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Grandes mudanças sociais vêm acontecendo, cada vez mais é possível notar o quanto a população vem se preocupando com o que consome, e o quanto isso vai impactar para saúde e meio ambiente.
Em pesquisa realizada pelo IBOPE (2020), 21% do mercado consumidor mostrou valorizar aspectos como saúde, bem estar e sustentabilidade na hora de comprar alimentos.
Ocorre atualmente uma intensa utilização de agrotóxicos, motivada pela necessidade do aumento de produção, com a finalidade de proteger as plantações de pragas e doenças, por outro lado, esse uso acarreta riscos à saúde humana, sendo a exposição do homem aos mesmos um grave problema de saúde pública (MELLO et al., 2019). Segundo a ANVISA (2019) o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em alimentos (PARA) realizou analise de 4.616 amostras, constatando que destas 23% tinham alta concentração ou presença de agrotóxicos não permitidos.
É sabido que a produção convencional de alimentos causa prejuízos ao meio ambiente, como a degradação, contaminação do solo, além de expor aqueles que utilizam esse modo de produção a pesticidas (SILVA, et al., 2013). Frente a esse panorama, a agricultura orgânica vem ganhando espaço, por se apresentar como alternativa viável, mais vantajosa, no que se refere à produção de alimentos seguros, livres de agrotóxicos e que promove segurança ao meio ambiente.
Cabe observar que em pesquisas realizadas pelo Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (ORGANIS, 2020), no ano de 2017 a região sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) aparece como o maior consumidor de alimentos orgânicos (34%), seguido do centro-oeste (21%) e na sequência pela região nordeste (15%); na pesquisa realizada em 2019 mais uma vez a região sul aparece em primeiro lugar (23%), embora tenha diminuído o percentual de consumidores, a região nordeste em segundo lugar (20%) e a região sudeste em terceiro lugar (19%).
Desta forma fica claro o quanto a região sul, celeiro de agricultura convencional, assume uma postura consciente de consumo de alimentos qualitativamente mais saudáveis. Assim sendo, torna-se importante a realização de pesquisas locais sobre o consumo de alimentos orgânicos, a fim de se conhecer melhor o perfil destes consumidores e desta forma, a partir da comunicação acerca do tema, apresentar a realidade de consumo destes alimentos na cidade de Pelotas-RS.

5.1 Caracterização do tipo de estudo, clientela, local e duração

O estudo é do tipo transversal descritivo de natureza qualitativa e quantitativa, onde serão caracterizados os consumidores de alimentos orgânicos (Figura 9), na cidade de Pelotas-RS, dos seguintes segmentos: feiras livres convencionais (n=2: FC1, FC2), feiras livres de produtos orgânicos (n=2: FO1, FO2), mercados de frutas (n=2: MF1, MF2) e atacarejos (n=2: ATA1, ATA2), totalizando 8 (oito) unidades. O público-alvo serão os consumidores frequentadores dos segmentos em estudo, que ingerem ou não alimentos orgânicos, com idade acima de 18 anos. O período de realização da pesquisa será de setembro a dezembro 2020.
5.2 Critérios de inclusão exclusão
a) Critérios de inclusão: serem frequentadores de feiras livres convencionais, feiras livres de produtos orgânicos, mercados de frutas e atacarejos da cidade de Pelotas-RS, maiores de 18 anos.
b) Critérios de exclusão: não serem frequentadores de feiras livres convencionais, feiras livres de produtos orgânicos, mercados de frutas e atacarejos da cidade de Pelotas-RS, menores de 18 anos.
5.3 Caracterização do perfil de consumidores de alimentos orgânicos
Para caracterização dos consumidores será utilizado um questionário semiestruturado (Apêndice A) contendo 23 questões. Para os que não consomem alimentos orgânicos serão aplicadas 17 questões e para os que consomem alimentos orgânicos 23 questões, ou seja, serão feitas todas as perguntas. O questionário irá contar com a seguinte estrutura:
a) Para os que não consomem (n=17) - 7 questões sobre dados demográficas (idade, sexo, estado civil, número de filhos, nível de escolaridade, renda familiar, e números de pessoas que habitam o domicílio), 5 questões sobre consumo de alimentos (sobre responsabilidade pelas compras, razões da escolha de alimentos, informações sobre conhecimento, conceito e se consome alimentos orgânicos) e 5 questões sobre aspectos que levam em consideração na hora da compra (Preço, marca, informações no rótulo, qualidade nutricional, interesse no consumo de orgânicos).
b) Para os que consomem (n=23) - 7 questões sobre dados demográficas (idade, sexo, estado civil, número de filhos, nível de escolaridade, renda familiar, e números de pessoas que habitam o domicílio), 5 questões sobre consumo de alimentos (sobre responsabilidade pelas compras, razões da escolha de alimentos, informações sobre conhecimento, conceito e se consome alimentos orgânicos). 6 questões sobre consumo de alimentos orgânicos (identificação do orgânico, frequência de cosumo, locais de aquisição, alimentos mais consumidos, razões que motivam e limitam o consumo) e 5 questões sobre aspectos que levam em consideração na hora da compra (Preço, marca, informações no rótulo, qualidade nutricional, interesse no consumo de orgânicos).
Para validação e adequação do questionário, será realizado um estudo piloto junto a frequentadores dos referidos segmentos.
A coleta de dados terá duração de três meses, no período de setembro a dezembro de 2020, em diferentes dias e horários, com o objetivo de abranger uma variada gama de consumidores.
As entrevistas serão realizadas por estudantes do curso de Nutrição da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que receberão capacitação para aplicação do questionário.
De acordo com o IBGE (2010), a população no último censo da cidade de Pelotas-RS é de 328.275 habitantes, sendo estimada para 2019 de 342.405 pessoas. Destas 263.171 habitantes estão dentro da faixa etária do estudo, sendo possível de compor a amostra. Considerando o número de pessoas possíveis de compor a amostra, o estudo será realizada com um total de 320 consumidores, sendo 40 consumidores em cada uma das 8 unidades.
O questionário utilizado foi adaptado a partir de questões constantes no IBGE (2010), no artigo de Andrade e Bertoldi (2012) e na pesquisa do Organis (Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável) em parceria com Brain (Inteligência de mercado, pesquisa e estratégia) no ano de 2019 (ORGANIS,2020).
Por meio da análise das respostas dos consumidores que utilizam ou não alimentos orgânicos, será possível caracterizar aspectos demográficas, de consumo de alimentos em geral e de alimentos orgânicos por parte do público alvo, bem como fatores motivacionais e limitantes de consumo e aquisição dos referidos alimentos.
5.3.1 Variáveis em estudo
Serão avaliadas as variáveis independentes e dependentes a serem observadas no estudo realizado. Sendo a amostra os consumidores, as variáveis independentes Consumidor de orgânicos e não Consumidor de orgânicos e as dependentes:Idade, sexo, estado civil, número de filhos, nível de escolaridade, renda familiar, e números de pessoas que habitam o domicílio,Sobre responsabilidade pelas compras, razões da escolha de alimentos, informações sobre conhecimento, conceito e se consome alimentos orgânicos. Preço, marca, informações no rótulo, qualidade nutricional, interesse no consumo de orgânicos.Identificação do alimento orgânico, frequência de cosumo, locais de aquisição, alimentos mais consumidos, razões que motivam e limitam o consumo.

Tabela 10 - Variáveis dependentes e independentes identificadas no estudo
Amostra Variáveis
Independentes Dependentes
Estabelecimentos Consumidor de orgânicos Idade, sexo, estado civil, número de filhos, nível de escolaridade, renda familiar, e números de pessoas que habitam o domicílio.
Sobre responsabilidade pelas compras, razões da escolha de alimentos, informações sobre conhecimento, conceito e se consome alimentos orgânicos.
Não consumidor de orgânicos Preço, marca, informações no rótulo, qualidade nutricional, interesse no consumo de orgânicos.
Identificação do alimento orgânico, frequência de cosumo, locais de aquisição, alimentos mais consumidos, razões que motivam e limitam o consumo.
Fonte: elaborada pelo autor
5.4 Aspectos Éticos
Para realização do trabalho, antes de iniciar qualquer investigação, o projeto da pesquisa, conta com a carta de anuência (Apêndice B), à ser apresentada aos gestores ou órgãos responsáveis pelos seguintes segmentos: feiras livres convencionais (n=3: FC1, FC2, FC3), feiras livres de produtos orgânicos (n=3: FO1, FO2, FO3), mercados de frutas (n=3: MF1, MF2, MF3) e atacarejos (n=3: ATA1, ATA2, ATA3), totalizando 12 (doze) unidades, será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP da UFPel. Este emitirá o Parecer Consubstanciado para a realização da pesquisa com o título Perfil de Consumidores de Alimentos Orgânicos em Pelotas-RS. A partir da aprovação do projeto, todos os participantes/consumidores irão tomar ciência sobre os objetivos do trabalho, e em concordando participar, assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, autorizando sua participação na pesquisa (Apêndice C).

Com este projeto espera-se:
• Ampliar as discussões a cerca dos orgânicos.
• Verificar um maior número de consumidores do sexo feminino, com elevado grau escolaridade e renda familiar.
• Que a maior motivação de consumo seja a saúde, e o fator limitante preço dos produtos.
• Que maioria dos consumidores saiba o que são alimentos orgânicos, bem como conceituem os mesmos como sendo sem agrotóxicos ou pesticidas.
• Caracterizar os consumidores de alimentos orgânicos dos segmentos estudados, identificando a media percentual geral e por local do número de consumidores destes.