graxos

Serão analisados os ácidos graxos presentes nos ovos. Os lipídeos serão extraídos pelo método Bligh Dyer (1959) e esterificação segundo a metodologia de Hartman e Lago (1973). A primeira etapa será realizada no Laboratório de Nutrição Animal, do Departamento de Zootecnia/UFPel e a segunda em laboratório externo.

6.8 Análise sensorial

Ao final dos experimentos, haverá análise sensorial dos ovos produzidos, através de painelistas treinados. As análises serão feitas no Laboratório de Análises Sensoriais do Departamento de Zootecnia da UFPEL.

6.9 Análise de viabilidade econômica

Ao final dos experimentos será realizada a análise da viabilidade econômica da inclusão da farinha de A. filiculoides na dieta das codornas, em substituição parcial ao farelo de soja. Será verificado o custo de produção da farinha, considerando-se todas as etapas envolvidas no processo de sua produção, bem como as modificações necessárias na formulação das dietas para a sua inclusão e os consequentes valores envolvidos.

6.10 Qualidade das rações

Serão coletadas amostras de ração de cada dieta experimental preparada, de acordo com cada tratamento, com a finalidade de determinar sua qualidade através dos níveis de acidez e peroxidação durante todo o período experimental. A análise de acidez será realizada no Laboratório Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia/UFPel. Para a análise de peroxidação será utilizado o Laboratório de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas/UFPel.

Análise Estatística

Para a análise estatística dos experimentos, será utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com 5 tratamentos, divididos nos diferentes níveis de inclusão da Azolla filiculoides nas dietas. Cada tratamento terá 54 aves/repetição, distribuídas em 27 gaiolas. A unidade experimental será cada gaiola, cada uma contendo duas codornas.
Os dados serão submetidos à análise de variância multifatorial (ANOVA) para o teste de Tukey ao nível de significância P<0,05. Contrastes ortogonais serão utilizados para a comparação entre si das médias dos tratamentos e o efeito dos níveis de inclusão Azolla filiculoides nas dietas será estimado através do ajuste de regressão linear.

Indicadores, Metas e Resultados

• Transformar a farinha de Azolla filiculoides em um produto alternativo e economicamente viável em relação ao farelo de soja e aos aditivos sintéticos disponíveis no mercado;
• inserir a farinha de A. filiculoides nas formulações de dietas de aves como fonte natural de antioxidante;
• promover o incremento do desempenho das aves com dietas formuladas a mínimo custo;
• produzir dietas balanceadas com qualidade para codornas japonesas utilizando a farinha de A. filiculoides;
• avaliar o comportamento da presença de carotenóides naturais na gema dos ovos de codorna;
• incrementar ácidos graxos essencias (ômega-3, ômega-6 e araquidônico) nos ovos das codornas;
• maximizar a resistência da casca dos ovos de codornas japonesas;
• tornar uma opção capaz do próprio produtor cultivá-la em sua propriedade e utilizá-la na dieta de suas aves;
• publicar resumos em congressos, seminários e simpósios sobre a inclusão de A. filiculoides em substituição ao farelo de soja, nas dietas de codornas japonesas em fase de postura;
• elaborar uma dissertação de mestrado e um artigo científico sobre o estudo realizado, através do conhecimento gerado sobre a inclusão de A. filiculoides em substituição ao farelo de soja, nas dietas de codornas japonesas em fase de postura.

Resultados Esperados

Este projeto tem o intuito de beneficiar à nutrição e produção animal. É esperado que as informações obtidas possam auxiliar os produtores e as indústrias de coturnicultura, bem como agregar conhecimento ao meio acadêmico-científico. Estima-se a capacidade de reduzir os custos com a alimentação destas aves, através da inclusão de um ingrediente alternativo, de cultivo fácil e rico nutricionalmente.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ADELINE BOGO MADRIL
ALINE ARASSIANA PICCINI ROLL
CAROLINA OREQUES DE OLIVEIRA
DEBORA CRISTINA NICHELLE LOPES1
DICIANE ZENI GIEHL
EDUARDO GONCALVES XAVIER1
FERNANDO RUTZ1
IGOR BORGES SOARES
JOSE ULISSES DA SILVA AZAMBUJA1
JOYCE PEREIRA LOPES
RENATA CEDRÊS DIAS
SUELEN NUNES DA SILVA
VICTOR FERNANDO BUTTOW ROLL1

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