Nome do Projeto
Arqueologia e História Indígena do Pampa: Estudo das populações pré-coloniais na bacia hidrográfica da Laguna dos Patos e Lagoa Mirim
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/09/2021 - 01/09/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Buscaremos com esse trabalho estudar a história indígena de longa duração referente aos grupos Guarani e construtores de cerritos que habitaram a região da serra do Sudeste e bacia hidrográfica da Laguna dos Patos e Lagoa Mirim. Articularemos fontes históricas, etno-históricas, orais e arqueológicas em busca da constituição de narrativas sobre o período pré colonial e colonial da região de Pelotas.
Objetivo Geral
1. Objetiva-se realizar um estudo arqueológico sistemático na porção meridional da laguna dos Patos e lagoa Mirim, retomando a arqueologia dos cerritos estagnada no Brasil desde, pelo menos, os anos 1980 e dando continuidade à arqueologia Guarani. Objetiva-se, em grande medida, compreender o sistema regional de assentamento dos construtores de cerritos e dos grupos Guarani através de uma perspectiva de estudo de padrão de assentamento, funcionalidade, tecno-tipologia, territorialidade, subsistência e economia. Com isso, objetiva-se também testar os modelos interpretativos de padrão de assentamento em regiões próximas a fim de perceber continuidades e descontinuidades nas estratégias de escolha e uso do espaço.
2. Objetiva-se estudar o padrão de distribuição dos sítios arqueológicos no ambiente, a fim de entender os significados dessa distribuição no que se refere aos seus aspectos estratégicos, econômicos, simbólicos e políticos. Além do padrão de distribuição, buscaremos entender as particularidades composicionais dos sítios, a fim de compreender os seus significados composicionais.
3. Outro objetivo do projeto é compreender as relações interculturais entre os grupos Guarani e construtores de cerritos, com base em indicadores que permitam perceber contatos culturais e interações sociais, contribuindo para a discussão de fronteiras sociais na região de estudo. Para essa discussão de fronteiras e interações sociais, novas datações na região serão fundamentais para se estabelecer um horizonte cronológico em que se percebam contemporaneidades entre os grupos. Nesse sentido, o estudo dessas relações interculturais poderá trazer informações sobre as escolhas dos espaços e seus significados culturais.
4. Outro objetivo a ser destacado é uma avaliação pormenorizada dos sítios em estado avançado de degradação. Atividades de educação patrimonial junto a escolas do município e a associação de bairro do Valverde, Pelotas-RS, já são desenvolvidas desde o ano de 2006, a fim de que os sítios venham a ser preservados e resignificados pela própria comunidade. Neste sentido, este projeto poderá fornecer subsídios teórico-científicos a serem divulgados nas escolas, reuniões de associações, etc., trazendo à tona a importância histórica e turística dos montículos.
2. Objetiva-se estudar o padrão de distribuição dos sítios arqueológicos no ambiente, a fim de entender os significados dessa distribuição no que se refere aos seus aspectos estratégicos, econômicos, simbólicos e políticos. Além do padrão de distribuição, buscaremos entender as particularidades composicionais dos sítios, a fim de compreender os seus significados composicionais.
3. Outro objetivo do projeto é compreender as relações interculturais entre os grupos Guarani e construtores de cerritos, com base em indicadores que permitam perceber contatos culturais e interações sociais, contribuindo para a discussão de fronteiras sociais na região de estudo. Para essa discussão de fronteiras e interações sociais, novas datações na região serão fundamentais para se estabelecer um horizonte cronológico em que se percebam contemporaneidades entre os grupos. Nesse sentido, o estudo dessas relações interculturais poderá trazer informações sobre as escolhas dos espaços e seus significados culturais.
4. Outro objetivo a ser destacado é uma avaliação pormenorizada dos sítios em estado avançado de degradação. Atividades de educação patrimonial junto a escolas do município e a associação de bairro do Valverde, Pelotas-RS, já são desenvolvidas desde o ano de 2006, a fim de que os sítios venham a ser preservados e resignificados pela própria comunidade. Neste sentido, este projeto poderá fornecer subsídios teórico-científicos a serem divulgados nas escolas, reuniões de associações, etc., trazendo à tona a importância histórica e turística dos montículos.
Justificativa
O projeto pretende preencher uma lacuna regional dos estudos arqueológicos, pois a referida área de estudo (área que compreende o município de Pelotas) foi objeto de pesquisas, cujos resultados apresentam apenas uma visão parcial da ocupação. Além disso, trata-se da retomada de estudos sistemáticos em cerritos, tema esse estagnado desde, pelo menos, os anos 1980.
É importante ressaltar que após o trabalho de Schmitz (1976) e Copé (1992) não foram desenvolvidos novos estudos sistemáticos nos contextos de ocorrência dos cerritos no Pampa gaúcho. Pode-se apenas destacar pesquisas pontuais, que, de um modo geral, não permitiram rever o modelo interpretativo com relação aos cerritos, vistos como “estruturas construídas por bandos de caçadores coletores simples”, resultantes de “ocupações sazonais”, oriundos de uma “cultura marginal”, portadora de uma “tecnologia simples”, “dependentes dos recursos ambientais” e com um amplo “sistema de mobilidade”. Esses (pré) conceitos, recorrentes na literatura sobre os cerritos no Brasil, que remontam à Antropologia ecológica concretizada no Handbook of South Americam Indians (Steward 1946, Serrano 1946), ainda nos anos 1940, vão de encontro ao amadurecimento da literatura internacional sobre o tema, sobretudo aquela produzida na arqueologia uruguaia, onde os cerritos são pensados como “estruturas monumentais”, resultantes de uma “sociedade de caçadores-coletores-horticultores complexos” de longa duração, altamente adaptados aos ambientes alagadiços com uma economia de “amplo espectro”. Essas obras de engenharia em terra contemplariam a memória mítica e a história milenar da sociedade dos grupos construtores dos cerritos, sendo estruturas que agregam indivíduos, refletem hierarquias sociais, demarcam a paisagem e permitem a reclamação territorial. Nesse sentido, os cerritos devem ser entendidos como fenômenos políticos que compõem uma paisagem e uma arquitetura ideológica e podem ser pensados como monumentos generacionais (que remetem ao passado, ao presente e futuro das sociedades), monumentos orientacionais (que demarcam paisagens, territórios e permitem a circulação dos indivíduos) e monumentos ontológicos (que congregam cosmologias e mitos históricos) (Lopez Mazz e Bracco 2010, Dillehay 2000).
A pesquisa se justifica também pela necessidade de avaliação do grau de conservação dos sítios arqueológicos, a fim de apontar o nível do impacto causado pelo processo de urbanização praiana do município de Pelotas. Além disso, proporcionará a constituição de um conjunto de dados arqueológicos regionais que visem à criação de um discurso de valorização do seu potencial. A abordagem regional e o mapeamento de sítios arqueológicos serão instrumentos eficazes que irão esclarecer e trazer à luz dados importantes de uma região que sofreu intervenções arqueológicas pontuais no que se refere aos estudos da História pré-colonial, e que vem sendo impactada significativamente pela produção agrícola e pela urbanização. Além disso, os resultados da pesquisa poderão ser utilizados como um conjunto de informações para embasar projetos de educação patrimonial arqueológica. Através da valorização e exploração cultural desse potencial os sítios arqueológicos poderão ser considerados elementos importantes da tradição histórica da região e consequentemente virem a ser preservados pela sociedade.
É importante ressaltar também a necessidade em desenvolver atividades de Arqueologia Pública e ações educativas, tanto para publicizar lato sensu o conhecimento gerado pelas pesquisas arqueológicas, como diagnosticar, strictu sensu os pontos de vista da comunidade do Pontal da Barra sobre o empreendimento que põe em risco o patrimônio arqueológico e histórico daquela região de Pelotas, assim como, no contexto da Lagoa do Fragata, empreendimentos como linhas de transmissão, estação de tratamento de esgoto e uma linha férrea põem em risco a integridade do complexo arqueológico, o que torna importante as ações arqueológicas educativas e de publicização do patrimônio cultural ameaçado.
Não poderia deixar de ressaltar que as pesquisas em andamento pelo LEPAARQ vêm sendo importantes para a formação de novos pesquisadores. Todas as etapas de campo realizadas, desde o ano de 2010, no contexto arqueológico do Pontal da Barra, podem ser caracterizadas como sítio-escola, visto que há uma participação massiva de alunos de graduação e pós-graduação, tanto dos cursos da UFPEL como de instituições parceiras. Em todos os campos, as equipes ultrapassaram sempre 30 alunos, vinculados aos projetos do LEPAARQ ou à disciplina de Práticas de Campo II, que compõe a grade curricular do curso de bacharelado em Antropologia com linha de formação em Arqueologia da UFPEL, ministrada pelo autor desse projeto. Da mesma forma, com materiais oriundos das escavações arqueológicas, são realizadas atividades de laboratório na disciplina de Práticas de Laboratório II, também ministrada pelo autor desse projeto. Nesse sentido, trabalhos de campo e também as atividades de laboratório incorporam um sentido de ensino-aprendizado ao projeto, em busca da formação de jovens pesquisadores, confecção de monografias de graduação e dissertações de mestrado, além de atividades extensionistas.
É importante ressaltar que após o trabalho de Schmitz (1976) e Copé (1992) não foram desenvolvidos novos estudos sistemáticos nos contextos de ocorrência dos cerritos no Pampa gaúcho. Pode-se apenas destacar pesquisas pontuais, que, de um modo geral, não permitiram rever o modelo interpretativo com relação aos cerritos, vistos como “estruturas construídas por bandos de caçadores coletores simples”, resultantes de “ocupações sazonais”, oriundos de uma “cultura marginal”, portadora de uma “tecnologia simples”, “dependentes dos recursos ambientais” e com um amplo “sistema de mobilidade”. Esses (pré) conceitos, recorrentes na literatura sobre os cerritos no Brasil, que remontam à Antropologia ecológica concretizada no Handbook of South Americam Indians (Steward 1946, Serrano 1946), ainda nos anos 1940, vão de encontro ao amadurecimento da literatura internacional sobre o tema, sobretudo aquela produzida na arqueologia uruguaia, onde os cerritos são pensados como “estruturas monumentais”, resultantes de uma “sociedade de caçadores-coletores-horticultores complexos” de longa duração, altamente adaptados aos ambientes alagadiços com uma economia de “amplo espectro”. Essas obras de engenharia em terra contemplariam a memória mítica e a história milenar da sociedade dos grupos construtores dos cerritos, sendo estruturas que agregam indivíduos, refletem hierarquias sociais, demarcam a paisagem e permitem a reclamação territorial. Nesse sentido, os cerritos devem ser entendidos como fenômenos políticos que compõem uma paisagem e uma arquitetura ideológica e podem ser pensados como monumentos generacionais (que remetem ao passado, ao presente e futuro das sociedades), monumentos orientacionais (que demarcam paisagens, territórios e permitem a circulação dos indivíduos) e monumentos ontológicos (que congregam cosmologias e mitos históricos) (Lopez Mazz e Bracco 2010, Dillehay 2000).
A pesquisa se justifica também pela necessidade de avaliação do grau de conservação dos sítios arqueológicos, a fim de apontar o nível do impacto causado pelo processo de urbanização praiana do município de Pelotas. Além disso, proporcionará a constituição de um conjunto de dados arqueológicos regionais que visem à criação de um discurso de valorização do seu potencial. A abordagem regional e o mapeamento de sítios arqueológicos serão instrumentos eficazes que irão esclarecer e trazer à luz dados importantes de uma região que sofreu intervenções arqueológicas pontuais no que se refere aos estudos da História pré-colonial, e que vem sendo impactada significativamente pela produção agrícola e pela urbanização. Além disso, os resultados da pesquisa poderão ser utilizados como um conjunto de informações para embasar projetos de educação patrimonial arqueológica. Através da valorização e exploração cultural desse potencial os sítios arqueológicos poderão ser considerados elementos importantes da tradição histórica da região e consequentemente virem a ser preservados pela sociedade.
É importante ressaltar também a necessidade em desenvolver atividades de Arqueologia Pública e ações educativas, tanto para publicizar lato sensu o conhecimento gerado pelas pesquisas arqueológicas, como diagnosticar, strictu sensu os pontos de vista da comunidade do Pontal da Barra sobre o empreendimento que põe em risco o patrimônio arqueológico e histórico daquela região de Pelotas, assim como, no contexto da Lagoa do Fragata, empreendimentos como linhas de transmissão, estação de tratamento de esgoto e uma linha férrea põem em risco a integridade do complexo arqueológico, o que torna importante as ações arqueológicas educativas e de publicização do patrimônio cultural ameaçado.
Não poderia deixar de ressaltar que as pesquisas em andamento pelo LEPAARQ vêm sendo importantes para a formação de novos pesquisadores. Todas as etapas de campo realizadas, desde o ano de 2010, no contexto arqueológico do Pontal da Barra, podem ser caracterizadas como sítio-escola, visto que há uma participação massiva de alunos de graduação e pós-graduação, tanto dos cursos da UFPEL como de instituições parceiras. Em todos os campos, as equipes ultrapassaram sempre 30 alunos, vinculados aos projetos do LEPAARQ ou à disciplina de Práticas de Campo II, que compõe a grade curricular do curso de bacharelado em Antropologia com linha de formação em Arqueologia da UFPEL, ministrada pelo autor desse projeto. Da mesma forma, com materiais oriundos das escavações arqueológicas, são realizadas atividades de laboratório na disciplina de Práticas de Laboratório II, também ministrada pelo autor desse projeto. Nesse sentido, trabalhos de campo e também as atividades de laboratório incorporam um sentido de ensino-aprendizado ao projeto, em busca da formação de jovens pesquisadores, confecção de monografias de graduação e dissertações de mestrado, além de atividades extensionistas.
Metodologia
Desde o princípio da pesquisa, vemos realizando as ações arqueológicas orientados pelo método de múltiplos estágios (Multistage Fieldwork) (proposto por Redman 1973 e usado por Plog 1976, Araujo 2001, Dias 2003, Milheira 2014), adotado mais recentemente com o nome de “Abordagens Estratégicas” (Gaspar et al. 2013). O método de múltiplos estágios consiste em um sistema organizacional de pesquisa que perpassa todas as esferas (campo e laboratório), com a clareza de que o pesquisador deve ter quatro princípios básicos interligados por uma constante retro-alimentação (feedback). Os princípios são os seguintes: a) Uso combinado de indução e dedução para a formulação das problemáticas do projeto e para as etapas subsequentes; b) Retroalimentação programática e analítica entre as diferentes etapas da pesquisa; c) Utilização explícita de amostragem probabilística; d) Uso de técnicas apropriadas às hipóteses e aos objetos de estudo. Nesse sentido, podemos dividir a metodologia em abordagens distintas: 1) abordagens de campo; 2) abordagens laboratoriais; 3) abordagem extra-muros.
Indicadores, Metas e Resultados
Publicações nacionais e internacionais; exposições arqueológicas, ações educativas e de divulgação científica; escavação de sítios e análise de coleções arqueológicas; fomento a gestão do patrimônio arqueológico regional; gestão de coleções arqueológicas; palestras e comunicações em eventos científicos.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
CAROLINE BORGES | |||
Clarissa Corrêa Garcia | |||
Danilo Vicensotto Bernardo | |||
Fabrício Bernardes | |||
GABRIELLE REIS FERREIRA | |||
GUSTAVO PERETTI WAGNER | 3 | ||
JEFFERSON FOSTER DA SILVA | |||
JORGE LUIZ DE OLIVEIRA VIANA | 5 | ||
LEONARDO DA SILVA SENS | |||
LUCIANA DA SILVA PEIXOTO | 7 | ||
RAFAEL CORTELETTI | 2 | ||
RAFAEL GUEDES MILHEIRA | 3 | ||
SABRINA ESCOBAR FREITAS RIBEIRO | |||
Yure Delabary Dutra |