Nome do Projeto
Estudo antropológico sobre percepções, emoções e inteligência artificial
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
30/05/2023 - 30/12/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
A proposta constitui um desdobramento de experiências de pesquisa, ensino e extensão desenvolvidas ao longo dos 15 anos pelo Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som (LEPPAIS), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt/UFPel), particularmente à linha de investigação 'Máquinas, Corpos e Grafias' do Coletivo Antropoéticas.
Considerando que a Inteligência Artificial (IA) media e produz práticas, relações, subjetividades, alteridades, modos de vivenciar e conceber o espaço, o tempo e a própria existência, este projeto propõe o desenvolvimento de dispositivos numéricos por meio de realidades mistas, capazes de mediar dos processos de verbalização e compreensão de emoções relacionadas a fenômenos percebidos pelo corpo.
O método para o estudo baseia-se na associação entre narrativas orais e ferramentas de IA, tais como a DALL-E e a Midjourney, que geram imagens digitais a partir de prompts de comando seguidos de uma frase, evocando experiências sensoriais distintas e imaginários que sustentem as representações artificiais em cada situação narrada.
Tomaremos como universos de investigação, coletivos com os quais já temos sólidos vínculos de pesquisa: a Comunidade Quilombola Rincão das Almas, em São Lourenço do Sul (RS); o Grupo de Auto e Mútua ajuda Vozes que nos Unem, em Rio Grande (RS), coletivos de candombe uruguaio, além de segmentos sociais que circulam em espaços públicos.
Com eles, pretendemos dar início a experimentações mediadas por dispositivos tecnológicos de IA com vistas à comunicação de experiências sensoriais associadas a intuições, premonições, sonhos e acontecimentos que desejem relatar.
Objetivo Geral
Partindo de uma perspectiva multimodal (LAPLANTINE, 2005) o presente projeto tem por objetivo adensar e expandir as formas de narrar e extroverter pesquisas etnográficas realizadas de forma colaborativa a partir de dispositivos tecnológicos de IA. Com isso, busca-se produzir e analisar representações imagéticas e sonoras que respondam à voz e aos conteúdos das experiências narradas pelas pessoas, seja pela oralidade, seja pela escrita, buscando identificar os modos como elas respondem a essas experiências. Acredita-se que o estudo possa diversificar a produção de “imagens” acerca dos sentidos, a partir da experimentação da construção de narrativas que partam da afecção em campo, como uma tentativa de tornar possível a compreensão de seus aspectos intangíveis. Tendo em vista que o universo das relações humanas extrapola a proeminência cultural da visão e da audição, buscamos fornecer subsídios para uma primeira aproximação do grupo com questões que envolvem multissensorialidade e mediação de acessibilidades visuais e sonoras (VERGARA e KASTRUP, 2013).
Justificativa
Compreendendo que as novas tecnologias mediam e produzem práticas, relações e subjetividades próprias da cultura contemporânea e que as mutações sociais provocadas pela onipresença da IA têm agência sobre a totalidade das relações humanas em termos de subjetividades, alteridades, modos de vivenciar e conceber o espaço, o tempo, o mundo e a existência, este projeto justifica-se pela proposta inovadora no campo antropológico, relacionada ao desenvolvimento de dispositivos numéricos por meio de realidades mistas.
Em consonância com “sistemas perceptivos complexos” (SANTAELLA, 2004), as emoções (REZENDE; COELHO, 2010; LE BRETON, 2019) são significadas de acordo com o universo simbólico e cultural de cada pessoa. É nessa direção que linguagens poéticas como a fotografia, o audiovisual, as ambiências sonoras e a performance contribuem para uma epistemologia que incorpora a experiência estética como forma de produção do conhecimento e de comunicação dos resultados. A proposta de “especulação fabulativa” de Donna Haraway (2019), por exemplo, evidencia que o processo de conhecimento pode ser mediado por práticas político-poéticas que implicam emoção e imaginação.
Em consonância com “sistemas perceptivos complexos” (SANTAELLA, 2004), as emoções (REZENDE; COELHO, 2010; LE BRETON, 2019) são significadas de acordo com o universo simbólico e cultural de cada pessoa. É nessa direção que linguagens poéticas como a fotografia, o audiovisual, as ambiências sonoras e a performance contribuem para uma epistemologia que incorpora a experiência estética como forma de produção do conhecimento e de comunicação dos resultados. A proposta de “especulação fabulativa” de Donna Haraway (2019), por exemplo, evidencia que o processo de conhecimento pode ser mediado por práticas político-poéticas que implicam emoção e imaginação.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa antropológica, com abordagem interdisciplinar, ancorada no método etnográfico e na pesquisa-ação. O estudo da relação entre as emoções evocadas por experiências sensoriais distintas e o imaginário que sustenta as representações artificiais em cada situação narrada será baseado na associação entre narrativas orais e ferramentas de Inteligência Artificial (IA), tais como a DALL-E e a Midjourney, que geram imagens digitais a partir de prompts de comando seguidos de uma frase. A partir dos resultados aportados por cada experimentação em campo, buscaremos variações dos resultados e aplicabilidades pensadas para o campo da antropologia multimodal. Teremos em mente também, a potencialidade da pesquisa para a produção de éticas e estéticas relacionadas à acessibilidade e a mediações no campo visual e sonoro (VERGARA e KASTRUP, 2013).
Quatro universos de investigação consolidados por pesquisadores do Coletivo Antropoéticas serão alvo do estudo e da pesquisa-ação:
- mulheres quilombolas da comunidade Rincão das Almas em São Lourenço (RS), que relatam experiências premonitórias que lhes chegam por meio da intuição, dos sonhos e de pensamentos inesperados.
- grupo de Auto e Mútua ajuda Vozes que nos Unem em Rio Grande (RS), nos quais mulheres que receberam diagnósticos de doença mental ao longo de sua trajetória de vida, e mulheres que nunca foram patologizadas, referem experiências sensoriais diversas, positivas e negativas, manifestadas por meio de vozes internas (pensamentos ou vozes da consciência) e vozes externas (de entes espirituais e pessoas não presentes), sonhos que carregam mensagens, cheiros que anunciam presenças e acontecimentos e outras mais.
- coletivo de candombe da cidade de Bagé (RS), fronteira com o Uruguai, que, tal como as comunidades candomberas uruguaias, considera que a aprendizagem desta manifestação musical afro-latino-americana que não se limita às intenções e ações humanas, pois repousa na correspondência entre corpo, ritmo e ambiente, bem como na sinergia entre tamborileiros.
- espaços públicos da cidade de Pelotas, onde serão feitas intervenções com auxílio de um notebook portátil, buscando acessar diversos segmentos sociais, dentre os quais se busca mensurar a percepção de experiências similares em pessoas que convivem com as mesmas de modo naturalizado.
Quatro universos de investigação consolidados por pesquisadores do Coletivo Antropoéticas serão alvo do estudo e da pesquisa-ação:
- mulheres quilombolas da comunidade Rincão das Almas em São Lourenço (RS), que relatam experiências premonitórias que lhes chegam por meio da intuição, dos sonhos e de pensamentos inesperados.
- grupo de Auto e Mútua ajuda Vozes que nos Unem em Rio Grande (RS), nos quais mulheres que receberam diagnósticos de doença mental ao longo de sua trajetória de vida, e mulheres que nunca foram patologizadas, referem experiências sensoriais diversas, positivas e negativas, manifestadas por meio de vozes internas (pensamentos ou vozes da consciência) e vozes externas (de entes espirituais e pessoas não presentes), sonhos que carregam mensagens, cheiros que anunciam presenças e acontecimentos e outras mais.
- coletivo de candombe da cidade de Bagé (RS), fronteira com o Uruguai, que, tal como as comunidades candomberas uruguaias, considera que a aprendizagem desta manifestação musical afro-latino-americana que não se limita às intenções e ações humanas, pois repousa na correspondência entre corpo, ritmo e ambiente, bem como na sinergia entre tamborileiros.
- espaços públicos da cidade de Pelotas, onde serão feitas intervenções com auxílio de um notebook portátil, buscando acessar diversos segmentos sociais, dentre os quais se busca mensurar a percepção de experiências similares em pessoas que convivem com as mesmas de modo naturalizado.
Indicadores, Metas e Resultados
Dentre as metas e resultados esperados para este projeto, destacamos:
- Problematização das potencialidades e limitações das Realidades Mistas que permitem a combinação cooperativa do mundo físico com o ambiente digital;
- Investigação sobre as IAs, enquanto aliadas a múltiplas linguagens, podendo contribuir para o campo antropológico, sobretudo no que diz respeito às metodologias de pesquisa e, mais especificamente, à escrita etnográfica;
- Mediação de processos de verbalização e compreensão de emoções relacionadas a fenômenos percebidos pelo corpo a partir do desenvolvimento de dispositivos numéricos por meio de inteligências artificiais;
- Compreensão do tipo de relação estabelecida entre o campo das experiências sensoriais (e os significados simbólicos atribuídos por cada pessoas) em relação com os processos e produtos decorrentes das ações mediadas pelas ferramentas de IA;
- Investigação das potencialidades da “especulação fabulativa” (HARAWAY, 2019), em articulação com os resultados advindos das práticas com as ferramentas de IA, no processo de narrar;
- Desenvolvimento de formas de restituição transmídia para pesquisas antropológicas que vêm sendo desenvolvidas de forma dialógica há anos junto às comunidades em questão, buscando soluções para mediações de acessibilidade visual e sonora.
- Problematização das potencialidades e limitações das Realidades Mistas que permitem a combinação cooperativa do mundo físico com o ambiente digital;
- Investigação sobre as IAs, enquanto aliadas a múltiplas linguagens, podendo contribuir para o campo antropológico, sobretudo no que diz respeito às metodologias de pesquisa e, mais especificamente, à escrita etnográfica;
- Mediação de processos de verbalização e compreensão de emoções relacionadas a fenômenos percebidos pelo corpo a partir do desenvolvimento de dispositivos numéricos por meio de inteligências artificiais;
- Compreensão do tipo de relação estabelecida entre o campo das experiências sensoriais (e os significados simbólicos atribuídos por cada pessoas) em relação com os processos e produtos decorrentes das ações mediadas pelas ferramentas de IA;
- Investigação das potencialidades da “especulação fabulativa” (HARAWAY, 2019), em articulação com os resultados advindos das práticas com as ferramentas de IA, no processo de narrar;
- Desenvolvimento de formas de restituição transmídia para pesquisas antropológicas que vêm sendo desenvolvidas de forma dialógica há anos junto às comunidades em questão, buscando soluções para mediações de acessibilidade visual e sonora.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
CLAUDIA TURRA MAGNI | 6 | ||
DANIELE BORGES BEZERRA | |||
GUILHERME RIBEIRO CORRÊA | 6 | ||
HAMILTON OLIVEIRA BITTENCOURT JÚNIOR | 2 | ||
Joaquim Francisco dos Santos Neto | |||
LISANDRO LUCAS DE LIMA MOURA | |||
PATRÍCIA DOS SANTOS PINHEIRO | |||
PEDRO HENRIQUE GUATURA DARLAN | |||
REGINALDO DA NOBREGA TAVARES | 6 |