Nome do Projeto
Núcleo de Ensino Pesquisa Extensão para Produção Agroecológica de Leite
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
02/01/2017 - 31/12/2018
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Eixo Temático (Principal - Afim)
Meio ambiente / Trabalho
Linha de Extensão
Desenvolvimento regional
Resumo
A agropecuária é a base da produção brasileira. Os produtos agropecuários são variados, desde grãos e animais até produtos industrializados, como óleo de soja e leite pasteurizado. Nesse cenário, temos o agronegócio, ditado pelo capital, e a agricultura familiar, que enfrenta dificuldades para viabilizar sua produção. Nesse contexto, as práticas agroecológicas apresentam possibilidade de sustentabilidade, por dispor de bases tecnocientíficas e estratégias para o desenvolvimento rural, bem como apresentam resposta socioambiental aos problemas gerados pela agricultura altamente tecnificada. O manejo sustentável de solos, a conservação de recursos naturais, a valorização dos saberes locais e a independência dos pequenos agricultores para comercializar seus produtos sem atravessadores são práticas agroecológicas que favorecem a permanência das famílias no campo. O desafio atual envolve um manejo racional dos agroecossistemas de forma a manter sua produtividade. No entanto, soluções para um problema tão complexo devem ser buscadas em grupos interdisciplinares para que a interação entre diferentes profissionais produza um resultado duradouro. A sociedade tem discutido a diferença entre produtos convencionais e agroecológicos ou orgânicos em função da saúde do trabalhador, do consumidor e do ambiente. O valor agregado a estes produtos é incentivo para a adoção, por parte de muitos produtores, que vêem na prática uma melhoria de condições de vida, tanto ambiental quanto na renda. Na produção agroecológica e orgânica, os animais são criados com base em princípios de bem-estar, higiene e saúde, sem a utilização de antibióticos, hormônios, vermífugos, promotores de crescimento, estimulantes de apetite, uréia e demais aditivos não autorizados. É necessário que o pecuarista esteja compromissado com a preservação ambiental e proporcione adequadas condições de trabalho aos seus empregados, sempre visando a excelência do produto a ser obtido. Este leite difere do obtido na pecuária convencional por não conter resíduos químicos de qualquer espécie, possuindo mesmo sabor e valor nutritivo, podendo ser consumido puro, sob forma de lactoderivados ou incorporado a outros produtos alimentícios. Embora sua produção não seja direcionada a um público específico, seus consumidores são bem informados, possuem consciência ecológica e buscam a qualidade dos alimentos. Para o produtor, principalmente aquele menos favorecido com o aumento da tecnologia no campo, essa nova exigência de mercado é uma oportunidade de crescimento para sua atividade, prometendo retorno financeiro, uma vez que o valor pago por esse tipo de produto é maior que o valor obtido com leite convencional. E para construir um desenvolvimento rural sustentável é importante a mudança das bases tecnológicas e do manejo dos agroecossistemas. Em propriedades sob manejo convencional, é necessário um projeto de gestão que reconstitua paulatinamente a população de animais, plantas e micro-organismos, com vistas ao estabelecimento do equilíbrio ambiental. Outro aspecto a ser abordado no projeto se refere a educação ambiental, que tem potencial para conduzir o produtor a refletir sobre a forma que maneja sua propriedade e onde é possível mudar ou melhorar, contemplando sua realidade e as possibilidades apontadas para mudanças, construindo um círculo de pesquisa e ação que se reflete na qualidade de vida das pessoas.

Objetivo Geral

Prospectar, Conduzir, instrumentalizar e acompanhar a efetividade de ações de manejo durante o processo de transição agroecológica sobre a regeneração da biodiversidade - animal, vegetal e microbiana - em propriedades rurais para uso sustentável e produção de leite agroecológico.

Justificativa

O Brasil é o 5° maior produtor mundial de leite bovino, sendo que a Região Sul contempla três dos cinco estados maiores produtores nacionais, estando o Rio Grande do Sul em segundo lugar. Porém, a metade Sul e Sudeste Riograndense, é menos desenvolvida que o restante do Estado com relação a industrialização. A prática agroecológica apresenta a possibilidade de sustentabilidade para o meio rural, pois tem bases tecnocientíficas para apoiar o processo de transição do modelo atual para o sustentável e favorece a permanência das famílias no campo. Uma nova atividade acompanhada de todo o controle agroecológico dessa região, menos desenvolvida, propõe o crescimento do Estado como um todo, uma vez que as atividades realizadas apresentam menos impacto. Há relatos publicados mencionando alguns entraves, como falta de alternativa de venda de um leite agroecológico como produto diferenciado, falta de conhecimento dos produtores e falta de apoio técnico e operacional/organizacional para implementação das unidades produtivas. Com base nesse entendimento, o conhecimento científico gerado na Universidade através de um Programa de Extensão, pode ser socializado, na forma de atividades de extensão, para que pequenos produtores recebam informação e assistência necessárias para melhorar as condições ambientais e de produção de sua propriedade e sua qualidade de vida, utilizando seu próprio potencial. A adoção de novos processos vem incrementar a capacidade produtiva e gerar novos produtos ou de melhor qualidade, como é o caso do leite agroecológico. Pesquisas integradas nas áreas ambiental e produtiva nas propriedades que optaram pela transição agroecológica são essenciais para fomentar o crescimento da atividade. O acompanhamento ecológico em propriedades que queiram um diferencial, conforme proposto neste Programa, irá acrescentar valor a produção, gerando assim um produto pouco encontrado no Brasil, e mais especificamente na região. O projeto propõe conduzir e acompanhar a efetividade de ações de manejo durante o processo de transição agroecológica sobre a regeneração da biodiversidade - animal, vegetal e microbiana - em propriedades rurais para uso sustentável com vistas a produção de leite ecológico.

Metodologia

A partir de cada objetivo especifico segue a metodologia a ser utilizada:
1- Elaborar diagnóstico ambiental das propriedades:
Será realizada a determinação dos índices de fragilidade e o mapeamento ambiental da área, possibilitando a indicação de áreas nas quais os graus de fragilidade são mais baixos, com maiores opções de uso e ocupação; e aquelas de graus de fragilidade mais altos, áreas mais vulneráveis, nas quais as opções de uso são mais reduzidas. A fragilidade está associada à susceptibilidade do sistema de sofrer intervenções o que pode desestabilizar o estado de equilíbrio dinâmico do sistema. Essa desestabilização pode ter como indutores tanto processos naturais, quanto ações antrópicas. Dessa forma para o desenvolvimento do projeto se realizará a determinação dos índices de fragilidade ambiental de acordo com os dados existentes de órgãos oficiais brasileiros, como por exemplo, da INDE (Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais), Fepam e Embrapa. A partir da delimitação dos índices será possível realizar o mapeamento ambiental, o qual, segundo Meyer (1991), configura-se como uma importante estratégia didática para a compreensão do grau de interferência humana em determinado ambiente e, por conseguinte, as consequências que essa interferência acarreta aos seres vivos desse ambiente. Para esse fim, se empregará diversas técnicas do geoprocessamento, o qual de acordo com Guerra (1999) pode minimizar, ou mesmo evitar a ocorrência de impactos ambientais decorrentes da ação antrópica indiscriminada, com o objetivo de orientar a ocupação humana e animal, para que sejam resguardadas as áreas destinadas à preservação ambiental, tendo em vista a conservação dos recursos naturais, a fragilidade ambiental. Serão utilizados dados espaciais georreferenciados para documentos cartográficos da declividade do terreno, solo, litologia, clima, hidrografia, cobertura vegetal e o uso do solo. Todos os dados serão alocados no banco de dados em um sistema de referência único possibilitando as modelagens e análises de espaciais de forma concisa, com auxílio do software livre com código aberto Quantum GIS, utilizado para o tratamento dos dados e modelagem.

2 - Pesquisar a concepção dos produtores quanto aos problemas ambientais presentes em suas unidades de produção para promover atividades de educação ambiental.
Uma pesquisa inicial será conduzida para conhecer o histórico e a visão dos agricultores quanto as condições ambientais de sua propriedade, através de aplicação de questionário. Após verificação dos resultados e conclusão do diagnóstico ambiental, serão propostas atividades que contemplem as necessidades e sugestões verificadas nos questionários. Com vistas a aquisição de atitudes na ótica da sustentabilidade e saúde ambiental, serão propostas palestras para fomentar a discussão entre os produtores e seus familiares sobre os problemas ambientais verificados e possíveis soluções. Serão propostas outras atividades educativas, como cursos de aproveitamento de materiais reutilizáveis ou recicláveis, oficinas de compostagem e minhocultura, visitas técnicas dos agricultores a centros de pesquisa (EMBRAPA Cascata, UFPel) ou outros produtores agroecológicos, cursos de produção de pães, biscoitos, geléias, conservas e outros produtos de maior valor agregado com matéria-prima produzida na propriedade, visando, em especial, a valorização da mulher e sua inserção na área produtiva.

3- Caracterizar as alterações da biodiversidade animal e vegetal nas propriedades durante o processo de transição agroecológica;
Serão realizadas coletas bimestrais em cada uma das propriedades elencadas no projeto, registrando a presença de animais, insetos e fauna edáfica através de fotos e capturas por métodos específicos para cada grupo. O diagnóstico da vegetação será realizado através de caminhadas pela propriedade, objetivando a identificação e localização de áreas preservadas bem como de áreas de regeneração. Coletas serão realizadas para a identificação do material botânico. Após a definição do estado de conservação da vegetação nativa, proposições serão feitas para a preservação e manutenção dessas áreas.

4 – Avaliar os resultados, em produtividade e qualidade de leite, da implementação do manejo ecológico de pastagem.
Após o diagnóstico ambiental inicial, será proposto ao produtor o manejo ecológico de pastagem, respeitando as particularidades da propriedade. Paralelamente às mudanças, a produção de leite será contabilizada e serão realizadas coletas bimestrais de leite para verificação de casos de mastite clínica e subclínica, através do uso do caneco preto e realização de teste CMT. Dos tetos em que se observar presença de mastite clínica ou subclínica, será coletada amostra para identificação bacteriana. A coleta de leite para avaliação de proteína, gordura, lactose, sólidos totais e CCS será individual por animal e a avaliação automatizada.

5- Avaliar o impacto das ações de manejo sobre a qualidade microbiológica da água e do solo.
Em cada visita bimestral, serão coletadas amostras de água para avaliação de presença de coliformes termotolerantes e amostras do solo da área de pastagem para avaliação da quantidade e biodiversidade de micro-organismos. As amostras serão acondicionadas e levadas ao Laboratório de Microbiologia Ambiental, IB/UFPel, para seu processamento. Os resultados serão compilados para acompanhamento das mudanças na qualidade da água e do solo.

6 – Controlar ectoparasitas e endoparasitas nos animais inseridos no processo de transição agroecológica através do manejo das pastagens e utilização de produtos naturais;
Como o controle de ectoparasitos não poderá ser realizado através de métodos químicos, métodos alternativos serão necessários, sendo os permitidos: fitoterápicos e homeopatia. Um importante manejo para o controle de carrapatos é a correta utilização de rotação de pastagens para interromper o ciclo do parasito. Formas alternativas serão testadas. Serão realizadas observações bimestrais com utilização de material fotográfico.
Para o controle de endoparasitos também não é permitido uso de químicos. Desta forma, será realizado o acompanhamento dos animais quanto a parasitas gastrintestinais e hemoparasitas com coletas bimestrais de fezes para quantificar ovos de nematoides e de sangue, para realização do hematócrito e esfregaço para visualização de Babesia spp. e Anaplasma spp.

7 - Bioprospectar micro-organismos para utilização como micro-organismos eficientes;
Serão realizadas coletas bimestrais em solos de áreas preservadas existentes nas propriedades para bioprospecção de micro-organismos eficientes. A bioprospecção consiste no isolamento de micro-organismos através da realização de uma diluição seriada de 1 g de solo e inoculação para crescimento em meios de cultura específicos para diferentes grupos microbianos. Após visualização, as colônias são repicadas para novas placas até a obtenção de culturas puras, que então podem ser caracterizadas e utilizadas em testes de promoção de crescimento vegetal.

8 – Elaborar material didático e divulgar os resultados parciais e finais obtidos.
Os resultados parciais e finais durante a execução do projeto, serão veiculados em mídia impressa e digital da Universidade Federal de Pelotas, das Secretarias Municipais da Agricultura e do Meio Ambiente de cada município envolvido e de entidades atreladas ao Gado Bovino Leiteiro. Os resultados parciais, ao final de cada ano, serão organizados de forma didática para apresentação aos produtores participantes do projeto para que possam acompanhar a evolução da propriedade. Com o envolvimento de alunos de Pós-Graduação os resultados também serão publicados em revistas e eventos de cada área específica, além da elaboração de Protocolo Tecnológico de Transição Agroecológica para a produção de Leite. Será elaborado material instrucional e informativo, tais como folderes, cartilhas, panfletos e outros, para distribuição aos produtores e interessados.

9- Realizar reuniões quinzenais com os coordenadores de projetos envolvidos no Programa para discussão das metodologias e resultados obtidos.

Indicadores, Metas e Resultados

Metas:
Capacitar os produtores envolvidos para aplicação das tecnologias ambientais e de manejo dos animais para produção de leite agroecológico;
Elaborar plano de manejo agroecológico de cada propriedade participante do projeto;
Elaborar manual de boas práticas relacionadas à dieta bovina leiteira e manejo da produção do leite;
Avaliar a qualidade da água, solo, leite e dieta;
Registrar a mudança da paisagem do ecossistema das propriedades.

Indicadores:
Os indicadores serão aplicados através de pontuações, e os produtores poderão avaliar os avanços obtidos. O acompanhamento do processo será objeto de pesquisa-ação.

Resultados esperados:
1- Gerar subsídios para o planejamento de ocupação territorial, pois serve de apoio para a tomada de decisões na forma de ocupação das propriedades rurais, visando o manejo correto de seus recursos. Produtos: mapas temáticos com informação acessíveis e de fácil entendimento de seus diferentes aspectos do ambiente correlacionando as diversas características desse.
2 - Mais organização e consciência dos produtores no cuidado com o ambiente e os animais, melhoria das condições de vida da família rural, aumento da renda pela redução de gastos com insumos externos, melhor qualidade do leite e saúde dos animais. Produtos: material instrucional, folhetos, folderes para divulgação dos resultados e experiências.
3 - Amento da diversidade vegetal e animal na propriedade, identificação de plantas indicadoras de qualidade do ambiente, organização de área de preservação na propriedade, organização de quebra-ventos.
4- Aumento da produtividade e redução de casos de mastite clínica e sub-clínica, e, consequentemente, aumento nos teores de proteína, gordura e sólidos totais, caracterizando o leite orgânico como produto diferenciado. Produtos: divulgação dos resultados em mídia e publicação em revistas científicas.
5- Redução da presença de coliformes termotolerantes na água e aumento da diversidade microbiana do solo. Produtos: divulgação dos resultados em mídia e publicação em revistas científicas.
6 - Redução da infestação parasitária nos animais para baixa ou inexistente Produtos: divulgação dos resultados em mídia e publicação em revistas científicas.
7- Obtenção de micro-organismos promotores de crescimento vegetal. Produtos: inoculante microbiano para pastagem ou silagem
8- Processo completo de conversão agroecológica das propriedades. Produtos: protocolo tecnológico contento as condições de manejo para produção de leite agroecológico, estimulando outros produtores a implementar o processo.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AMANDA RICKES CROCHEMORE
ANELISE VICENTINI KUSS7
CAMILA SCHWANSON MADRUGA
CAROLINA LAMBRECHT GONÇALVES
CRISTINA HALLAL DE FREITAS
Camila Quintana Lopes
GINIANI CARLA DORS2
GISELDA MARIA PEREIRA4
GREICE HARTWIG SCHWANKE PEIL
HELENICE GONZALEZ DE LIMA2
MARIA ANTONIETA MACHADO PEREIRA DA SILVA1
MARLETE BRUM CLEFF1
PATRICIA DA SILVA NASCENTE10
PATRIQUE DOS SANTOS ACOSTA
PAULA KERN DA SILVA
PEDRO RASSIER DOS SANTOS
PEDRO RASSIER DOS SANTOS
RAQUEL LUDTKE3
ROSARIA HELENA MACHADO AZAMBUJA1
ÍNGRID RIBEIRO BARCELLOS

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