Nome do Projeto
PAPEL DE SUBSTÂNCIAS SECRETADAS POR Toxoplasma gondii EM MODELO DE DOENÇA NEURODEGENERATIVA: PODERIA O Toxoplasma gondii REGULAR A DOENÇA DE ALZHEIMER?
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
03/06/2024 - 27/12/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
O Toxoplasma gondii é um parasita que infecta uma grande variedade de animais e causa infecções zoonóticas em humanos. Na fase aguda da infecção, as respostas imunes dependentes de interferon controlam a rápida expansão do parasita e atenuam os sintomas agudos da doença. No entanto, após a disseminação, o parasita se diferencia em cistos semi dormentes que se formam dentro das células musculares e neurônios, onde persistem por toda a vida no hospedeiro infectado. O controle da infecção no sistema nervoso central, um compartimento de privilégio imunológico, depende de respostas imunes modificadas que visam equilibrar o controle da infecção enquanto limitam os danos causados pela inflamação. Em resposta à ativação de vias mediadas por interferon, o parasita secreta uma série de proteínas efetoras para escapar da depuração imune e garantir a sobrevivência latente. Embora essas vias sejam melhor estudadas em ratos de laboratório, evidências emergentes apontam para mecanismos únicos de controle da toxoplasmose humana. Um estudo recente evidenciou que a proliferação microglial induzida por T. gondii reduziria a progressão da Doença de Alzheimer (DA). Assim, o objetivo geral deste projeto será investigar se um suprimento sustentado de microglia homeostática poderia ser uma perspectiva promissora para o tratamento da DA via ativação de células microgliais por T. gondii. Para a execução deste projeto, células da linhagem microglial BV-2 serão cultivadas na presença de T. gondii e na adição de peptídeos - amilóides a fim de mimetizar a DA. Um estudo piloto para triagem que quantidade de parasitos e tempo de estimulação microglial será realizado. Ensaios de viabilidade, proliferação e morte celular serão investigados. Além disso, serão quantificados emaranhados de placas -amilóides, vias inflamatórias de infeção e perfil de citocinas após ativação microglial induzida por T. gondii. Por fim, espera-se que o T. gondii ative as células microgliais e estimule as células microgliais a reparar danos neurais relacionados a DA à nível de Sistema Nervoso Central.

Objetivo Geral

Elucidar o papel da micróglia infectada por T. gondii na redução da carga amiloide em modelo in vitro de DA.

Justificativa

Dado que a micróglia monitora continuamente o parênquima circundante para detectar alterações na função cerebral e está envolvida no controle da excitabilidade neuronal, atividade sináptica, neurogênese e depuração de células apoptóticas no cérebro adulto saudável, é de extrema relevância determinar como o T. gondii poderia modular a micróglia em doenças neurodegenerativas crônicas, como a DA, (Chen e Trapp, 2016; Wes et al., 2016). Assim, este estudo contribuirá não só na descoberta de imunomoduladores para a DA, como também na busca de moléculas derivadas de T. gondii e como elas podem evocar um fenótipo regulatório ou tolerogênico entre as células neuroimunes.
Por fim, justifica-se que a administração de moléculas derivadas de parasitas é considerada mais eficaz e segura para os seres humanos do que outros medicamentos imunomoduladores. No entanto, a maioria dos experimentos para investigar as funções das proteínas derivadas de parasitas, em termos de seus efeitos, envolveu modelos animais. Assim, os padrões de qualidade de produção e as dosagens eficazes das proteínas derivadas do parasita precisam ser confirmados. Além disso, os mecanismos precisos dessas proteínas-chave precisam ser mais explorados.

Metodologia

Para o estudo, serão utilizadas células da linhagem microglial BV-2 (código 0356) obtidas através do banco de células do Rio de Janeiro (BR) e cedida pelo Laboratório de Enzimologia Toxicológica da UFSM. As células serão cultivadas na densidade 2,5X105 em meio Dulbecco's Modified Eagle's Medium (Sigma-Aldrich) modificado para conter 4 mM L-glutamina, 4500 mg/L de glicose, 1 mM de piruvato de sódio e 1500 mg/L de bicarbonato de sódio, 10% fetal bovino soro (Sigma-Aldrich) e 1% de penicilina/ estreptomicina (100 U/ mL de penicilina e 100 μg / mL de estreptomicina) (Sigma-Aldrich) em condições ideais de crescimento (37ºC com 95% de oxigênio e 5% de CO2).

As células serão infectadas com cepa virulenta de T. gondii (Cepa RH na densidade de 1:10 parasitas/células) ou cepa cistogênica (ME-40, média de 5 cistos/célula). Ambas as cepas serão previamente irradiadas em luz UV por 30 minutos para inviabilizar o potencial patogênico do parasito. Após, serão adicionadas em meio de cultivo RPMI até o uso.

As culturas de células BV-2 serão pré-incubadas com o peptídeo b-amilóide (Ab, Sigma Aldrich) mediante curva concentração-tempo a ser definida por testes piloto durante o projeto antes da adição do T. gondii a fim de mimetizar o modelo de DA.

A taxa de proliferação celular será medida após incubação com 50 μmol/L de 5-bromo-2 desoxiuridina (BrdU, Sigma Aldrich), um análogo da timidina que se incorpora ao DNA durante a fase S do ciclo celular e pela marcação do DNA total com iodeto de propídio (IP) durante 30 minutos. O BrdU será adicionado ao meio de cultura na concentração final de 50 µmol/L e as células cultivadas por 30 minutos (para análise das fases do ciclo celular) ou 2 h (análise da proliferação celular). Após este período, as células serão dissociadas mecanicamente e fixadas com etanol 75%. A recuperação antigênica será realizada seguindo a fixação de células com PFA 4%. As células serão lavadas em PBS, e incubadas durante 2 h com anticorpo anti-BrdU (1:500, Sigma-Aldrich). Os anticorpos secundários conjugados com Alexa Fluor-488 serão usados a 1:500 de diluição(Sigma-Aldrich). Após lavagem com PBS, solução DAPI (0,3 μg/mL, Sigma-Aldrich,) será utilizado como um corante nuclear. As análises serão obtidas por imunocitoquímica utilizando microscopia.
A viabilidade celular das células BV-2 serão analisada pelo método do brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-2H-tetrazólio (MTT, Sigma-Aldrich). As células serão incubadas com 5 mg/mL de MTT durante 2 h a 37 °C sob 5% de CO2 e 95% de umidade. Após, para solubilização dos cristais de formazan, será adicionado dimetilsulfóxido (DMSO – Sigma-Aldrich) e as absorbâncias serão lidas a 560 nm em leitor de microplacas. Os resultados serão expressos como porcentagens dos grupos controle não tratados.
5.5 Quantificação de proteína -amilóide e emaranhados neurofibrilares
As células BV-2 serão fixadas em 4% de paraformaldeído (PFA) durante 20 min e, em seguida, bloqueadas/permeabilizadas em 3% de SFB, 0,1% de Triton X-100 durante 20 min, incubadas com anticorpos primários de proteína fibrilar ácida anti-glial (GFAP) (1:500, Sigma-Aldrich), anti-APP (1:500; Sigma-Aldrich). As imagens serão capturadas com câmera digital Nikon DXM1200F acoplada sob um microscópio de fluorescência (Axiovert 200, Zeiss). Os experimentos serão realizados em triplicatas e os dados calculados através do software Flowjo.

A quantificação extracelular de DNA de fita dupla (dsDNA) será determinada usando uma sonda fluorescente Quant-iT PicoGreen® dsDNA. Este reagente se liga ao dsDNA liberado no meio extracelular, indicando um parâmetro de dano celular ou lise [36]. A intensidade de fluorescência será determinada na excitação de 480 nm e na emissão de 520 nm usando um leitor de microplacas. Os resultados expressos como percentagem do controlo negativo (% de conteúdo de dsDNA livre).

A expressão gênica de citocinas pró e anti-inflamatórias será realizada em resposta à exposição ao T. gondii serão avaliadas pela reação em cadeia da polimerase (PCR). O RNA será isolado utilizando o reagente TRIzol™ de acordo com o protocolo do fabricante e quantificado espectrofotometricamente (Thermo Scientific™ NanoDrop Lite). A síntese complementar de DNA (cDNA) será realizada utilizando o kit de síntese de cDNA iScript™ (Bio-Rad Laboratories) através de amplificação em termociclador: 25 °C por 5 min, 46 °C por 20 min e 95 °C por 1 min ou de acordo com fabricante. Os resultados serão apresentados como quantificação relativa do grupo controle. O gene da β-actina ou similar será utilizado como gene endógeno para normalização de dados.

As análises estatísticas dos dados serão realizadas em software GraphPad Prism 5 (GraphPad, La Jolla, CA, EUA). Os dados são apresentados como a média ± erro padrão da média utilizando a análise de variância unidirecional (ANOVA) seguida pelo teste de múltiplas comparações de Tukey. Diferenças significativas serão consideradas quando p<0.05.


Indicadores, Metas e Resultados

Ao final deste estudo, espera-se:
- Demonstrar os efeitos diretos do T. gondii em modelo de DA utilizando células microgliais;
- Elucidar o potencial imunomodulador do T. gondii na micróglia ativada;
- Reduzir a taxa de emaranhados neurofibrilares e/ou p-tau em micróglia infectadas por T. gondii;
- Determinar a taxa de proliferação/morte celular induzidas por T.gondii no modelo de DA;-
- Entender o mecanismo supressivo das respostas imunes elicitadas pelo T. gondii na DA;
- Explorar o potencial supressivo das proteínas do parasito para induzir a imunomodulação;

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BEATRIZ QUIRINO ZANATTA
EDUARDA PACKOWSKI BRAGA
JAQUELINE IEPSEN
JEAN PIRAINE SOUZA2
JENIFER TATIANA MULLER
LEDA MARGARITA CASTANO BARRIOS2
LUIS PAULO HENRIQUES RODRIGUES DA SILVA
MARIA ANTONIA ZEM ROTAVA
MATEUS TAVARES KUTTER2
NATHIELI BIANCHIN BOTTARI4
NATÁLIA BERNE PINHEIRO6

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