Nome do Projeto
OLEOS ESSENCIAIS APLICADOS A ESTÉTICA E COSMÉTICA: LEVANTAMENTO DE UTILIZAÇÃO E ANÁLISE DE CITO E GENOTOXICIDADE
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/03/2022 - 31/03/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
Estudos envolvendo a nossa biodiversidade genética vegetal vem ganhando importância, pois além de obter-se conhecimento sobre diferentes aspectos da nossa flora, a identificação de constituintes químicos com potencial de fornecer substâncias ativas para o desenvolvimento de fármacos e outros produtos tem sido alvo de inúmeras pesquisas, bem como entender quais princípios ativos são capazes de exercer ação tóxica. Este projeto visa reconhecer o estado da arte do uso de óleos essenciais em áreas de interesse do grupo de pesquisa bem como avaliar a cito e genotoxicidade de óleos essenciais (OE) mais utilizados em procedimentos estéticos utilizando bioindicadores vegetais. Para tanto, serão realizados levantamentos bibliográficos e produção de artigo de revisão bibliográfica utilizando publicações atuais das bases de dados bibliográficas Google acadêmico, Scielo, Pubmed e Lilacs referentes ao tema óleos essenciais, levantamento de dados sobre a utilização do OE em produtos estéticos e cosméticos através da aplicação de questionário para profissionais da saude e a identificação de cito e genotoxicidade destes OE utilizando bioindicadores vegetais nesta prospecção.

Objetivo Geral

Avaliar a cito e genotoxicidade de óleos essenciais (OE) mais utilizados em procedimentos estéticos utilizando bioindicadores vegetais como bioprospeção.

Justificativa

Os óleos essenciais (OEs) são substâncias complexas, lipossolúveis, voláteis e de fragrância variável, provenientes de diferentes partes da planta, e produto do metabolismo secundário das plantas aromáticas (SOUZA et al, 2021). Segundo a legislação brasileira, os OEs são produtos voláteis de origem vegetal adquirido por meio de método físico, como destilação por arraste com vapor de água, destilação a pressão reduzida ou outro método adequado (ANVISA, 2010). Os OEs são considerados como produtos fitoterápicos, por condizer na descrição de produto adquirido de planta medicinal e seus derivados, exceto substâncias isoladas, com o objetivo profilático, paliativo ou curativo (BRASIL, 2011).
A utilização de fitoterápicos foi reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde em 1978 e no Brasil a política de plantas medicinais e fitoterápicos foi regulamentada em 1981 pela Portaria nº 212 de 11 de setembro do Ministério da Saúde, que delibera sobre a pesquisa utilizando plantas medicinais na rotina clínica. Assim, em 1982, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos com o intuito de promover o desenvolvimento de terapêuticas alternativas à base de plantas medicinais a luz da ciência (BRASIL, 2011). Em 2006, foi aprovada através do Decreto Nº 5.813, de 22 de junho de 2006, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos que constitui diretrizes e linhas que priorizam o desenvolvimento de ações voltados à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso país, conforme a legislação vigente (BRASIL, 2006). Na farmacopeia brasileira encontramos diversas espécies vegetais importantes com embasamento científico para potencial uso terapêutico, as quais são apresentadas também para serem usadas no Sistema Único de Saúde (SUS) (SOUZA et al, 2021) e com base nestes dados as pesquisas com plantas medicinais tem ganhado visibilidade ampliando os conhecimentos científicos para diferentes áreas além do uso em humanos.
Os Óleos Essenciais têm sido utilizados em diversas áreas devido suas ações como antibacterianos, antivirais, aditivo alimentar, antifúngicos, antiparasitários, inseticidas e também na saúde humana entre outras aplicações (GUPTA et al, 2020; ZITTERL-EGLSEER; MARSCHIK,2020; WIDONDO, 2020; YU et al, 2021; FIERASCU et al., 2020; RAVEAU et al, 2020; ISMAN, 2019).
Em relação a saúde humana (e aqui inclui-se produtos estéticos e dermatológicos) os consumidores tem buscado ingredientes naturais, ingredientes botânicos e os chamados "livre de", que se referem a produtos manufaturados livres de sais, sulfatos, silicones, parabenos e outros componentes considerados prejudiciais (ABERLAN et al., 2021). Os óleos essenciais extraídos de plantas medicinais têm sido indicados para o tratamento de inúmeras doenças devido às suas propriedades antimicrobiana, antiviral, antimutagênica, anticâncer, antioxidante, antiinflamatória, imunomoduladora e antiprotozoária (SAXENA, 2021; CARDIA et al, 2021).
Porém, mesmo sendo considerado um produto natural os OE e extratos vegetais são misturas complexas de diferentes ingredientes ativos e que não necessariamente podem ser considerados seguros sem pesquisas de toxicidade (SINDLE; MARTIN, 2021).
Em muitos países, o óleo essencial não tem o mesmo controle regulatório de medicamentos, e ainda com pouca publicação cientifica sobre a toxicidade aguda e nível de toxicidade de óleos essenciais (GOGOI et al, 2020). Neste sentido, é importante a utilização de testes de genotoxicidade como o Allium teste, o qual que é um método barato e eficiente, como forma de avaliação de alterações cromossômicas em raízes. O Allium teste é validado pelo Programa Internacional de Segurança Química (IPCS, OMS) e o Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) como um eficiente teste para análise e monitoramento in situ da genotoxicidade de substâncias ambientais (CABRERA; RODRIGUEZ, 1999; GALLO et al, 2020).
O teste de A. cepa é considerado eficiente para analisar e monitorar as possíveis alterações genotóxicas que determinadas substâncias podem causar; sendo avaliados a proliferação celular, o índice mitótico e a presença de alterações cromossômicas e tem sido utilizado em estudos relacionados à análise de substâncias bioativas de origem vegetal para identificar potenciais riscos ou benefícios do uso dessas plantas. (TERCEIRO e OLIVEIRA, 2020; MASCARENHAS et al, 2021).

Metodologia

4.1 Revisão bibliográfica

As revisões bibliográficas desempenham um importante papel na transferência de informações entre pesquisadores e seus pares, bem como é um instrumento facilitador na divulgação cientifica para pesquisadores iniciantes, acadêmicos e leigos, num processo de popularização da ciência. Artigos de revisão bibliográfica permitem a comparação de informações de diferentes fontes, propondo uma visão geral do estado da arte de um determinado assunto em um período especifico e também auxiliar nas novas diretrizes para projetos de pesquisa.
Este projeto compõe três análises distintas considerando a aplicação dos óleos essenciais em estética do fotoenvelhecimento em humanos e outros temas de interesse relacionados às atividades de pesquisa, extensão e ensino do grupo de pesquisa.
A revisão bibliográfica caracteriza-se como uma revisão narrativa da literatura. As buscas serão realizadas nas bases de dados bibliográficas Google acadêmico, Scielo, Pubmed e Lilacs. Serão selecionados artigos escritos em português, inglês e espanhol, com tempo limite de 2012 até 2022. As palavras chaves e seus respectivos termos nos idiomas inglês e espanhol serão escolhidas conforme o grupo de acadêmicos envolvidos no projeto, com a seguinte sistemática: serão incluídos todos os artigos originais pertinentes ao tema pesquisado que abordem o assunto de forma direta e sendo excluídos cartas, comentários, resumo expandidos de trabalhos, revisões de literatura, estudos de casos, artigos com metodologias indefinidas e com resultados inconclusivos, além de estudos duplicados e com diferente proposta temática. Para a seleção dos estudos, primeiramente serão inseridos as palavras chave no sistema e então realizada a avaliação dos títulos e resumos identificados na busca inicial. Quando o título e resumo não foram esclarecedores, o artigo será lido na integra para definir se o estudo seria incluído na revisão.

4.2. Levantamento de dados

Este levantamento sobre o conhecimento e utilização de OE não se trata de uma análise etnobotânica, com todos os cuidados que exige um estudo desta natureza, mas um relato da utilização, por uma determinada população, para posterior análise em estudo com bioindicadores vegetais da cito e genotoxicidade dos OE mais utilizados pela população consultada.
Assim, o levantamento dos dados será via plataforma Google forms e entrevistas presenciais ou remotas de acordo com o procedimento previamente agendado com os profissionais terapeutas estéticos, aromaterapeutas, fisioterapeutas dermatofuncionais e farmacêuticos magistrais na cidade de Pelotas/RS. As questões direcionam para entender quais os OE têm sido utilizados bem como os conhecimentos acerca dos OE empregados. Posteriormente será aplicado um questionário aos universitários da UFPel para avaliar os conhecimentos acerca do mercado de produtos naturais em cosméticos. Os questionários e o TCLE estão no projeto em anexo.

4.3Avaliação cito e genotóxica em bioensaio vegetal

Após o levantamento dos OE mais utilizados em procedimentos estéticos, a análise de citogenotoxicidade será realizada no Laboratório de Genética da UFPel, Instituto de Biologia, Departamento de Ecologia, Zoologia e Genética, RS, Brasil.
Os principais óleos essenciais citados nas entrevistas serão adquiridos comercialmente para análise e solicitado ao fabricante as análises de cromatografia do produto. As sementes orgânicas de A. cepa (cebola) e alface serão semeadas em caixas gerbox tendo como substrato papel mata-borrão esterilizado, umedecido com 8mL de água destilada esterilizada. Em cada gerbox, foram distribuídas 100 sementes, totalizando 500 por tratamento. Na tampa do gerbox será colado um papel do tipo mata borrão nas medidas de 2x2cm, no qual foi dispensado 1mL da solução dos tratamentos composta por óleo carreador mais óleo essencial (20% v/v), e como controles água destilada (C1) e água destilada mais óleo carreador (C2), evitando contato direto da solução testada com as sementes. Os gerbox serão mantidos em câmara de crescimento à temperatura de 20 ± 1°C e fotoperíodo de 12 horas. Para análise dos efeitos fisiológicos será conduzido o teste de germinação (G) com 100 sementes e cinco repetições por tratamento, e o resultado expresso em porcentagem contabilizado aos 12 dias após a semeadura. A primeira contagem de germinação (PCG) realizada conjuntamente com o teste de germinação será avaliada no sexto dia após a semeadura.
O índice de velocidade de germinação (IVG) e o tempo médio de germinação (TMG) também foram realizados simultaneamente ao teste de germinação, por meio da contagem diária do número de sementes que apresentaram protrusão até que o número de plântulas normais permanecesse constante (Maguire 1962; Silva e Nakagawa 1995).
Aos 12 dias após o início do teste, será determinado o comprimento da parte aérea e da raiz (CPA e CR) em 10 plântulas de cada subamostra, avaliadas ao acaso para cada tratamento com o auxílio de uma régua graduada. O efeito citotóxico e genotóxico dos óleos serão observados sobre o ciclo celular de células meristemáticas radiculares de cebola, analisando-se índice interfásico, metafásico e anafásico e a presença de alterações cromossômicas. Para análise serão observadas 250 células/lâminas, com nove repetições, totalizando 2250 células por tratamento e os índices expressos em porcentagem.
As análises serrão realizadas pela técnica de esmagamento, conforme metodologia descrita por Guerra e Souza (2002). Para tanto, as plântulas serão coletadas após a protrusão da radícula (entre 0,5 e 1 cm de comprimento), do segundo ao quarto dia da semeadura, e fixadas em Carnoy 3:1, permanecendo em temperatura ambiente por um período de 2 a 24 horas. Em seguida, armazenadas em freezer para posterior análise microscópica. Para a confecção das lâminas, as radículas passarão pelo processo de imersão em água destilada durante 5 minutos, por hidrólise em ácido clorídrico (HCl) 5,0 N por um período de 15 minutos, retornando à água destilada por mais 5 minutos. Posteriormente, para o preparo das lâminas as radículas serão manipuladas sob microscópio estereoscópico para a retirada da coifa e obtenção do meristema radicular, corado com orceína acética 2% e preparado conforme descrito por Fonseca et al., (2016). As lâminas de cada tratamento serão analisadas pelo método de varredura, em microscópio óptico a uma magnitude de 400x.
O delineamento experimental será inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial dois óleos isolados mais blend na concentração de 20% v/v, mais os dois controles (água destilada e com água + óleo carreador) com cinco repetições cada. Os resultados serão submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias, comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, pelo software R, para o fator qualitativo e realizadas análises de regressão, a 1 e a 5% de probabilidade, por meio do software Sigma-Plot versão 12.0.

Indicadores, Metas e Resultados

- Produção de comunicações científicas
- Número de alunos envolvidos
- Número de questionários aplicados

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ADRIELE DE AVILA SOARES
BEATRIZ HELENA GOMES ROCHA5
ERIC AVILA DA FONSECA
JÉSSICA DA ROCHA ALENCAR BEZERRA DE HOLANDA
KYLIE NEVES
LUCIANA BICCA DODE5
MANOELA COLPES VIEIRA
MARIA TERESA BICCA DODE
VERA LUCIA BOBROWSKI5

Página gerada em 18/04/2024 10:19:32 (consulta levou 0.148823s)