O exercício do diálogo e o reconhecimento tanto de diferenças quanto semelhanças entre pessoas e grupos sociais é um dos pressupostos de uma educação intercultural (CANDAU, 2016). Entretanto, em tempos como o que vivemos, onde nossas relações sociais encontram-se marcadas pelo distanciamento físico devido à situação mundial de ameaça à saúde decorrente dos efeitos do corona vírus, entendemos que esse diálogo pode restar, em alguma medida, comprometido. Torna-se, assim, urgente planejar ações com o intuito de propor a criação e manutenção de redes sociais comunicativas: à reflexividade possibilitada pelas trocas de saberes segue-se a compreensão de que, ao partilharmos o mesmo mundo, nossas deliberações tornam-se mais eficazes se realizadas em redes de mútua cooperação (WALSH, 2007; 2016; CANDAU, 2016). Entende-se, nessa passada, que a comunicação entre universidade e sociedade deve receber especial atenção nestes momentos de distanciamento social. Ao mesmo tempo, o estreitamento do diálogo entre docentes e discentes universitários é, dentre outros igualmente importantes, requisito indispensável para que tal comunicação se aperfeiçoe.
Jade, o game e seu circuito virtual de arte e direitos fundamentais, propõe o estreitamento do diálogo entre a investigação acadêmica universitária, jovens pré-adolescentes e adolescentes e as relações sociais estabelecidas na/pela escola. Ele vem sendo desenvolvido no bojo do grupo de pesquisa Inventar: arte e construção do conhecimento jurídico (CNPq), e tem o intuito de democratizar saberes jurídicos e construir estratégias pedagógicas para essa democratização. A inovação possibilitada pela associação entre a virtualidade típica da internet, o aprendizado de direitos fundamentais e a ludicidade trazida pela arte pode proporcionar atividades direcionadas ao público jovem durante o presente período de distanciamento social e mesmo em momentos posteriores a ele. O mais importante, pode suscitar a construção de conhecimentos jurídicos e o decorrente exercício de cidadania, especialmente levando em consideração o pouco conhecimento desses direitos pela população em geral.
Entretanto, para que se possa efetivar o game, é necessário que as atividades de ensino voltadas ao estudo de saberes acerca de direitos fundamentais continuem sendo desenvolvidas durante o semestre alternativo que se inicia. Isto porque o lançamento do Jade está previsto para as últimas semanas dos meses de julho, agosto e setembro, a fim de que o público juvenil possa se ocupar no decorrer da quarentena devida aos efeitos do corona vírus (ainda que, posteriormente, se preveja sua implementação em escolas do município). Da mesma forma, as orientações de professoras e professores envolvidos são imprescindíveis no que diz respeito à construção das estratégias pedagógicas a serem transpostas para o jogo. Tudo isso possibilita às nossas alunas e alunos atividades de leitura, compreensão e debates sobre direitos fundamentais, pedagogia e didática jurídicas, popularização do conhecimento científico e gamificação. A partir daí, se dedicarão a elaborar estratégias pedagógicas acerca dos direitos estudados e, o que é igualmente importante, ao cultivo e manutenção de seus vínculos recíprocos e com seus e suas orientadoras.