Nome do Projeto
Arqueologia e Arte: patrimônio cultural e diáspora africana
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
03/10/2024 - 03/10/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Eixo Temático (Principal - Afim)
Cultura / Direitos Humanos e Justiça
Linha de Extensão
Artes cênicas
Resumo
O projeto englobará uma série de ações arqueológicas, museológicas e artísticas visando a criar narrativas anti-racistas.
Está alicerçado em projeto de pesquisa arqueológico sobre diáspora africana em Pelotas e região. E, ademais, em experiência prévia com criação
de narrativas arqueológicas e espetáculo de dança afro desenvolvidos pela CIA de Dança Afro Daniel Amaro.
Objetivo Geral
a) Criar narrativas que unam trabalho arqueológico e artes afro em geral;
b) Criar narrativas de valorização da cultura afro;
c) Criar narrativas que discutam racismo estrutural e antirracismo contemporâneo
b) Criar narrativas de valorização da cultura afro;
c) Criar narrativas que discutam racismo estrutural e antirracismo contemporâneo
Justificativa
Arte e arqueologia possuem longa história de fertilizações cruzadas e partilhas. Desenvolvimentos de estéticas e poéticas, com inspiração arqueológica, encontra-se na literatura, na ópera, no cinema. Arqueólogos contemporâneos, contudo, raramente trabalham em sinergia com artistas. Nesse projeto, procurando superar essa lacuna, daremos vazão, prioritariamente, às relações entre o Projeto O Pampa Negro: arqueologia da diáspora africana na região meridional do RS, desenvolvido desde 2010 na UFPel, e a companhia da Dança Afro Daniel Amaro, sediada na cidade de Pelotas.
Temos vasta experiência adquirida com a Dança dos Orixás, espetáculo coreografo e dirigido por Daniel Amaro. Desde 2017, totalizando-se 19 edições , encenamos a Dança dos Orixás na Charqueada São João, palco, também, de nosso trabalho arqueológico.
Integrando-se ao percurso cenográfico da Dança dos Orixás, montamos uma exposição intitulada O Encantamento do Mundo: objetos dos escravizados da Charqueada São João. 5.000 pessoas já assistiram ao nosso espetáculo, no qual frisamos a beleza das culturas africanas e afrodescendentes em Pelotas. Proporcionamos ao público, formado por pessoas de Pelotas e, também, por turistas, o senso estético profundo das culturas afro. Ao acionar no mesmo enredo dança e arqueologia, nossa narrativa enfatiza a poética que nossos antepassados inventaram para encantar o mundo.
Dessa maneira, esse projeto dará sequência a essa experiência que complementará 3 anos.
Temos, inclusive, outros dois espetáculos, já encenados, pelo menos, uma dezena de vezes. Tais são eles: Reminiscências dos Tambores do Corpo e Ogum.
Ogum, por exemplo, assim como A Dança dos Orixás, está plenamente baseado nos achados arqueológicos da senzala da Charqueada São João. Ritmos e movimentos da coreografia, em momentos diversos do espetáculo, representam as cosmogonias relacionadas a Ogum, bem como
o trabalho arqueológico e o encontro dos objetos dos escravizados na Charqueada São João. A apoteose do espetáculo é a simulação da descoberta do assentamento de Ogum, conotando-se a profundidade temporal das práticas espirituais afros em Pelotas. O espetáculo, assim, articula presente e passado, narrando a cosmogonia de Ogum desde a África até o assentamento revelado pelo trabalho arqueológico em Pelotas. O espetáculo contará, ainda, com exposição arqueológica. Aproveitaremos, desse modo, a experiência adquirida no espetáculo Dança dos Orixás.
No futuro, pretendemos construir novos espetáculos de Dança, bem como incorporar outros artistas (plásticos, por exemplo) que possam inspirar-se em nosso trabalho arqueológico a fim de ensejar a criação de narrativas antirracistas e obras de valorização da cultura Afrobrasileira.
Temos vasta experiência adquirida com a Dança dos Orixás, espetáculo coreografo e dirigido por Daniel Amaro. Desde 2017, totalizando-se 19 edições , encenamos a Dança dos Orixás na Charqueada São João, palco, também, de nosso trabalho arqueológico.
Integrando-se ao percurso cenográfico da Dança dos Orixás, montamos uma exposição intitulada O Encantamento do Mundo: objetos dos escravizados da Charqueada São João. 5.000 pessoas já assistiram ao nosso espetáculo, no qual frisamos a beleza das culturas africanas e afrodescendentes em Pelotas. Proporcionamos ao público, formado por pessoas de Pelotas e, também, por turistas, o senso estético profundo das culturas afro. Ao acionar no mesmo enredo dança e arqueologia, nossa narrativa enfatiza a poética que nossos antepassados inventaram para encantar o mundo.
Dessa maneira, esse projeto dará sequência a essa experiência que complementará 3 anos.
Temos, inclusive, outros dois espetáculos, já encenados, pelo menos, uma dezena de vezes. Tais são eles: Reminiscências dos Tambores do Corpo e Ogum.
Ogum, por exemplo, assim como A Dança dos Orixás, está plenamente baseado nos achados arqueológicos da senzala da Charqueada São João. Ritmos e movimentos da coreografia, em momentos diversos do espetáculo, representam as cosmogonias relacionadas a Ogum, bem como
o trabalho arqueológico e o encontro dos objetos dos escravizados na Charqueada São João. A apoteose do espetáculo é a simulação da descoberta do assentamento de Ogum, conotando-se a profundidade temporal das práticas espirituais afros em Pelotas. O espetáculo, assim, articula presente e passado, narrando a cosmogonia de Ogum desde a África até o assentamento revelado pelo trabalho arqueológico em Pelotas. O espetáculo contará, ainda, com exposição arqueológica. Aproveitaremos, desse modo, a experiência adquirida no espetáculo Dança dos Orixás.
No futuro, pretendemos construir novos espetáculos de Dança, bem como incorporar outros artistas (plásticos, por exemplo) que possam inspirar-se em nosso trabalho arqueológico a fim de ensejar a criação de narrativas antirracistas e obras de valorização da cultura Afrobrasileira.
Metodologia
A metodologia é baseada em etnografia arqueológica e pesquisa comunitária. Trata-se de usar, nas exposições arqueológicas acolchetadas aos espetáculos de Dança Afro, as classificações e interpretações das comunidades Afro locais sobre os materiais arqueológicos revelados por nossas pesquisas.
A linguagem das exposições, desse modo, incorporarão essas interpretações, por meio de linguagem visual e escrita acessível ao mundo não acadêmico.
A relação entre arqueologia e arte, a ser desenvolvida nesse projeto, é um modo de escuta da língua do povo. Isso quer dizer que algumas vozes têm que ser ouvidas mais do que outras. As vozes, práticas e memórias dos que nunca foram considerados importantes, como os afrodescendentes. Essa definição de arqueologia, que a aproxima da etnografia, talvez soe a muitos como populista. Sê-lo-ia se não passasse por filtros críticos, se não refletisse sobre o poder na arqueologia.
a arqueologia que escuta o povo não o trata como a versão pós-moderna do bom selvagem; ela é uma contraposição crítica à ontologia colonialista da modernidade, à construção monolítica e monocórdica de conhecimento, imposto de cima para baixo.
Ouvir a língua do povo e saber que ele a inventa é uma forma radical de se fazer arqueologia, uma vez que a disciplina, ainda majoritariamente, é entendida como o estudo do que jaz mudo e silencioso, morto, no passado, com todas as palavras suprimidas. Essa sorte de arqueologia é desconcertante e ofensiva ao povo, e está intimamente relacionada ao controle colonial da vida, humana e não humana.
A arqueologia que escuta o povo não teme o oximoro. Pois escutar o povo significa entender, ainda, que a língua que ele inventa raramente é feita por palavras escritas. É compreender que nós, que fazemos arqueologia, somos logocêntricos e formados no colonialismo epistêmico, que nossos modos de produção do conhecimento são apenas uma parte ínfima da experiência humana. Escutar o povo é fazer arqueologia como forma de reconhecimento de que muitas de nossas habilidades e capacidades de sentir e apreciar coisas materiais e pessoas não vêm das palavras escritas. A arqueologia como modo de escuta
preza pelas memórias, materiais e paisagens daqueles que inventam línguas. Primando pela justiça social, ela é um ativismo que consiste em retornar às comunidades marginalizadas a produção e usufruto do patrimônio cultural que é delas, legal e moralmente. É uma arqueologia cuja motivação é a de transformar o mundo num lugar justo para o povo.
A linguagem das exposições, desse modo, incorporarão essas interpretações, por meio de linguagem visual e escrita acessível ao mundo não acadêmico.
A relação entre arqueologia e arte, a ser desenvolvida nesse projeto, é um modo de escuta da língua do povo. Isso quer dizer que algumas vozes têm que ser ouvidas mais do que outras. As vozes, práticas e memórias dos que nunca foram considerados importantes, como os afrodescendentes. Essa definição de arqueologia, que a aproxima da etnografia, talvez soe a muitos como populista. Sê-lo-ia se não passasse por filtros críticos, se não refletisse sobre o poder na arqueologia.
a arqueologia que escuta o povo não o trata como a versão pós-moderna do bom selvagem; ela é uma contraposição crítica à ontologia colonialista da modernidade, à construção monolítica e monocórdica de conhecimento, imposto de cima para baixo.
Ouvir a língua do povo e saber que ele a inventa é uma forma radical de se fazer arqueologia, uma vez que a disciplina, ainda majoritariamente, é entendida como o estudo do que jaz mudo e silencioso, morto, no passado, com todas as palavras suprimidas. Essa sorte de arqueologia é desconcertante e ofensiva ao povo, e está intimamente relacionada ao controle colonial da vida, humana e não humana.
A arqueologia que escuta o povo não teme o oximoro. Pois escutar o povo significa entender, ainda, que a língua que ele inventa raramente é feita por palavras escritas. É compreender que nós, que fazemos arqueologia, somos logocêntricos e formados no colonialismo epistêmico, que nossos modos de produção do conhecimento são apenas uma parte ínfima da experiência humana. Escutar o povo é fazer arqueologia como forma de reconhecimento de que muitas de nossas habilidades e capacidades de sentir e apreciar coisas materiais e pessoas não vêm das palavras escritas. A arqueologia como modo de escuta
preza pelas memórias, materiais e paisagens daqueles que inventam línguas. Primando pela justiça social, ela é um ativismo que consiste em retornar às comunidades marginalizadas a produção e usufruto do patrimônio cultural que é delas, legal e moralmente. É uma arqueologia cuja motivação é a de transformar o mundo num lugar justo para o povo.
Indicadores, Metas e Resultados
Eis as metas e resultados esperados:
a) criação de narrativas antirracistas e críticas ao racismo estrutural;
b) ao longo da vigência do projeto, encenação dos espetáculos Reminiscência dos Tambores do Corpo, A Dança dos Orixás e Ogum;
c) Incorporação de artistas negros e negras da cidade de Pelotas, para além da Companhia de Dança Afro Daniel Amaro.
a) criação de narrativas antirracistas e críticas ao racismo estrutural;
b) ao longo da vigência do projeto, encenação dos espetáculos Reminiscência dos Tambores do Corpo, A Dança dos Orixás e Ogum;
c) Incorporação de artistas negros e negras da cidade de Pelotas, para além da Companhia de Dança Afro Daniel Amaro.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ALUÍSIO GOMES ALVES | 20 | ||
DIEGO LEMOS RIBEIRO | 24 | ||
GABI OLIVEIRA LIMA | |||
GUSTAVO PERETTI WAGNER | 24 | ||
JUAN CARLOS PINANGO CONTRERAS | |||
JULIANA BIZARRO CASCAIS | |||
João Daniel Pereira Amaro | |||
LEANDRO INFANTINI DA ROSA | |||
LETICIA ADAM RODRIGUES | |||
LUCIO MENEZES FERREIRA | 8 | ||
RITA JULIANA SOARES POLONI | 24 | ||
VINICÍUS PEREIRA DE OLIVEIRA |