Nome do Projeto
A experiência de ouvir vozes
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/03/2024 - 01/03/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Ouvir vozes é uma experiência humana, comumente associada a transtornos psiquiátricos, no entanto sabemos através de um estudo de Sidgewick em 1894, que 8% dos homens e 12% das mulheres, de uma amostra de dezessete mil pessoas, já tinham experienciado alguma vivência alucinatória. Outro estudo muito importante foi o de Tien (1991), que em uma amostra de 18.572 pessoas encontrou uma prevalência de 2.3% de pessoas que ouvem vozes com frequência em contraste com a prevalência de 1% de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia. Esse estudo mostra que ouvir vozes, por si só, não pode ser considerado sintoma de uma doença. Esse dado vai ao encontro da afirmação de Baker (2016), de que mesmo que uma em cada três das pessoas que ouvem vozes acabe fazendo uso de serviços de saúde mental, duas em cada três conseguem lidar bem com as vozes e não precisam de atendimento psiquiátrico. Trata-se de um estudo misto quanti-qualitativo. Na etapa quantitativa se utilizará dados secundários de prontuários de usuários de serviços de saúde mental num estudo censitário, a partir de um instrumento previamente elaborado para captar informações do perfil sociodemográfico dos usuários, e identificação dos ouvidores de vozes. Trata-se de uma pesquisa documental, fonte de coleta de dados primária restrita a documentos, podendo ser feita no momento em que o fato ou fenômeno ocorre ou depois (MARCONI; LAKATOS, 2010). Os dados serão coletados aplicação de um questionário com questões abertas sobre dados do prontuário clínico de indivíduos acompanhados ou em acompanhamento no serviço de saúde mental. Numa etapa seguinte será aplicada a Entrevista de Mastricht aqueles identificados na etapa anterior como ouvidores de vozes. Na etapa qualitativa se trabalhará com estudo de caso através de observações de campo no CAPS e no domicilio do Ouvidor de Vozes e entrevistas em profundidade com vistas a conhecer as diferentes experiências de ouvidores de vozes abordando as características das vozes, as emoções mobilizadas, os eventos relacionados a escuta das vozes, as possíveis relações com a experiência de vida do sujeito e estratégias desenvolvidas para conviver e lidar com as vozes. Os estudos de caso apresentam características importantes tais como: visam à descoberta, enfatizam a interpretação em contexto, buscam retratar a realidade de forma completa e profunda, usam uma variedade de fontes de informação, revelam experiências de vida, procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presente numa situação social (LÜDKE; ANDRÉ, 1986).O presente estudo respeitará a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, sobre Pesquisa com Seres Humanos , e o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem , no seu Capítulo III, no que diz respeito a Deveres, nos artigos 89, 90 e 91, e às Proibições, nos artigos 94 e 98 (COFEN, 2007; BRASIL, 2012). A análise de dados na etapa qualitativa se dará pela análise temática. A análise temática divide-se em três momentos distintos.
Objetivo Geral
Identificar o perfil socio-demográfico e de saúde de pessoas que ouvem vozes
Caracterizar a experiência de ouvir vozes
Compreender a experiência de ouvir vozes, suas características, sentidos atribuídos e estratégias cotidianas de enfrentamento.
Caracterizar a experiência de ouvir vozes
Compreender a experiência de ouvir vozes, suas características, sentidos atribuídos e estratégias cotidianas de enfrentamento.
Justificativa
Com o surgimento do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes, na Holanda, em 1987, ouvir vozes que os outros não ouvem passa a ser considerada uma experiência humana que, por si só, não pode ser entendida como sintoma de transtornos mentais (Baker, 2016). Além disso, várias pesquisas apresentam que entre 4% e 8% da população geral ouvem vozes, e a maioria não possui diagnóstico psiquiátrico e nem precisa de ajuda profissional (Eaton, Romanoski, Anthony, & Nestadt,1991; Johns &Van Os, 2001; Sommer et al., 2010, Tien, 1991 ), o que evidencia a abrangência do tema.
Assim, apesar de o conteúdo e as características das vozes terem sido negligenciados por muito tempo, eles vem ganhando maior atenção no meio científico e clínico, visto que são crescentes as evidências de que a compreensão dessas variáveis é crucial para delimitar a forma de trabalhar com a experiência de ouvir vozes (Romme & Escher, 2000), pois trata-se de um fenômeno complexo, que não envolve apenas a audição de vozes em si, mas também diversos tipos de sons que os outros não conseguem ouvir. Dessa forma, o Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes tem proporcionado alternativas para os ouvidores que não se sentem contemplados pelas abordagens propostas pela psiquiatria (Corstens et al., 2014), visto que já se tem conhecimento de que a medicação é eficaz para alguns sujeitos, mas que ainda existe uma proporção de 30% que ouve vozes mesmo utilizando doses elevadas da mesma (Curson et al., 1985).Assim, um dos princípios do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes é que a aceitação das vozes e a elaboração de estratégias para conviver com as mesmas costuma ser mais eficaz do que tentar eliminá-las, propondo que a crença de que o ouvidor poderá obter sucesso ao lidar com as vozes permitirá manter-se saudável e livre do sofrimento psíquico que a experiência costuma causar (Corstens et al., 2014).
Portanto, fica clara a necessidade de se pensar a audição de vozes para além do viés psiquiátrico, de se investigar suas características e conteúdos de forma a auxiliar o ouvidor no processo de autoconhecimento, e assim viabilizar a utilização de estratégias diárias para lidar com essa experiência.
Assim, apesar de o conteúdo e as características das vozes terem sido negligenciados por muito tempo, eles vem ganhando maior atenção no meio científico e clínico, visto que são crescentes as evidências de que a compreensão dessas variáveis é crucial para delimitar a forma de trabalhar com a experiência de ouvir vozes (Romme & Escher, 2000), pois trata-se de um fenômeno complexo, que não envolve apenas a audição de vozes em si, mas também diversos tipos de sons que os outros não conseguem ouvir. Dessa forma, o Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes tem proporcionado alternativas para os ouvidores que não se sentem contemplados pelas abordagens propostas pela psiquiatria (Corstens et al., 2014), visto que já se tem conhecimento de que a medicação é eficaz para alguns sujeitos, mas que ainda existe uma proporção de 30% que ouve vozes mesmo utilizando doses elevadas da mesma (Curson et al., 1985).Assim, um dos princípios do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes é que a aceitação das vozes e a elaboração de estratégias para conviver com as mesmas costuma ser mais eficaz do que tentar eliminá-las, propondo que a crença de que o ouvidor poderá obter sucesso ao lidar com as vozes permitirá manter-se saudável e livre do sofrimento psíquico que a experiência costuma causar (Corstens et al., 2014).
Portanto, fica clara a necessidade de se pensar a audição de vozes para além do viés psiquiátrico, de se investigar suas características e conteúdos de forma a auxiliar o ouvidor no processo de autoconhecimento, e assim viabilizar a utilização de estratégias diárias para lidar com essa experiência.
Metodologia
Trata-se de um estudo misto quanti-qualitativo. Na etapa quantitativa se utilizará dados secundários de prontuários de usuários de serviços de saúde mental num estudo censitário, a partir de um instrumento previamente elaborado para captar informações do perfil sociodemográfico dos usuários, e identificação dos ouvidores de vozes. Trata-se de uma pesquisa documental, fonte de coleta de dados primária restrita a documentos, podendo ser feita no momento em que o fato ou fenômeno ocorre ou depois (MARCONI; LAKATOS, 2010). Os dados serão coletados aplicação de um questionário com questões abertas sobre dados do prontuário clínico de indivíduos acompanhados ou em acompanhamento no serviço de saúde mental. Numa etapa seguinte será aplicada a Entrevista de Mastricht aqueles identificados na etapa anterior como ouvidores de vozes. Na etapa qualitativa se trabalhará com estudo de caso através de observações de campo no CAPS e no domicilio do Ouvidor de Vozes e entrevistas em profundidade com vistas a conhecer as diferentes experiências de ouvidores de vozes abordando as características das vozes, as emoções mobilizadas, os eventos relacionados a escuta das vozes, as possíveis relações com a experiência de vida do sujeito e estratégias desenvolvidas para conviver e lidar com as vozes. Os estudos de caso apresentam características importantes tais como: visam à descoberta, enfatizam a interpretação em contexto, buscam retratar a realidade de forma completa e profunda, usam uma variedade de fontes de informação, revelam experiências de vida, procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presente numa situação social (LÜDKE; ANDRÉ, 1986).
O presente estudo respeitará a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, sobre Pesquisa com Seres Humanos , e o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem , no seu Capítulo III, no que diz respeito a Deveres, nos artigos 89, 90 e 91, e às Proibições, nos artigos 94 e 98 (COFEN, 2007; BRASIL, 2012).
A análise de dados na etapa qualitativa se dará pela análise temática. A análise temática divide-se em três momentos distintos.
O presente estudo respeitará a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, sobre Pesquisa com Seres Humanos , e o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem , no seu Capítulo III, no que diz respeito a Deveres, nos artigos 89, 90 e 91, e às Proibições, nos artigos 94 e 98 (COFEN, 2007; BRASIL, 2012).
A análise de dados na etapa qualitativa se dará pela análise temática. A análise temática divide-se em três momentos distintos.
Indicadores, Metas e Resultados
Mapear os ouvidores de vozes atendidos num serviço de saúde mental
Definir um perfil sociodemográfico destes Ouvidores
Conhecer a experiência dos ouvidores e estratégias de enfrentamento utilizadas
Divulgar os resultados em eventos e periódicos científicos
Definir um perfil sociodemográfico destes Ouvidores
Conhecer a experiência dos ouvidores e estratégias de enfrentamento utilizadas
Divulgar os resultados em eventos e periódicos científicos
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
AGNÊS ALMEIDA DA COSTA DAMON | |||
ALINE BASSO DA SILVA | 8 | ||
ARIANE DA CRUZ GUEDES | 8 | ||
ISADORA OLIVEIRA NEUTZLING | |||
JANAINA QUINZEN WILLRICH | 8 | ||
JESSICA BILHALVA PALUDO | |||
LUCIANE PRADO KANTORSKI | 4 | ||
MARCIA LEAO DE LIMA | |||
MICHELE NUNES GUERIN STURBELLE | |||
MILENA HOHMANN ANTONACCI | 8 | ||
PAOLA VITORIA FUHRMANN | |||
POLIANA FARIAS ALVES | 8 | ||
TAÍS RODRIGUES DOS SANTOS | |||
VALERIA CRISTINA CHRISTELLO COIMBRA | 4 |