Nome do Projeto
Museu das Coisas Banais: objetos, pessoas, histórias
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
01/06/2017 - 31/12/2018
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Sociais Aplicadas
Eixo Temático (Principal - Afim)
Cultura / Direitos Humanos e Justiça
Linha de Extensão
Patrimônio cultural, histórico e natural
Resumo
O Museu das Coisas Banais foi criado em outubro de 2014 como um projeto de pesquisa vinculado ao Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas. A ideia do projeto surgiu a partir da reflexão sobre o destino das coisas pelas quais temos apreço. Diferente daqueles objetos utilitários que sobrevivem enquanto cumprem sua função, alguns objetos sobrevivem porque tem um valor especial para seus proprietários, independente de sua utilidade prática. O Museu das Coisas Banais foi criado no ciberespaço, ou seja, é um museu virtual, com o objetivo de preservar e compartilhar objetos de pessoas comuns, objetos que chamamos banais, mas que tem grande poder de evocação e mesmo transcendência. O museu foi criado para abordar a problemática desses objetos cotidianos que todos preservamos, que não estão representados nos museus, os quais dificilmente podemos compartilhar para além de nosso círculo íntimo e nosso tempo de vida. Entretanto, mais que pesquisa, o projeto se mostrou com um grande potencial de extensão a medida em que envolve diretamente a comunidade, tanto na doação dos objetos, quanto nas reflexões que essa promove a partir da existência do Museu.

Objetivo Geral

Tornar o Museu das Coisas Banais um projeto de caráter permanente na UFPEL, por um lado possibilitando o envolvimento dos alunos na construção da proposta museológica, ajudando assim na sua formação acadêmica, e, por outro, pretende fomentar a participação da comunidade, por meio da interação no museu virtual.

Justificativa

Historicamente os museus são considerados instituições onde se preservam bens culturais considerados importantes para uma determinada sociedade, que saindo de um circuito econômico ou de uso, passam a compor o acervo dessas instituições adquirindo valor simbólico (Pomian, 1984). Em cada época os homens selecionam entre os mais diversos objetos aqueles que merecem ser preservados atribuindo-lhes algum tipo de valor. Em geral esses bens adquirem o status de relíquias, ou porque foram objetos “produzidos por” ou porque “pertenceram a”. E onde ficam os objetos cotidianos produzidos por mãos anônimas e que não tem mais que o valor afetivo que lhes atribuem seus proprietários? A proposta do Museu das Coisas Banais (MCB) é discutir o objeto como portador de memória, especificamente esses objetos cotidianos, banais (Roche, 2004), presentes na vida diária, muitas vezes como objetos biográficos (Bosi, 1994), mas quase sempre ausentes nos museus. Esses objetos banais tem uma função memorial, de caráter pessoal ligam-se diretamente à noção de pessoa e à constituição da própria identidade através do tempo, acrescentando significado e incorporando ao objeto as marcas desse tempo que transcorre, pessoas desprovidas de objetos pessoais significativos sob o ponto de vista afetivo e temporal demonstram uma ausência de traços que as autodefinam (Bezerra, 2014). Ainda é possível pensar, conforme (Gonçalves, 2007, p. 10) que os objetos influem secretamente na vida de cada um de nós. Perceber e reconhecer esse fato pode trazer novas perspectivas sobre os processos pelos quais definimos, estabilizamos ou questionamos nossas memórias e identidades.Nossos objetos nos dizem um pouco sobre quem somos, nas palavras de Radley (2006, p. 158): “esses objetos e memórias assumem posturas afetivas em volta de nós como uma sociedade muda e imóvel. Eles não falam, mas nós os compreendemos, porque têm um sentido que familiarmente deciframos”.
O principal objetivo do projeto é discutir os objetos banais como portadores de memória e passíveis de tornarem-se objetos museológicos. Ao tratar objetos banais pretende-se ampliar a ideia de bens patrimoniais, mostrando que o mais simples objeto pode, se bem documentado, ser um emissário da cultura (Ballart, 2007).
Todos somos um pouco colecionadores, guardamos objetos que nos permitem, através de lembranças, transcender no tempo e espaço. Nossos objetos nos levam ao passado, a uma cidade ou país distante, nos colocam frente a frente com pessoas e situações vividas, dos quais eles são provas materiais. A coleção, embora apareça como uma categoria histórica e culturalmente relativa, nos diz Gonçalves (2007, p.25), pode assumir uma dimensão mais ampla, como uma prática universal presente em toda e qualquer sociedade humana.
Os registros de memória dos indivíduos modernos são, de forma geral e por definição, subjetivos, fragmentados e ordinários como suas vidas. Seu valor, como documento histórico, é identificado justamente nessas características" (CASTRO GOMES, 2004, p. 11). Os objetos são uma forma de produção de memória que merece ser guardada e lembrada, muitos desses objetos “muitas vezes são destruídos por se desconhecer a importância que têm para o estudo de tempos pretéritos” (MIGNOT, 2005, p. 37). Ao propor a criação de um "Museu das Coisas Banais" pretende-se, dotar de outros significados os objetos guardados.
Nesse sentido, a preservação em um espaço virtual permite a socialização de memórias ao atribuir aos doadores um protagonismo em relação ao que pode ser patrimonializado.

Metodologia

Partindo de uma ideia experimental o projeto visa discutir os objetos banais como portadores de memória e passíveis de tornarem-se objetos museológicos, conforme exposto. Embora a ideia seja a criação de um museu de forma experimental, todos os labores de uma instituição museal serão seguidos. Assim, para o museu virtual se estabelecerá uma missão, uma política de aquisição, documentação do acervo, pesquisa do acervo, comunicação do acervo, ou seja, será empregada a metodologia museológica em todas as fases do processo e essa, bem como as discussões conceituais serão elaboradas na própria pesquisa. A base de toda a discussão será os objetos como portadores de memória. A comunidade será chamada a participar através da doação de acervos e discussão sobre os valores dos objetos-


Indicadores, Metas e Resultados

Como a proposta tem uma metodologia participativa, pretende-se estimular o interesse por parte dos discentes envolvidos e ao mesmo tempo possibilitar o envolvimento dos acadêmicos na criação de um projeto e não somente em sua execução.A colocação em prática do projeto através do planejamento da criação do museu virtual apresentará aos acadêmicos situações práticas de trabalho e desafios, proporcionando a oportunidade de resolver problemas semelhantes aos que encontrarão na vida profissional. A criação de um museu virtual, além de estimular a utilização de recursos tecnológicos cada vez mais presentes na área, permitirá a divulgação do projeto, o que representa um retorno para a comunidade envolvida (“doadores” de acervos e memórias), bem como para a comunidade em geral.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DANI MARIN AMPARO RANGEL
Joana Schneider
Joana Schneider
Juliane Conceição Primon Serres16
Nara Regina Farias Avila

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