Nome do Projeto
Declínio do desempenho físico entre idosos não institucionalizados no sul do Brasil: ocorrência, impacto da pandemia de Covid-19 e mortalidade em até nove anos
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
29/05/2023 - 29/05/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
Avaliar a associação do desempenho físico com a mortalidade, o seu declínio em até nove anos e o possível impacto da pandemia de COVID-19 entre idosos não institucionalizados de Pelotas/RS. Serão incluídas no estudo todas as pessoas com 60 anos ou mais, residentes na zona urbana do município de Pelotas, moradores dos domicílios e setores selecionados que foram entrevistados no delineamento transversal do “COMO VAI?” em 2014. Além disso, serão coletadas novamente para fins de atualização, as mesmas variáveis socioeconômicas, demográficas, as de situação de saúde, as de utilização de medicamentos e o peso e altura dos indivíduos em 2023. As coletas serão por entrevistadores treinados por meio de formulário eletrônico REDCap (https://projectredcap.org/). Pretende-se organizar a realização das entrevistas conforme os setores censitários dos idosos, conforme entrevistas anteriores, garantindo a distribuição às entrevistadoras de informações dos idosos residentes em todos os bairros, para garantir um andamento do trabalho de campo com entrevistas realizadas com idosos de diferentes perfis.

Objetivo Geral

Avaliar a associação do desempenho físico com a mortalidade, o seu declínio em até nove anos e o possível impacto da pandemia de COVID-19 entre idosos não institucionalizados de Pelotas/RS.

Justificativa

A redução da performance física pode ser advinda do processo fisiológico inerente ao envelhecimento (especialmente relacionado aos declínios nos sistemas cardiovascular, musculoesquelético e neuromuscular), assim como por condições clínicas que interferem na funcionalidade (acidente vascular encefálico, fratura de quadril, síndrome da fragilidade) e fatores psicossociais (CRESS et al., 1996; PEEL; KUYS; KLEIN, 2013).
A pandemia de COVID-19, além das questões inerentes à própria doença, trouxe mudanças importantes à situação de vida dos indivíduos ao redor do mundo, especialmente àqueles da faixa etária idosa. Desconsiderando as questões socioeconômicas e de sobrecarga de serviços de saúde, que deixaram a população idosa em maior vulnerabilidade, os idosos foram duramente acometidos pelo isolamento/distanciamento social recomendado pelas autoridades sanitárias. Como consequência, alguns estudos observaram redução na atividade física, um fator benéfico proximal do desempenho físico, em decorrência da pandemia de COVID-19 (FERNÁNDEZ-GARCÍA, 2021; MAZO, 2021; YAMADA, 2021).
Dessa forma, considerando as mudanças existentes quanto à redução da atividade física, dentre outras alterações em fatores relacionados ao estilo de vida e psicossociais (CAROPPO, 2021) que também são associados ao desempenho físico, tem-se a hipótese de redução em medida objetiva de desempenho físico entre idosos não institucionalizados além do esperado pelo aumento da idade ou pela situação de vida e saúde desses idosos no período atual sem pandemia.
O acompanhamento desses indivíduos permitirá a vigilância de fatores de risco e desfechos de saúde na população idosa do sul do brasil e poderá elucidar diversas questões relevantes ao processo de envelhecimento, podendo acarretar na qualificação da assistência prestada e do processo de tomada de decisão. Além do alto potencial em identificar tendências e diversos fatores relacionados ao processo saúde-doença-mortalidade nos idosos da cidade de pelotas colaborando com a gestão.

Metodologia

Serão incluídas no estudo todas as pessoas com 60 anos ou mais, residentes na zona urbana do município de Pelotas, moradores dos domicílios e setores selecionados que foram entrevistados no delineamento transversal do “COMO VAI?” em 2014.
Serão excluídos os idosos com deficiências mentais ou os idosos que sejam inaptos para responder questões básicas (como referentes a tempo, dinheiro alimentação, etc.) e que não contam com o auxílio de cuidadores/familiares responsáveis para ajudá-los a responder o questionário serão excluídos do estudo.
Instrumento de coleta de dados: O desempenho físico será avaliado pela Velocidade de Marcha (VM). Será avaliada também a mudança observada no decorrer do período entre os testes, sendo considerada mudança a observação de pelo menos 0,1 m/s de variação na velocidade de marcha (m/s), conforme estudos prévios (ABELLAN VAN KAN et al., 2009; PERERA et al., 2006). O teste de VM foi aplicado em 2014 e 2019 e será aplicado em 2023 duas vezes em cada indivíduo para avaliar o desempenho físico através do tempo dispendido para completar um caminho reto predeterminado de 4 metros sem obstáculos, registrado através de cronômetro manual (ABELLAN VAN KAN et al., 2009). Antes do teste, o idoso era orientado que não precisava correr, mas deveria caminhar o mais rápido que conseguisse, podendo utilizar instrumentos de apoio como bengalas ou andadores, caso utilizasse habitualmente para deslocamento. A informação do tempo dispendido (mais rápido) pelo idoso para completar a distância foi utilizada para o cálculo da velocidade, considerando a distância estabelecida no teste.
As mortes, causas e datas dos óbitos serão verificadas junto ao Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), com a permissão do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas/Secretária de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul. Será avaliada a associação entre as exposições e estudo a mortalidade observada por todas as causas e grandes grupos de causas (doenças cardiovasculares, câncer, etc.) através de análises de regressão de Cox, considerando a data de entrevista de 2014 e de entrevista em 2021-2 ou óbito, para aqueles idosos que foram entrevistados ou faleceram, respectivamente. Para os idosos perdidos no estudo, será considerado que eles contribuíram para a análise por pelo menos metade do período, assumindo-se como fim do acompanhamento, uma data média entre o último dia de coleta de dados da primeira visita (31/08/2014) e o primeiro dia de início da coleta de dados da visita ocorrida em 2016 para aqueles não mais localizados desde 2014 e uma data média entre a data da entrevista em 2016 e o primeiro dia da coleta de dados realizada em 2021-2.
Todas as variáveis independentes associadas ao declínio do desempenho físico foram obtidas a partir do questionário da entrevista de linha de base realizada em 2014. Além disso, serão coletadas novamente para fins de atualização, as mesmas variáveis socioeconômicas, demográficas, as de situação de saúde, as de utilização de medicamentos e o peso e altura dos indivíduos em 2023.
Assim como para as entrevistas realizadas em 2016, 2019 e 2021, pretende-se desenvolver formulário eletrônico para a aplicação do questionário desenvolvido para o acompanhamento a se realizar em 2023 na plataforma Research Eletronic Data Capture – REDCap (https://projectredcap.org/). Pretende-se organizar a realização das entrevistas conforme os setores censitários dos idosos, conforme entrevistas anteriores, garantindo a distribuição às entrevistadoras de informações dos idosos residentes em todos os bairros, para garantir um andamento do trabalho de campo com entrevistas realizadas com idosos de diferentes perfis. Ainda, pretende-se exigir o comprovante vacinal com todas as doses recomendadas até o momento para todas as entrevistadoras participantes, além de que serão respeitados todos os protocolos sanitários necessários para a realização das entrevistas domiciliares.
ANÁLISE DE DADOS: As análises estatísticas serão conduzidas no pacote estatístico Stata versão 16.0 (College Station, TX: StataCorp LP). Primeiramente, a velocodade de marcha (m/s) será descrita em cada acompanhamento através de médias e seus respectivos desvios-padrão, quando apresentadas de forma numérica contínua, e por meio de frequências absolutas (n) e relativas (%) quando forem trabalhadas em categorias.
Logo, análises bivariadas serão realizadas para descrever as diferenças nas médias e nas categorias de mudanças do desempenho físico conforme as características sociodemográficas, comportamentais e de saúde mencionadas anteriormente. Serão utilizados os testes t de Student, Análise de variância (Anova) e Qui-quadrado de Pearson de heterogeneidade ou para tendência linear, conforme a natureza das variáveis.
Serão apresentadas análises brutas e ajustadas para avaliar as associações do declínio no desempenho físico (VM) de 2014 para 2023 e de 2019 para 2023 com as variáveis independentes por meio de regressão de Poisson, sendo que os resultados serão apresentados por risco relativo (RR) e respectivos intervalos de confiança de 95%. O grupo de referência para a mudança na VM será o grupo que manteve ou aumentou a VM entre os momentos (2014/2019 e 2020). Ainda, será calculado o percentual de variação anual na medida da velocidade de marcha entre cada um dos pontos de avaliação, de modo a possibilitar a avaliação de declínio do desempenho físico mais acentuado durante o período de acometimento pela pandemia. Será utilizado o modelo de riscos proporcionais (regressão de Cox) para identificar a razão de risco da baixa VM em relação à mortalidade entre os indivíduos no período de até nove anos, sendo ajustados para os fatores de confusão incluídos no estudo. A proporcionalidade dos riscos será checada através das curvas de Kaplan-Meier e residuais de Schoenfeld. Para todas as análises será considerado um nível de significância de 5%. Nas análises ajustadas serão incluídos todos os possíveis fatores de confusão, sendo mantidas no modelo final aquelas que se mantiverem com p<0,20.

Indicadores, Metas e Resultados

• Será observado declínio no desempenho físico avaliado pela velocidade de marcha, sendo que maior velocidade no declínio será observada entre as avaliações de 2019 e 2023, em detrimento da pandemia de COVID-19;
• Aproximadamente 30% dos idosos do estudo terão falecido em até oito anos;
• Maior risco de mortalidade em até oito anos de acompanhamento será observado entre os idosos com menor velocidade de marcha;
• O declínio no desempenho físico será mais frequente entre idosos do sexo feminino, de maior idade na linha de base, que fumavam no início do estudo, que não praticavam atividade física, com pior qualidade da dieta, com maior número de doenças crônicas, em uso de polifarmácia, com sintomas depressivos, que não tem companheiro(a), com menor nível econômico e escolaridade.
• Espera-se contribuir no fortalecimento de políticas de atenção à saúde do idoso, de modo que seja estimulada a importância da promoção à saúde e a adoção de estilos de vida saudáveis mesmo em emergências de saúde pública, a partir da disponibilidade dos resultados, em forma de relatório para a gestão municipal

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANDREA HOMSI DAMASO12
Bolaji Oluwaseun Fatimah
DARLISE RODRIGUES DOS PASSOS GOMES
ELAINE TOMASI12
FLAVIO FERNANDO DEMARCO2
KARLA PEREIRA MACHADO
LAÍZA RODRIGUES MUCENECKI
LEONARDO POZZA DOS SANTOS12
MARIA CRISTINA GONZALEZ
MARIANA GONZALEZ CADEMARTORI12
MARYSABEL PINTO TELIS SILVEIRA12
REGINA HOBUS
RENATA MORAES BIELEMANN6

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
FAPERGS / Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado Rio Grande do SulR$ 27.700,00Coordenador
PROAP/CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 2.000,00Coordenador

Plano de Aplicação de Despesas

DescriçãoValor
339030 - Material de ConsumoR$ 1.700,00
339004 - Contratação por Tempo DeterminadoR$ 26.000,00

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