Nome do Projeto
Produção de fertilizantes slow-release para o mercado de produtos agrícolas biofortificados e a obtenção de alimentos mais nutritivos
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
28/05/2024 - 31/12/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
O crescente avanço tecnológico do setor agrícola torna relevante o surgimento de inovações focadas na melhoria dos insumos, como os “fertilizantes inteligentes”, que visam maximizar a absorção dos nutrientes pelas culturas e mitigar as perdas desses compostos por processos naturais de lixiviação, volatilização ou adsorção. Os fertilizantes de liberação lenta, ou "slow-release", são assim chamados porque, por meio de processos químicos ou de encapsulamento, liberam nutrientes de forma gradual, permitindo um melhor aproveitamento pelas plantas. Essa tecnologia possibilita adicionar níveis de nutrientes aos vegetais sem causar intoxicação ou distúrbios na dinâmica solo-planta, pois a liberação retardada e contínua proporciona um intervalo que permite o retorno da homeostase do meio. Esse incremento de nutrientes na planta pode ser denominado biofortificação, cujo objetivo é não apenas otimizar a produção por área, mas também criar um alimento enriquecido para consumo humano ou animal, especialmente em termos de micro e macrominerais. Diante disso, o presente projeto tem como objetivo desenvolver um fertilizante de liberação lenta (slow-release) contendo microminerais, utilizando tecnologias de granulação e revestimento. O fertilizante será projetado para atender às necessidades das plantas ao longo de seu ciclo de crescimento, visando a obtenção de uma cultura de milho biofortificada como produto final. Além da etapa de prototipagem, estão previstos testes de validação em laboratório, incluindo análises da liberação do fertilizante em água ao longo de diferentes períodos e da liberação em solo durante o plantio de milho em vasos. Nessa última etapa, as plantas serão avaliadas bromatologicamente e quimicamente para identificar a translocação do micromineral presente no fertilizante ao longo do xilema. Após a conclusão dessas etapas, espera-se que o fertilizante esteja pronto para testes em campo, aplicados a uma cultura de milho destinada à produção de silagem. A silagem resultante será avaliada quanto ao potencial biofortificante do fertilizante produzido. Tanto o micromineral utilizado quanto a metodologia e o material de encapsulamento serão mantidos em sigilo devido ao potencial inovador do projeto.

Objetivo Geral

Objetivo geral
O objetivo do projeto é o desenvolvimento de um fertilizante micromineral slow-release que possa ser utilizado na produção de milho biofortificado.

Objetivos específicos
- Pesquisar, elencar e analisar em laboratório diferentes matrizes de liberação para a formulação de diferentes protótipos fertilizantes granulados;
- Testar a resistência dos protótipos em água por pelo menos 30 dias e analisar a liberação do micromineral em água semanalmente durante esse período;
- Prolongar os testes de liberação nos protótipos mais promissores e após 60 dias, elencar o protótipo mais resistente à água e com a liberação mais estável do mineral para o meio líquido ao longo do tempo;
- Produzir em escala laboratorial o protótipo elencado e realizar análises de liberação em solo e de absorção do mineral pela planta, por meio do plantio de milho em vasos contendo o fertilizante a ser testado;
- Produzir o protótipo em maior escala e e realizar análises de liberação em solo por meio do plantio de milho em uma propriedade agrícola comercial e avaliar além dos aspectos de crescimento e produtividade da cultura, os níveis de biofortificação em diferentes partes das plantas;
- Avaliar os níveis do mineral na silagem de milho produzida 60 dias após a ensilagem

Justificativa

Considerando que a estimativa de crescimento da população mundial para 2050 é de mais de 9 bilhões de habitantes e que a fome oculta e a insegurança alimentar já são realidades atuais, o suprimento alimentar da população configura-se como uma preocupação. A partir disso, pesquisas têm sido desenvolvidas para aumentar a produtividade por área, visando o aumento na disponibilidade de alimentos, principalmente em países com grandes extensões territoriais agropecuárias, como o Brasil. Contudo, a premissa de que estar alimentado não significa necessariamente estar nutrido nos indica que a produção de alimentos em alta escala nem sempre consegue atender às demandas nutricionais de um organismo, uma vez que estudos mostram que o aumento da produção por área pode resultar em cultivares menos nutritivas.
Como uma alternativa para a produção de alimentos mais nutritivos, desde 1993 começaram a surgir produtos agrícolas biofortificados, que têm a finalidade de aumentar o acúmulo de determinados nutrientes nas partes da planta consumidas pelos seres humanos, como grãos, cereais e folhas. Isso melhora a qualidade nutricional de alimentos que, de forma natural, não apresentam essa característica, ou seja, eleva o teor nutricional de alimentos convencionais.
A biofortificação agronômica, por meio da adubação mineral do solo em culturas, promove o acúmulo de determinados minerais que podem ser benéficos à saúde e nutrição tanto de seres humanos quanto de animais de produção. Micro e macrominerais são fundamentais em diversos mecanismos homeostáticos e metabólicos, e suas deficiências podem ser prejudiciais ao organismo, aumentando a incidência de doenças e afetando a produtividade. Além disso, dentro da biofortificação agronômica, a utilização de tecnologias de liberação lenta (slow-release) ou de liberação controlada, os chamados “fertilizantes inteligentes”, proporciona um melhor aproveitamento dos nutrientes. Isso ocorre porque há uma maior absorção dos nutrientes pela planta em um período pré-determinado, atendendo às suas exigências nutricionais em cada fase produtiva, e com menores perdas por processos naturais como lixiviação, volatilização e/ou adsorção de outros nutrientes. Com isso, além de aumentar a eficiência produtiva da cultura, é possível acumular um maior teor de nutrientes nas partes vegetais destinadas ao consumo, promovendo um alimento mais nutritivo.
Além disso, o mercado global de fertilizantes de liberação controlada deve alcançar US$ 3,3 bilhões até 2026, impulsionado pelo crescimento de culturas de alto valor. Dentro desse cenário, o Brasil se destaca como um grande produtor e exportador de alimentos tanto de origem vegetal quanto animal, com o setor agropecuário representando 24% do PIB nacional, segundo dados do IBGE, e um valor acumulado de exportações em 2023 de US$ 165,05 bilhões. Assim, nota-se que o setor brasileiro possui grande potencial de aquisição de tecnologias voltadas à agropecuária, especialmente as que possam aumentar a produtividade por área de produção ou agregar valor ao que é produzido. Tendo em vista o exposto, o presente projeto se justifica como uma alternativa não só para a produção de um fertilizante mais eficiente, mas também para promover alimentos enriquecidos com nutrientes destinados ao consumo humano e animal.

Metodologia

Será utilizado um micromineral, que misturado a uma matriz orgânica de liberação prolongada irá conferir ao fertilizante a característica de slow-release. A escolha do material utilizado na matriz será baseada na priorização de materiais orgânicos que sejam abundantes em todo o mundo, não poluentes e de baixo custo. Preferencialmente, esses materiais devem ser naturalmente degradados pelo solo em um determinado período de tempo, sem comprometer os aspectos químicos, físicos e biológicos do solo. A escolha do micromineral se dará pela sua importância nas reações bioquímicas e biológicas na cultura do milho e também para humanos e animais de produção como bovinos. A escolha do milho como vegetal escolhido se deu pela sua utilização na alimentação humana e animal. Tanto o micromineral que será utilizado quanto o encapsulante serão mantidos em sigilo devido ao potencial inovador do produto para ser transformado em patente.
O fertilizante será apresentado na forma granulada, com diâmetro de até 2,5mm para facilitar a aplicação. O encapsulamento do micromineral, se necessário, será feito em multicamadas a fim de reduzir a solubilidade do mineral escolhido.
Após a confecção dos grânulos, estes serão submetidos a testes in vitro de resistência de massa e liberação em imersão em água com diferentes pHs. Para isso, 1g de grânulo será adicionado em um tubo Falcon com 20-30 ml de água destilada e mantido por um tempo determinado, com coletas regulares semanais conforme o desenvolvimento e resistência dos grânulos, por pelo menos 30 dias, podendo o período ser prolongado até 60 dias nos protótipos mais promissores.
Após o período estipulado em imersão, os grânulos serão coados em uma peneira de 1 mm e secos em estufa. O líquido da imersão será armazenado para análise de liberação do micromineral por espectrofotometria de chama em laboratório de análises químicas. Após a secagem dos grânulos, será feita a pesagem e cálculo da porcentagem de mantença da massa.
Além disso, serão realizados testes in situ dos grânulos utilizando-se diferentes tipos de solo em plantio de milho para análise de liberação. Para isso, serão utilizados vasos plásticos de cultivo autoirrigáveis com volume de 882 ml e 177 ml de reservatório de água, adicionando-se diferentes tipos de solo. Todos os solos que serão utilizados primeiramente serão analisados para identificação de composição física e química, principalmente em teores de minerais. Em seguida os grânulos, serão adicionados em sulcos conforme recomendação de adubação do micromineral específico por hectare (não detalhado por questões de sigilo), a partir da análise do solo. A transformação da quantidade recomendada por hectare, para o volume do vaso, será calculada de acordo com Braga (2013). Semanalmente, por pelo menos 60 dias, será feita a coleta do solo para avaliação da liberação do micromineral específico.
Para o plantio de milho, serão utilizadas 3 sementes por vaso, e a colheita das plantas se dará aos 30 dias após a emergência. Em períodos regulares, será realizada a coleta de solo dos vasos para análise de micro e macrominerais a fim de averiguar se houve acréscimo e liberação do mineral específico. As plantas colhidas serão enviadas para um laboratório comercial especializado para análise de minerais para averiguar o acúmulo do mineral específico na planta. Ainda, serão monitorados aspectos como o crescimento e desenvolvimento das plantas nos diferentes grupos experimentais.
Após a conclusão dos testes in vitro e in situ e a definição de um fertilizante slow-release, seguirá a etapa de teste na lavoura de milho. Essa etapa será realizada na propriedade comercial Granjas 4 Irmãos, em solo solo areno-argiloso e área com pivôs de irrigação. O método de plantio, a cultivar, a irrigação e a adubação de base do milho seguirão de acordo com o realizado na propriedade. Antes do plantio, será feita a coleta e análise de solo dos piquetes onde será testado o fertilizante micromineral slow-release e de mais um piquete testemunha com condições semelhantes. O fertilizante slow-release será aplicado durante a preparação do solo, sendo aplicado nos sulcos do plantio, no caso do milho, em pelo menos três concentrações: adubação mínima (correção de deficiência), intermediária (correção de deficiência + quantidade extra para biofortificação) e alta (quantidade no limite de toxidez). Após o plantio e emergência das plântulas, quinzenalmente será coletada uma amostra de 300 g de folhas, 300 g caules e 300 g de grãos (quando houver) de cada tratamento e do piquete testemunha para análise bromatológica e química de minerais, para avaliação de acúmulo e translocação do micromineral específico na planta. As coletas se darão até os 100 dias após emergência, quando serão coletadas também amostras de espigas, além de folhas e caules para avaliar se houve a biofortificação dos grãos. A coleta final se dará aos 100 dias, momento em que o milho é coletado na propriedade para a produção de silagem de milho. Após 60 dias de ensilagem, será feita uma coleta da silagem para avaliação bromatológica e de minerais.

Indicadores, Metas e Resultados

A meta do projeto é desenvolver um fertilizante micromineral de liberação lenta (Slow-Release) e validar sua capacidade de biofortificação na cultura de milho, visando a obtenção de silagem de milho enriquecida nutricionalmente. Espera-se que os produtos sejam transferidos para o setor produtivo, com o fertilizante sendo utilizado como adubo inteligente e a silagem de milho sendo comercializada como um produto diferenciado. Esses produtos deverão trazer benefícios relacionados à saúde animal e humana, além de contribuir para a maior saúde e produtividade das plantas e dos animais.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CRISTIANE AMANDA DE OLIVEIRA
ELIZA ROSSI KOMNINOU3
FRANCISCO AUGUSTO BURKERT DEL PINO3
GUSTAVO FELIPE DA SILVA SOUSA
LARISSA SANTOS DOS SANTOS
MARCIO NUNES CORREA2
MILENE LOPES DOS SANTOS
THAIS CASARIN BARBOSA
URIEL SECCO LONDERO
VIVIANE ROHRIG RABASSA3

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