Nome do Projeto
Spread the Sign – internacionalização da Libras
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
24/03/2021 - 19/09/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
O presente projeto corresponde a um recorte do Projeto Spread the Sign – Brasil (STS-BRASIL), desenvolvido por pesquisadores do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos (GIPES), registrado no Diretório CNPq, o qual nos últimos anos vêm desenvolvendo investigações no campo da cultura e educação de surdos. Tem como objetivo principal realizar o mapeamento e registro de sinais, inserindo a Libras no Spread the Sign (STS), proporcionando sua internacionalização. O Spread the Sign é um projeto desenvolvido pela European Sign Language Center, e coordenado pelo Dr. Thomas Lydell-Olsen, na Suécia. Trata-se de uma ferramenta online que possibilita a divulgação, o aprendizado de línguas de sinais nacionais, por meio da tradução de palavras escritas para várias línguas de sinais. O projeto de pesquisa aqui proposto pretende desenvolver ações de valorização e registro da Libras, e consiste na realização de um trabalho colaborativo tanto em âmbito nacional, quanto internacional.

Objetivo Geral

Realizar o mapeamento e registro de sinais, inserindo a Libras no Spread the Sign (STS).

Justificativa

O presente projeto é proposto por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, e corresponde a um recorte do Projeto Spread the Sign – Brasil (STS-BRASIL), articulado com pesquisadores do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos (GIPES), registrado no Diretório CNPq.
O GIPES, a partir do conjunto de pesquisas realizadas nos últimos anos , alcançou uma visibilidade nacional e internacional. Em 2016, líderes do GIPES receberam o convite para desenvolver um dos projetos da European Sign Language Center, o Spread the Sign-Brasil. Tal convite foi feito pelo coordenador geral do STS, Dr. Thomas Lydell-Olsen, da Suécia, por meio da indicação da Dra. Orquídea Coelho, coordenadora do STS-Portugal e colaboradora estrangeira do GIPES.
Na UFPel há pesquisadores e colaboradores do GIPES, lotados tanto no Centro de Letras e Comunicação, quanto na Faculdade de Educação. Eles se propuseram a colaborar com o Projeto Spread the Sign – Brasil, tendo em vista, especialmente, a experiência de colaboração in loco com o STS-Portugal, durante a realização de estágio doutoral sanduíche e pós-doutorado. Além disso, consideram de extrema relevância a participação em um projeto de internacionalização da Libras.
O Spread the Sign é uma ferramenta online que possibilita a divulgação, o aprendizado de línguas de sinais nacionais, por meio da tradução de palavras escritas para várias línguas de sinais. O principal objetivo do Spread the Sign é divulgar e tornar as línguas de sinais nacionais acessíveis às pessoas surdas, bem como a todos os interessados de um modo mais geral. É uma ferramenta de autoaprendizagem, de uso livre e não há limites para seu uso. Assim, o STS tem sido utilizado para disponibilizar uma grande quantidade de sinais online, servindo de apoio aos surdos ou àqueles que se interessam pelas línguas de sinais, por exemplo, quando vão ao exterior, seja a trabalho ou a passeio. Caracterizado como um dicionário virtual internacional, já conta com um grande número de línguas de sinais nacionais registradas ou em processo de registro, tais como as línguas de sinais sueca, inglesa, americana, alemã, francesa, espanhola, portuguesa, russa, estoniana, lituana, islandesa, polaca, checa, turca, finlandesa, japonesa, entre outras. É possível também incluir as variações dialetais das línguas de sinais. Está disponível também em smartphones, sob o nome de Spread Signs.
No âmbito da educação, o STS tem sido utilizado como instrumento pedagógico para tornar acessível as línguas de sinais a todos os estudantes, para busca de informações, desenvolvimento de pesquisas, consultas, comparações, documentação das línguas de sinais nacionais, entre outras possibilidades.
O projeto Spread the Sign é administrado pelo European Sign Language Center (Centro de Línguas de Sinais Europeias), uma organização não-governamental e sem fins lucrativos. Importante destacar que o projeto conta com a colaboração voluntária e parcerias de diferentes países para o desenvolvimento da documentação das línguas de sinais nacionais. Não há apoio financeiro e cada país busca apoios nacionais para o desenvolvimento dessa proposta.
Historicamente entre 2006 e 2010, vários países europeus inseriram vocábulos das línguas de sinais relacionados a diferentes áreas profissionais. Desde 2012, novas funções no sistema foram inseridas ou melhoradas e o STS pode ser acessado a partir de diferentes dispositivos, tais como computadores, tablets e smarthphones. Atualmente, países de outros continentes estão participando do STS, adicionando suas línguas de sinais nacionais ao dicionário. A participação de vários países tem possibilitado a constante ampliação e parceria com novos países e patrocinadores dessa ferramenta de uso livre. Cada país tem a sua equipe, com a responsabilidade de divulgar a língua de sinais do país nesse website.
O trabalho desenvolvido no projeto STS inclui produção de dados, tradução, revisão, pesquisa e colaboração de surdos, intérpretes e pesquisadores bilíngues, com conhecimento da língua de sinais do país, da língua nacional e do inglês. No caso do Brasil, a equipe conta com surdos usuários da Libras, profissionais tradutores-intérpretes da Libras, da língua portuguesa e da língua inglesa.
Anualmente, a equipe de colaboradores, através de representantes de todos os países que integram o STS, realiza reuniões (meetings) com a coordenação geral do projeto, com o objetivo de discutir o andamento, as dificuldades e os desafios do STS nos diferentes países.
No Brasil, este projeto apresenta relevância política, educacional e linguística. Destaca-se a necessidade de ações que promovam o direito à educação escolar bilíngue de surdos, bem como ao uso e à documentação da Libras. Podem ser citadas aqui as leis e decretos promulgados nas últimas décadas, que ampliaram o campo de atividades no âmbito cultural, social, educacional e linguístico, tais como o reconhecimento da Libras (Lei 10.436/2002 regulamentada pelo Decreto 5.626/2005).
É pertinente sublinhar que anterior mesmo à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, tem-se a 24ª Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, promovida pela UNESCO, em Barcelona, em 1996, a qual enfatiza que:

Todas as comunidades linguísticas têm direito a decidir qual deve ser o grau de presença da sua língua, como língua veicular e como objeto de estudo, em todos os níveis de ensino no interior do seu território: pré-escolar, primário, secundário, técnico e profissional, universitário e formação de adultos.

A 24ª Declaração Universal dos Direitos Linguísticos se mantém na Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e, em relação aos surdos e às línguas de sinais, destacam-se propostas nos seguintes artigos:

Artigo 24:
(a) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade linguística da comunidade surda; e
(b) Garantia de que a educação de pessoas, inclusive crianças cegas, surdocegas e surdas, seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados às pessoas e em ambientes que favoreçam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social.
Artigo 30, § 4:
As pessoas com deficiência deverão fazer jus, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a que sua identidade cultural e linguística específica seja reconhecida e apoiada, incluindo as línguas de sinais e a cultura surda.

Além dos textos supracitados, em 2010 foi promulgado o Decreto 7.387 (BRASIL, 2010), que institui a ação governamental de realizar o primeiro inventário nacional das línguas brasileiras. O compromisso estatal com as línguas inventariadas e reconhecidas pelo governo federal está explicitado por meio dos seguintes artigos:

Art. 2º - As línguas inventariadas deverão ter relevância para a memória, a história e a identidade dos grupos que compõem a sociedade brasileira.
Art. 3º - A língua incluída no Inventário Nacional da Diversidade Linguística receberá o título de “Referência Cultural Brasileira”, expedido pelo Ministério da Cultura.
Art. 4º - O Inventário Nacional da Diversidade Linguística deverá mapear, caracterizar e diagnosticar as diferentes situações relacionadas à pluralidade linguística brasileira, sistematizando esses dados em formulário específico.
Em seu artigo 5, o Decreto 7.387 determina que “As línguas inventariadas farão jus a ações de valorização e promoção por parte do poder público.”

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/Ministério da Cultura adotou e categorizou as línguas minoritárias brasileiras, sendo elas: línguas indígenas, variedades regionais da língua portuguesa, línguas de imigração, línguas de comunidade afro-brasileiras, língua brasileira de sinais e línguas crioulas. Como um dos resultados desse inventário, houve, novamente, o reconhecimento da Libras como língua nacional e, consequentemente, o direito dos brasileiros oriundos das comunidades surdas à preservação de sua língua – Libras – e de seu patrimônio cultural.

Considerando os termos da 24ª Declaração e os direitos garantidos aos surdos a partir da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e do Decreto 7.387 (BRASIL, 2010) supracitados, o presente projeto visa:
(a) a disponibilização da Libras no Spread the Sign, para facilitação do aprendizado da língua brasileira de sinais e promoção da identidade linguística da comunidade surda;
(b) a disponibilização de um dicionário online (STS-Brasil), para a garantia de um material de consulta na educação escolar bilíngue de pessoas surdas, favorecendo ao máximo o desenvolvimento acadêmico e social de pessoas surdas.
(c) a contribuição para o Inventário Nacional da Diversidade Linguística, através do mapeamento caracterização e documentação da pluralidade linguística no Brasil.
(d) Fomentar pesquisas no âmbito da educação e dos estudos linguísticos sobre o processo de registro, documentação, uso e divulgação da Libras no STS.

A partir da contextualização do GIPES, do Projeto STS e da relevância do STS-Brasil para o desenvolvimento de ações de valorização e registro da Libras, percebemos a potencialidade do desenvolvimento de pesquisas na área, com a possibilidade de realização de um trabalho colaborativo e de âmbito nacional e internacional. Neste sentido, este projeto caracteriza-se como um desdobramento em proposta de pesquisa a partir da investigação ampla (projeto pai/ guarda-chuva) proposta pela Líder do GIPES, Profª Drª Lodenir Becker Karnopp, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Estabelecemos como problema de pesquisa o seguinte enunciado: Como o projeto Spread the Sign-Brasil (STS-Brasil) contribui para as áreas da educação e da linguística e como vem enfrentado os desafios de sua implementação e desenvolvimento?

Metodologia

O Projeto Spread the Sign, coordenado por Thomas Lydell-Olsen, é um dicionário online internacional que torna acessíveis as línguas de sinais de diversos países (www.spreadthesign.com) para investigação e consulta a uma grande quantidade de sinais. O GIPES possui as credenciais para a participação no Projeto Spread the Sign, visto que reúne as qualidades acadêmicas e técnicas para o desenvolvimento do projeto Spread the Sign - Brasil. Para a execução do projeto no Brasil, faz-se necessário seguir as orientações fornecidas a todas as equipes dos diferentes países que são colaboradores nesse projeto. Além disso, é necessário organizar um grupo de trabalho para desenvolver a metodologia de trabalho proposta pela coordenação geral e discutida/reelaborada com a participação dos países que vêm desenvolvendo o referido projeto. Neste sentido, contamos com a equipe de professores, alunos e técnicos da UFRGS e UFPel(Instituições do GIPES), além da UFF, fluentes na Libras e na língua inglesa. Dessa forma, os procedimentos gerais devem ser seguidos por todas as equipes participantes, viabilizando o fomento e construção do dicionário na Língua Brasileira de Sinais online, no ambiente virtual do Spread the Sign. A seguir são apresentados os procedimentos e materiais necessários para desenvolvimento do projeto no Brasil.

1) Listas de palavras e sentenças em Inglês e em Português de Portugal. A lista inicial de 3.000 sinais é fornecida pela coordenação geral do Spread the Sign, caracterizando-se como uma sugestão de palavras básicas do cotidiano. No entanto, cada país pode selecionar as palavras que considerar mais relevantes e/ou propor outras. Após essa etapa de definição de palavras e de listas, a coordenação geral sugere mais 15.000 (quinze mil) palavras para tradução do inglês para o português brasileiro e Libras, incluindo palavras técnicas. Uma opção é utilizarmos a lista de Portugal paralelamente à da Suécia (em inglês), fazendo as adequações linguísticas necessárias para a língua portuguesa utilizada no Brasil, no processo tradutório das listas. Esse processo conta com uma equipe de tradutores do inglês para o português.
2) Feita a tradução de palavras do inglês ou do português europeu para o português brasileiro, a próxima etapa requer a realização da tradução dessa lista de palavras para a Libras. Assim, o ambiente virtual do Spread the Sign-Brasil contempla a tradução nas formas escrita, sinalizada e oral. De igual modo, compomos um grupo de especialistas das universidades parceiras para o processo de definição da tradução palavra-sinal, composto por pesquisadores surdos, bilíngues e tradutores intérpretes da Libras.
3) Assim, é necessária uma sala para filmagem, equipada com filmadora, tripé, tela de fundo para filmagem (padrão para todos os países e já enviada pelo correio para a UFRGS e UFPel), iluminação, computador; programa de edição (Adobe Premiere pro CC), vestimenta adequada para uso na filmagem da tradução das palavras e/ou sentenças em Português escrito e oral para Libras. As instituições parceiras contam com a infraestrutura para o desenvolvimento desse projeto, sendo que na UFPel contaremos com a estrutura (física e de recursos para as filmagens) do curso de Jornalismo do Centro de Letras e Comunicação. Na sequência do desenvolvimento do projeto local, buscaremos ampliar a infraestrutura, na Área de Libras/CLC/UFPel.

Para atender ao objetivo geral, será mantido um diário de pesquisa e reuniões sistemáticas entre as equipes, com anotações das contribuições e desafios do projeto STS-Brasil, elaborando análises quantitativas e qualitativas sobre esse tema. Anualmente, representantes do Brasil participarão das reuniões com a coordenação geral e com representantes de países que integram o STS.

Indicadores, Metas e Resultados

A participação dos pesquisadores da UFPel no projeto STS possibilitará o desenvolvimento de projetos a nível nacional e internacional, promovendo a realização de investigações em diversas áreas do conhecimento, especialmente nas áreas da educação e linguística.
Destacam-se também contribuições tecnológicas, disponibilizando uma ferramenta online para a divulgação e o aprendizado de línguas de sinais nacionais, por meio da tradução de palavras escritas para várias línguas de sinais. Além disso, possibilitará o acesso a uma grande quantidade de sinais online, servindo de apoio aos surdos ou àqueles que se interessam pelas línguas de sinais, por exemplo, quando vão ao exterior, seja a trabalho ou a passeio. O trabalho dos membros da UFPel é fomentar e alimentar o projeto STS e desenvolver atividades de pesquisa e extensão.
Possibilitará a consulta às variações dialetais das línguas de sinais nacionais, contribuindo com o registro do patrimônio cultural das comunidades surdas. Como está disponível também em smartphones, sob o nome de Spread Signs, torna as línguas de sinais acessíveis e de uso pessoal e ilimitado.
Como destacado anteriormente, o STS constitui uma ferramenta de autoaprendizagem, de uso livre e não há limites para seu uso. Assim, o âmbito da educação, o STS poderá ser utilizado como instrumento pedagógico para tornar acessíveis as línguas de sinais para a comunidade escolar, em diferentes âmbitos e níveis, para busca de informações, desenvolvimento de pesquisas, consultas, comparações, documentação das línguas de sinais nacionais, entre outras possibilidades. Cabe salientar a importância deste projeto para os cursos de graduação em Letras-Libras (alunos, professores pesquisadores) e para os alunos da disciplina de Libras (obrigatória em todas a universidades para os cursos de licenciatura, conforme Decreto 5.626/2005).

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALINE DE CASTRO E KASTER4
ANGELA NEDIANE DOS SANTOS6
Angélica Ferreira de Andrade
DAIANA SAN MARTINS GOULART4
DANIEL LOPES ROMEU4
DIRCEU SOUZA DE LIMA
ENRIQUE CARVALHO BOHM
GUILHERME BRANDINO PAGANINI
GUSTAVO SEVERO DALLA COSTA2
Gabriele Schulz Zitzke
HELENA CORREA DOMBROSKI
IVANA GOMES DA SILVA4
Indi do Rêgo Medeiros
JEAN MICHEL CARRETT FARIAS
JOSEANE MACIEL VIANA4
JULIANE ALVES RIBEIRO DE MOURA
Jessica Barbosa Bederode
Karina Ávila Pereira4
LAUREN SILVEIRA FARIAS
LAVÍNIA COSTA CÉSAR
LEONARDO KARINI LEITZKE
LUCIANO COUSEN BARBOSA
LUÍS FELIPE FREITAS BECKER
MADALENA KLEIN4
MARCELI LUCIA PAVEGLIO ROMEU
MAYARA BATAGLIN RAUGUST4
MAYARA IZADORA SOUSA FREIRE OLIVEIRA
MURILLO SPONTON PERES
Priscila da Silva Avila
Sandra Regina da Silva
TATIANA BOLIVAR LEBEDEFF4
TIWA EMI

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