Nome do Projeto
Perfil Epidemiológico de Infecções oportunistas no trato geriturinário em mulheres
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
10/06/2024 - 10/05/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A flora vaginal consiste em um ambiente acidificado, devido a presença de Lactobacillus spp. que atuam efetivamente contra a instalação de microorganismos oportunistas. As infecções no trato genital ocorrem a partir de distúrbios na flora vaginal que resultam em complicações desencadeadas por alterações na faixa de pH, que podem ocorrer naturalmente, por meio da variação no ciclo menstrual e menopausa, bem como, por fatores associados ao comportamento como, higiene através do uso de duchas vaginais e relação sexual desprotegida, ambos os casos são prejudiciais, tendo em vista, que a vagina é autolimpante, desse modo, quaisquer soluções especiais para higiene podem alterar e causar efeitos adversos, além de acentuar os fatores de risco, incluindo vaginose bacteriana, doença inflamatória pélvica (DIP), implicações na gestação e entre outros. As floras vaginais são classificadas como, normal que corresponde a uma flora tipo I caracterizada pela presença abundante de Lactobacillus sp., pouca presença de bactérias cocóides.Já em relação a vaginose bacteriana representada por uma flora intermediária II, sua principal característica é a presença de Lactobacillus sp., diminuídos, juntamente com algumas bactérias, uma vez que, não apresenta inflamação e pouca sintomatologia, não há identificação direta do agente etiológico. Sendo assim, a vaginose anaeróbia é uma flora mista que substitui parte dos Lactobacillus spp., por Gardnerella vaginalis e Mobiluncus spp. Por sua vez, o corrimento geralmente é cinzento e aquoso com odor a peixe. Por outro lado, se houver inflamação acentuada com mais de 10 leucócitos presentes por célula epitelial, é necessário fazer uma investigação mais aprofundada, visto que a resposta imunológica na presença de leucócitos e monócitos aumentados é condizente com o diagnóstico de tricomoníase, que consiste em uma condição infecciosa e corresponde a uma flora grau III considerada anormal, nos quais inclui inúmeras bactérias, não havendo indícios de Lactobacillus spp. Neste caso, as mulheres apresentam um corrimento abundante amarelo esverdeado, odor similar a peixe, dispareunia e entre outros sintomas mais severos com a progressão no quadro clínico. Em contrapartida, a vaginose citolítica consiste em uma condição não inflamatória em que o pH vaginal diminui drasticamente, devido ao expressivo número de Lactobacillus spp., produzindo peroxidase de hidrogênio. A sintomatologia é confundida com vaginose por Candida spp., visto que causam a sensação de queimação e corrimento vaginal abundante. As manifestações clínicas são indistinguíveis se associado ao diagnóstico clínico da doença, considerando a similaridade entre os sintomas e as doenças, sendo assim, é imprescindível reconhecer a importância de realizar uma investigação mais apurada, para detectação do agente etiológico da doença, visto que apresentam uma ampla variedade de sintomas como, corrimento leitoso-amarelado de mau cheiro similar ao odor de “peixe”, disúria e dispareunia e nos homens geralmente a infecção é assintomática, embora possa surgir uretrite ou outras alterações. A severidade dos sintomas pode progredir para um quadro clínico mais acentuado, em gestantes causa parto prematuro, baixo peso neonato, aborto espontâneo, malformação congênita, gravidez ectópica, disfunção sexual, doença inflamatória pélvica, predisposição a neoplasias, infertilidade e entre outras.

Objetivo Geral

Investigar a prevalência de vaginoses associadas as bacterias, fungos e protozoários partir de um diagnóstico clínico e laboratorial, correlacionando com as alterações na flora vaginal em mulheres atendidas no Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Medicina, UFPel.

Justificativa

O público-alvo escolhido neste estudo, foram mulheres com faixa etária entre 15-76 anos, considerando que geralmente mulheres na fase pré-menarca e pós menopausa são acometidas por infecções no trato geriturinário em função das alterações na faixa de pH, que podem ser superiores a 4,5 (DONDERS, 2007), favorecendo a associação de microorganismos por mutualismo, comensalismo e parasitismo na flora vaginal (SOBEL, 1999). Contudo, é importante ressaltar que mulheres com idade avançada, normalmente apresentam uma flora vaginal atípica denominada flora atrófica com carência de Lactobacillus spp., que são fundamentais na proteção do trato geriturinário. Ademais, essas mulheres apresentam manifestações clínicas características como secura vaginal, prurido, dispareunia e incontinência urinária, podendo ser confundido com infecção no trato urinário em decorrência da ausência de estrogênio que diminui o volume dos músculos vaginais, resultando na frouxidão dos ligamentos que sustentam o assoalho pélvico uterino e a bexiga, desencadeando o desenvolvimento de prolapso da genitália interna (THOMAS et al., 1980; HAPELS; LUISI; KICOVIK, 1981), e, desse modo, é imprescindível fazer a reposição hormonal com estrogênio, visto que ele desempenha um papel fundamental na produção de secreção nos ovários, assim como, a administração do creme vaginal a base de estriol que resulta na diminuição dos incômodos urogenitais associadas à vaginite atrófica (KICOVIC et al., 1980). Quando há pouco ou nenhum resquício de secreção e ausência de sintomas, nota-se uma dificuldade na realização do exame a fresco que serve para identificar a presença do agente etiológico, o que torna as mulheres com faixa etária distintas mais suscetíveis a infecções no trato genital (RAZ, 1999; RAZ, 2011).Nesse sentido, é fundamental conhecer o tipo de flora vaginal em diferentes faixas etárias e associar o histórico comportamental e sexual dessas mulheres frente ao diagnóstico encontrado.

Metodologia

As coletas serão realizadas, no Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Medicina, UFPel. As amostras serão colhidas semanalmente (segunda, quarta e sexta) no período da manhã. Estima-se abranger (“n” total amostral=264) mulheres com faixa etária entre (15-76), visto que foi realizado um cálculo estatístico com base no “n” populacional= 25 pacientes/ por mês, atendidas na Faculdade de Medicina, UFPel.
As amostras serão colhidas no exame de Papanicolau, que se caracteriza por uma coleta da secreção contida no colo uterino, essa amostra é transferida para uma lâmina e lamínula e observadas na objetiva 400x para a detecção do agente etiológico. A pesquisa é apresentada as pacientes com sintomatologia e após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) sob o número de registro 6.209.574, a amostra de urina é colhida e acondicionada em frasco plástico próprio para coleta e transportada em caixa isotérmica ao Laboratório de Helmintologia no Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas, para em seguida ser analisada. Para as análises será utilizada a fita de uroanálise, para detectar se há alterações bioquímica na urina, a partir dos parâmetros estabelecidos na fita como, Leucócitos, Urobilinogênio, Bilirrubina, Hemoglobina, Nitrito, pH, Densidade, Proteína, Glicose e Corpos Cetônicos, assim que avaliados, a amostra de urina (10mL) presente em tubo falcon de 15mL será centrífugada a 2000 rpm em 10 minutos, e posteriormente 9.5mL do sobrenadante será descartado e a amostra será inserida em lâmina e lamínula e observada na objetiva de 400x para a identificação dos agentes infecciosos (ANORA; JAGTAP, 2022).
Quanto ao questionário, a aplicabilidade dar-se a mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), serão abordadas questões referentes ao perfil socioepidemiológico das pacientes, visando correlacionar o histórico comportamental (idade, local de residência, estado civil, aborto, nível de escolaridade e entre outros) ao diagnóstico clínico.
Por fim, as variáveis estatísticas serão computadas e tabeladas no Programa Microsoft Excel®., e analisadas no programa Programa SPSS 20.0. ®, para posteriormente serem empregados testes estatísticos qualitativo descritivo e quantitativo, a fim de analisar e comparar as respectivas variáveis obtidas nos resultados do exame diagnóstico a fresco e clínico ao questionário do referido estudo.
Inicialmente, será realizado o Teste de χ2 com intervalo de confiança de 95% para avaliar se as características socioepidemiológicas correspondem ao diagnóstico clínico de tricomoníase, verificando se as hipóteses estabelecidas no presente estudo são coesas, isto é, se o nível de significância estatística entre as amostras é P<0,05.
Público alvo: pacientes mulheres com faixa etária entre 15-76 anos atendidas no Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina, UFPel.

Indicadores, Metas e Resultados

- Obter dados epidemiológicos da ocorrência de vaginoses por bactérias, fungos e protozoários em mulheres no município de Pelotas;
- Os resultados obtidos serão enviados a Secretária de Saúde do município, atestando os casos positivos, sintomáticos e assintomáticos sobre as respectivas infecções oportunistas, com a finalidade de melhorar o acompanhamento clínico, contribuir na elaboração de programas de prevenção, assistência e controle, nas unidades de saúde do município de Pelotas, auxiliando na identificação de causas e falhas referentes à informação que propiciou o crescimento de casos.
- Corroborar através de ações extensionistas promovendo palestras educativas em instituições de ensino e saúde, assim como na divulgação de informações pertinentes através das mídias sociais.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANDRE LUIS BARTZ VOIGT
ANGELICA DA SILVA MACHADO
FRANCINE RODRIGUES PEDRA
GUILHERME LUCAS DE OLIVEIRA BICCA4
JEAN PIRAINE SOUZA1
LEDA MARGARITA CASTANO BARRIOS4
LUIZE COSTA SONCINI
MARIA ELISABETH AIRES BERNE4
MATEUS TAVARES KUTTER1
MONIQUE GUADALUPE CASANOVA
NATHIELI BIANCHIN BOTTARI4
NATÁLIA BERNE PINHEIRO8
ÍTALO FERREIRA DE LEON

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