Nome do Projeto
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E ENOLÓGICA DE OITO VARIEDADES DE UVA (PIWI) E COMPARAÇÃO COM VARIEDADES VINÍFERAS TRADICIONAIS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/01/2022 - 31/12/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
Na introdução de novas variedades, o conhecimento da fenologia permite a caracterização das fases de desenvolvimento da videira em relação ao clima, além de ser utilizada para interpretar como a cultura interage com as diferentes regiões climáticas. Da mesma forma, o conhecimento das interações entre porta-enxerto e copa devem ser conhecidos para cada combinação, assim como as características agronômicas da cultivar copa são influenciadas pelo porta-enxerto, a interação entre elas e a região de produção pode sofrer variações, fazendo-se necessário trabalhos de pesquisa de forma a facilitar a escolha mais adequada para cada região. Afim de caracterizar novas regiões potenciais para a vitivinicultura, foi desenvolvido oprojeto “Tecnologia para o desenvolvimento da agricultura catarinense”, uma parceria entre a Província Autônoma de Trento através da Fondazione Edmund Mach/Istituto San Michele all’Adige e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural Catarinense (Epagri) juntamente com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o qual introduziu 36 novas variedades de uvas Italianas, estudando seu potencial nas regiões de altitude elevada no estado de Santa Catarina, ampliando as opções de exploração para vitivinicultura, onde anteriormente era predominante o cultivo de variedades Francesas como, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, provando haver variedades Italianas com ótimo potencial vitivinícola para região. Nesse sentido, se tornou necessário uma continuação do estudo, avaliando apenas as cinco variedades mais promissoras, com maior número de plantas e estudando a adequação do porta-enxerto e espaçamento para cada cultivar, afim de obter o maior potencial da copa e qualidade de vinho, visto que o porta-enxerto influencia o crescimento vegetativo, a produção e qualidade dos cachos da videira, além de sofrer grande interferência edafoclimáticas e responder individualmente de acordo com a copa enxertada.

Objetivo Geral

Estudar e avaliar a nível agronômico (produção, resistência, fenologia e maturação) e enológico (composição físico-química, aromática e sensorial) um grupo de variedades viníferas resistentes a doenças fúngicas (Piwi) denominadas: Sauvignon Rytos, Sauvignon Kretos, Fleurtai, Soreli, Cabernet Volos, Cabernet Eidos, Merlot Khorus e Merlot Kanthus e compará-las com variedades viníferas tradicionais, a partir de uvas cultivadas em Videira - SC.

Justificativa

No Brasil, o potencial de expansão da vitivinicultura está em crescente ascensão, e sua produção ocorre de forma bastante ampla por todo o país. A mudança a nível nacional nos últimos anos desperta possibilidades de desenvolvimento de novas tecnologias e ainda possui um grande mercado consumidor a ser alcançado na produção de vinhos finos (MELLO, 2017). As uvas produzidas em regiões de altitude apresentam características próprias e distintas das demais regiões produtoras, o que permite a elaboração de vinhos de alta qualidade e tipicidade (BRIGHENTI, 2014). Nestas regiões, o cultivo de variedades europeias (Vitis vinifera) para a produção de vinhos finos vem crescendo, devido alta qualidade enológica. Porém, estas variedades apresentam suscetibilidade a doenças fúngicas, como o míldio da videira (Plasmopara vitícola), doença de maior importância à viticultura Brasileira, a antracnose (Elsinoe ampelina), a podridão cinzenta (Botrytis cinérea), o oídio (Uncinula necator), e a podridão do cacho (Glomerella cingulata). Isto se deve, principalmente por essas regiões possuírem condições climáticas favoráveis ao aparecimento e desenvolvimento da doença, devido a elevada precipitação que ocorre durante o ciclo vegetativo e reprodutivo da videira (DE BEM et al. 2015, 2016). De acordo com Souza et al., 2019 para o controle da doença são necessárias aplicações semanais de fungicidas como forma de prevenção, o que resulta no aumento considerável do custo de produção, riscos ao meio ambiente e à qualidade de vida tanto do produtor, quanto ao consumidor. Desta forma, alternativas precisam ser buscadas para contribuir com a sustentabilidade do setor vitivinícola.
Uma alternativa no manejo à doença, é o cultivo de novas variedades de videira que conciliem elevado potencial enológico com resistência a doenças, principalmente ao míldio da videira. Variedades com estas características foram desenvolvidas em institutos de melhoramento da videira na Alemanha, denominadas PIWI, sigla derivada da palavra em alemão “Pilzwiederstandfähig”, que significa resistente a doenças fúngicas (VEZZULLI et al., 2018; TÖPFER et al., 2011). No entanto, antes de recomendar uma variedade para o cultivo é importante avaliá-la sob diferentes aspectos nas condições edafoclimáticas onde a mesma será cultivada, visando ao final de cada experimento manter para além de características de adaptação e resistência, aspectos de potencial enológico significativo e representativo quando avaliadas junto as tradicionais.

Metodologia

O experimento será conduzido na Estação Experimental de Videira, unidade que pertence à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (27°01'S 51°08'W, altitude 830 m), localizado no município de Videira-SC. O clima da região é caracterizado como subtropical húmido, sem estação seca, com temperatura média anual e pluviosidade de 19,8°C e 1913 mm, respectivamente (Epagri, 2018).
O delineamento experimental é o de blocos ao acaso com cinco repetições compostas por 10 plantas cada, sendo avaliadas três plantas por parcela. A área foi implantada em 2018 com o uso do porta-enxerto Paulsen 1103 e sistema de condução em espaldeira. As plantas são conduzidas em cordão duplo esporonado e espaçadas em 3,0m x 1,2m (entre linhas e entre plantas).
O acompanhamento fenológico será realizado semanalmente, através de avaliações visuais durante os ciclos 2021/2022 e 2022/2023. Adicionalmente serão apresentados dados da necessidade térmica (Graus-dia, GD) e a necessidade em dias para o período do início da poda (IP) a fim da maturação (FM), além de serem correlacionados com os dados climáticos obtidos por uma estação meteorológica completa já instalada ao lado do vinhedo experimental.
A fenologia será avaliada de acordo com Eichorn & Lorenz (1984) avaliando-se os seguintes subperíodos fenológicos: início de poda a início de brotação (IP-IB) início de brotação a final de brotação (IB-FB), final de brotação a início de floração (FB-IF), início de floração a final de floração (IF-FF), final de floração a início de maturação (FF-IM) e início de maturação a final de maturação (IM-FM). Os dados climatológicos coletados serão: temperatura máxima, mínima e média diária (°C), precipitação, umidade relativa, insolação e molhamento foliar. O índice de Ravaz é a ferramenta utilizada para mensurar o equilíbrio da videira, para isso é necessário conhecer o peso da poda (inverno) e a produtividade da última safra. Realizado no momento da poda de inverno com o auxílio de uma balança de precisão aonde será pesado o material podado afim de aferir o vigor da planta, através da seguinte relação: Índice de Ravaz = Kg de uva (Safra anterior) / Kg de sarmentos = (5 a 10) o que representa um excelente equilíbrio. Maior relação geralmente indica excesso de produção.
Durante o ciclo vegetativo será avaliado a ocorrência de doenças, com ênfase na incidência e severidade de míldio, oídio, antracnose e podridões (cinzenta e da uva madura). A incidência e severidade do míldio e da podridão cinzenta serão avaliadas quinzenalmente após o surgimento dos primeiros sintomas. Posteriormente,comparados através das variáveis epidemiológicas de tempo para atingir a máxima incidência e severidade da doença (TAMID e TAMSD), início do aparecimento dos sintomas (IAS), valor máximo da incidência e severidade da doença (Imax e Smax) e áreas abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). Para a antracnose, será avaliada a incidência e severidade nas folhas e sarmentos no momento da colheita. Será avaliado uma planta por repetição, escolhendo as mais uniformes com o uso de dois ramos por planta e todas as folhas de cada ano com produtividade média. Para determinar a data início de avaliação as áreas serão monitoradas semanalmente ou até duas vezes por semana de acordo com os estádios fenológicos e condições climáticas favoráveis. (HORSFALL & COWLING, 1978; CAMPBELL& MADDEN, 1990). A validação da escala diagramática será realizada com base na análise de precisão e exatidão de avaliações de acordo com (KRANZ, 1988; ANGELOTTI et al., 2008). A incidência de Botrytis cinerea será obtida através de avaliação visual, sendo verificada a presença ou ausência de sintomas da doença. A incidência será calculada pela porcentagem de cachos que apresentavam ao menos uma lesão em relação ao número total de cachos.
No momento da colheita será avaliada a produção por planta, a produtividade estimada por hectare, o peso médio dos cachos e será coletada amostra para avaliação do teor de sólidos solúveis, acidez total e pH. A produção por planta será determinada com balança eletrônica de campo, sendo os resultados expressos em kg planta-1. A produtividade estimada (t ha-1) será obtida através da multiplicação da produção por planta pela densidade de plantio (2222 plantas ha-1). O teor de sólidos solúveis (SS) será determinado utilizando um refratômetro digital. O aparelho será calibrado com água destilada, em seguida o mosto será distribuído sobre o prisma, a leitura será realizada diretamente em ºBrix. A acidez total (AT) será obtida através da titulação do mosto com solução alcalina padronizada de hidróxido de sódio 0,1 N, utilizando como indicador azul de bromotimol, sendo os resultados expressos em meq L-1. O potencial hidrogeniônico (pH) será registrado por meio de um potenciômetro de bancada, após calibração em soluções tampões conhecidos de pH 4,0 e 7,0.
Após a coleta dos dados, será realizada a elaboração de microvinificação, na qual serão realizadas análises físico-químicas e sensoriais dos mesmos e os resultados serão tabulados e usados para redigir o trabalho final e posteriores divulgações científicas. Ainda, pretende-se comparar a qualidade dos vinhos obtidos por essas variedades, com vinhos obtidos no vinhedo localizado na mesma área das demais variedades com as variedades Sauvignon Blanc e Isabel, a fim de quantificar o potencial das novas variedades frente as variedades tradicionais.

Indicadores, Metas e Resultados

As variedades “Piwi” apresentam potencial produtivo e enológico, quando produzidas nas condições edoficlimáticas do Sul do Brasil.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
IZABEL CAMACHO NARDELLO
MARCELO BARBOSA MALGARIM2
VAGNER BRASIL COSTA1

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 55.000,00Coordenador

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