Nome do Projeto
Paraoxonase 1 em crianças e adolescentes do espectro autista: análise da associação a fatores nutricionais, metabólicos e comportamentais
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
04/08/2025 - 04/08/2029
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O transtorno do espectro do autismo (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento, caracterizada por graus variados de comprometimento em dois principais domínios: (I) dificuldades na comunicação e na interação social e (II) padrões repetitivos e restritivos de comportamento, ações e interesses. Sua etiologia envolve uma interação multifatorial entre genética, fatores comportamentais e ambientais. A atividade da paraoxonase 1 (PON1) foi identificada como biomarcador de estresse oxidativo (EO) em crianças com TEA. A PON1 é uma importante enzima antioxidante e anti-aterogênica produzida no fígado e secretada na corrente sanguínea, onde se liga a partícula de lipoproteína de alta densidade (HDL). Reduzida atividade PON1 foi identificada no TEA, mas sabe-se pouco sobre sua associação a fatores nutricionais e metabólicos nessa condição. Por outro lado, observa-se no TEA maior prevalência de excesso de peso, obesidade, dislipidemias e dietas ricas em gorduras, mas deficientes em vitaminas e minerais antioxidantes. Assim, crianças e adolescentes no espectro podem sofrer o efeito sinérgico para o aumento do EO resultado de uma atividade reduzida da PON1 e à presença de fatores metabólicos e ambientais desfavoráveis, como a dieta. O objetivo deste estudo será investigar a influência de fatores nutricionais, metabólicos e comportamentais sobre a atividade arilesterase da PON1 em crianças e adolescentes do espectro autista. O delineamento do estudo é observacional transversal, realizado com dados coletados entre 2018 e 2024, no ambulatório de Neurodesenvolvimento UFPEL e no Centro De Atendimento Ao Autista Dr. Danilo Rolin De Moura em Pelotas-RS. Serão incluídas no estudo crianças e adolescentes com diagnóstico de TEA, a partir de 2 anos e menores de 19 anos de idade. Serão excluídas aquelas com diagnóstico de neuropatias, cardiopatia congênita, síndromes genéticas e\ou ausência de coleta de sangue. A variável dependente será a atividade arielesterase da PON1, obtida a partir da taxa extinção de fenol (kUL) em amostra de soro. As variáveis de exposição serão o consumo alimentar de vitaminas e minerais antioxidantes, estado nutricional, comportamento alimentar e lipídeos séricos. Os dados serão analisados no JAMOVI, versão 2.5. Os resultados expressos como frequências absoluta e relativa, média e intervalo de confiança de 95%. A distribuição das variáveis será testada com Shapiro-Wilk, aquelas que apresentarem distribuição simétrica, a comparação entre duas ou mais variáveis será realizada, com Teste t de Student ou ANOVA de 1 via, respectivamente. Para as variáveis com distribuição assimétrica serão aplicados os testes estatísticos não paramétricos equivalentes. Para investigar a influência de fatores nutricionais, metabólicos e comportamentais será utilizada regressão linear múltipla. O nível de significância estatística será de p<0,05. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, sob protocolo nº 2.835.793. A identificação precoce de fatores associados a comorbidades do TEA, viabiliza intervenções mais eficazes promovendo melhores desfechos no desenvolvimento e na qualidade de vida das pessoas.

Objetivo Geral

Investigar a influência de fatores nutricionais, metabólicos e comportamentais sobre a atividade arilesterase da PON1 em crianças e adolescentes do espectro autista.

Objetivos específicos:

i) Descrever a atividade da PON1 em relação à presença de excesso de peso e ao consumo de alimentos que são indicativos de alimentação saudável e não saudável.

ii) Descrever a atividade da PON1 segundo o consumo de vitaminas A e C, zinco, gorduras totais, ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados.

iii) Descrever a atividade da PON1 segundo os níveis de HDL e comportamento alimentar.

iv) Analisar a associação entre a atividade arilesterase da PON1 e fatores nutricionais, metabólicos e comportamentais.

v) Investigar a influência de fatores nutricionais, metabólicos e comportamentais em relação a atividade da PON1.

Justificativa

O TEA é um transtorno complexo do neurodesenvolvimento, caracterizado por comprometer os domínios da comunicação social, interesses restritos e comportamento repetitivo. Embora seja uma condição irreversível, a necessidade de suporte varia de acordo com o grau de autismo dos indivíduos. Os fundamentos neurobiológicos do TEA ainda são desconhecidos, todavia, está cada vez mais claro que ele é um transtorno sistêmico de origem multifatorial, envolvendo aspectos genéticos, comportamentais e ambientais.
Devido ao crescente número de casos de crianças com autismo, que aumentou de 1 em 68 em 2010 para 1 em 32 em 2022, de acordo com dados do Centers for Disease Control and Prevention, torna-se cada vez essencial que sejam desenvolvidas pesquisas de biomarcadores que auxiliem no diagnóstico e esclareçam determinadas respostas biológicas. A identificação precoce do transtorno e de fatores associados a suas comorbidades, viabiliza intervenções mais eficazes promovendo melhores desfechos no desenvolvimento e na qualidade de vida das pessoas do espectro.
A enzima PON1, conhecida por seu papel na desintoxicação de compostos OP e na proteção contra o EO, tem sido investigada quanto a seu envolvimento nos transtornos do neurodesenvolvimento e ao dano endotelial. Pesquisas indicam que indivíduos com TEA apresentam reduzida atividade da PON1, o que pode determinar uma maior vulnerabilidade à toxicidade ambiental e ao EO.
O EO foi associado à progressão do TEA, no entanto, sabe-se pouco sobre sua influência em processos biológicos, metabólicos e sistêmicos em pessoas com o transtorno. Estudos indicam maior prevalência de
condições associadas ao aumento do EO em indivíduos com TEA, como excesso de peso, obesidade, dislipidemias e dietas ricas em gorduras, mas deficientes em vitaminas e minerais antioxidantes.
Nesse contexto, crianças e adolescentes no espectro podem ser vulneráveis ao efeito sinérgico de uma atividade reduzida da PON1 e à presença de fatores metabólicos e ambientais, como a dieta, que contribuem para o aumento do EO. Considerando tais aspectos, entende-se que identificar a atividade arilesterase da PON1 em crianças e adolescentes com autismo, pode contribuir para o entendimento dos mecanismos subjacentes ao TEA e ampliar as estratégias preventivas e terapêuticas, levando em conta a complexidade dessa condição e suas comorbidades.
A literatura sobre a associação entre a atividade da PON1 e o TEA é escassa, evidenciando a necessidade de estudos mais aprofundados nessa perspectiva, evidenciando a relevância deste projeto de pesquisa, devido a sua potencial contribuição para o avanço do conhecimento sobre o papel da PON1 no TEA.

Metodologia

Este estudo observacional transversal será realizado com dados da etapa diagnóstica do estudo (Protocolo de Atendimento Nutricional ao Autismo (PANA), cujo objetivo é desenvolver um protocolo de intervenção nutricional personalizada para pacientes com TEA. A população será composta por crianças e adolescentes com diagnóstico médico de TEA, entre 2 e 18 anos, atendidos no Ambulatório de Neurodesenvolvimento da UFPel e no Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolin de Moura, entre outubro de 2018 e setembro de 2024. Serão excluídos crianças e adolescentes com diagnóstico de neuropatias, cardiopatias congênitas, síndromes genéticas ou recuso para coleta de sangue. Os dados do estudo são coletados em três entrevistas conduzidas por discentes de pós-graduação e graduação previamente treinados.
A variável independente, atividade arilesterase da PON1, será mensurada a partir de amostras de sangue (5mL), coletadas com jejum prévio de 8 horas em laboratório conveniado, processadas e armazenadas a -80°C. A análise será realizada por espectrofotometria a 270 nm, 25°C, com amostras diluídas 1:3 em tampão Tris/HCl pH 8,0 contendo CaCl2, com fenilacetato adicionado à solução reagente. A absorbância será medida após 20 segundos de retenção, por 60 segundos, com correção por amostras em branco. A unidade de atividade arilesterase da PON1 será 1uM de fenol/minuto, expressa em kU/L.
Ainda, serão avaliados: i) o consumo alimentar de vitaminas A, C, zinco, gorduras totais, saturadas, mono e poli-insaturadas, frutas, verduras, legumes, salgadinhos, biscoitos doces/salgados, batata frita e embutidos, estimado pela média de três recordatórios alimentares de 24 horas, aplicados em dias não consecutivos (dois dias de semana e um de final de semana), com uso de manual fotográfico para estimativas. Os dados serão transferidos ao Excel, analisados de acordo com a composição da Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos, e exportados ao JAMOVI. II) o comportamento alimentar, avaliado a partir da aplicação da Children Eating Behavior Questionnaire (CEBQ), composto por 35 questões divididas em oito subescalas e dois domínios principais de interesse e desinteresse pela comida com respostas em escala Likert (1= nunca a 5 = sempre). iii) o estado nutricional que será avaliado pelo escore-z do IMC para idade, considerando a classificação elencada pela Organização Mundial da Saúde (2006/2007) para identificação de excesso de peso (>1 ez). i) lipídeos séricos (colesterol total, HDL-c, triglicerídeos), estimados a partir de amostras de soro armazenadas a -80°C e analisadas por método enzimático colorimétrico com kits Bioclin no equipamento Cobas Mira S (Roche®), no LaPeBBioM/UFPel. LDL-c e VLDL-c serão calculados pela fórmula de Friedewald, com pontos de corte da SBP (2019) para indivíduos de 2 a 19 anos.
Serão consideradas as covariáveis: idade (em anos completos), sexo (feminino e masculino), cor da pele (branca, preta, parda/outras), renda familiar (em reais), renda per capta (em reais), uso de medicamentos antipsicóticos (sim ou não), número de pessoas no domicílio, obtidas a partir de um questionário padronizado.
A análise dos dados será realizada no software JAMOVI (v2.5), com resultados expressos em frequências absoluta e relativa, média e intervalo de confiança de 95%. A normalidade será avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. Para dados simétricos, será utilizado o teste t de Student ou ANOVA de 1 via com post-hoc de Tukey; para dados assimétricos, os testes U de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. A influência de fatores nutricionais, metabólicos e comportamentais será investigada por regressão linear múltipla, após análise individual por regressão linear simples (variáveis com p>0,2 incluídas no modelo múltiplo). Será realizado teste de significância global e, se significativo, serão testados autocorrelação, multicolinearidade e normalidade (Shapiro-Wilk). Com os pressupostos atendidos, serão avaliados os coeficientes estandarizados e R² ajustado. O nível de significância adotado será de p<0,05.

Indicadores, Metas e Resultados

Os resultados da pesquisa serão divulgados por meio de publicações científicas, como resumos apresentados em eventos, artigos submetidos a periódicos científicos e volumes de dissertações. Além disso,

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AUGUSTO SCHNEIDER4
DRIELE NESKE GARCIA
EDUARDA DALLMANN LOPES PEREIRA
EDUARDA DE SOUZA SILVA TEIXEIRA
JULIANA DOS SANTOS VAZ4
LAURA VARGAS HOFFMANN
SANDRA COSTA VALLE4

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