Nome do Projeto
ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR A PRODUTIVIDADE DE OLIVEIRAS E QUALIDADE DE AZEITES NO RIO GRANDE DO SUL
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/03/2023 - 28/02/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
No Brasil, há o aumento do interesse pela cultura da oliveira, especialmente entre os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, existindo nestes estados áreas instaladas em fase de produção e em processo de beneficiamento de azeitonas e embalagem de azeite de oliva. Segundo dados recentemente levantados pela Emater no estado do Rio Grande do Sul e a Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira – ASSOOLIVE, que somente entre os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo tenham-se alcançado algo em torno de 3000 hectares implantados com a cultura, do mesmo modo que há diversos projetos de plantio de oliveiras de investidores privados nacionais e estrangeiros no Rio Grande de Sul, com áreas que chegam a atingir mais de 1000 hectares. No Brasil, estima-se que anualmente os importadores invistam em média cerca de 600 milhões de dólares para abastecer o mercado nacional, com aproximadamente 68 mil toneladas de azeite e 100 mil toneladas de azeitona de mesa. Isto torna o Brasil o segundo maior importador mundial de azeitona de mesa, perdendo somente para Estados Unidos e o segundo maior importador de azeite de oliva, atrás dos Estados Unidos. Estes produtos são importados, principalmente, de países como Portugal, Espanha, Itália e Argentina (INTERNATIONAL OLIVE OIL COUNCIL, 2017). Segundo dados do Conselho Oleícola Internacional (2013), a produção mundial de azeitona de mesa na safra 2011/2012, foi de 2.894 mil toneladas. Cabe a comunidade européia, juntamente com Turquia, Egito, Síria, Marrocos e Argentina, produzir 80% da produção mundial de azeitona de mesa (INTERNATIONAL OLIVE OIL COUNCIL, 2018). Existe a oportunidade do Brasil, de médio a longo prazo, tornar-se um grande produtor de azeitonas, considerando a restrição de área para cultivo desta cultura em regiões tradicionalmente produtoras, como nos países da costa mediterrânea. No Rio Grande do Sul, já encontra-se publicado o Zoneamento Agroclimático para Oliveira no Estado do Rio Grande do Sul (WREGE, 2009), onde aspectos relacionados ao clima, tais como: temperatura do ar (mínima, média e máxima), pluviometria, umidade relativa do ar e ocorrência de geadas, foram determinantes na escolha das regiões com maior aptidão à cultura da oliveira, uma vez que influenciam diretamente no florescimento, polinização, fixação dos frutos (fruit set), época de maturação dos frutos e na qualidade da azeitona de mesa e do azeite. Por meio desta publicação, foram oferecidas aos agricultores e demais interessados, informações sobre as regiões recomendadas, recomendadas com restrições e não recomendadas para o cultivo da oliveira no Rio Grande do Sul. A região da Campanha Gaúcha, segundo este zoneamento, é a que oferece as melhores condições climáticas à adaptação e produção de azeitonas. Em relação a esta cultura o maior desafio é viabilizarmos o acesso a informações técnicas a estes novos investidores que estão iniciando seus investimentos em olivicultura, na grande maioria das vezes, sem a utilização de técnicas adequadas de cultivo. Em muitos casos, estes plantios foram realizados sem a utilização de tecnologia básica para implantação de culturas perenes, o que levou a escolha inadequada de terreno para plantio, preparo incorreto do solo e uso de mudas de fornecedores não registrados no sistema RENASEM/MAPA, portanto, de qualidade duvidosa.

Objetivo Geral

Fortalecer e desenvolver a produção de oliveiras e de azeites de alta qualidade na
Região da Campanha.

Justificativa

a) As cultivares de oliveiras em cultivo ou que serão cultivadas no RS foram e tendem a
continuar serem selecionadas com base na adaptabilidade as condições climáticas, resistências
a doenças e pragas, mas é totalmente desconsiderado os parâmetros cinéticos relacionados a
absorção de nutrientes (exemplo: N, P, K, Ca e Mg, entre outros), que determinam a
eficiência de utilização de nutrientes. Com esta informação é possível separar as cultivares em
grupos adaptados, por exemplo, a solos com maior e menor fertilidade do solo. Assim, será
possível aplicar fertilizantes realmente aquelas cultivares que necessitam solos com maiores
teores de nutrientes. Por outro lado, algumas cultivares poderão ser cultivadas em solos com
menores teores de nutrientes, o que implica em menor gasto com os fertilizantes, que em
alguns sistemas de cultivo de frutíferas pode representar 30% do custo total de produção.
b) Cultivares de oliveiras são implantadas em solos submetidos a doses e épocas de aplicação de
nutrientes. Porém, até o presente momento no RS não são existentes resultados de pesquisas
que indiquem quais as melhores doses de nutrientes (exemplo: N, P e K) a serem aplicadas em
pomares de oliveiras; quais os teores de nutrientes no solo, diagnosticados pela análise de
solo, adequados para oliveiras; quais os teores de nutrientes no tecido (exemplo: folhas)
considerados normais, nem tampouco as melhores épocas de aplicações dos fertilizantes,
minerais e orgânicos. As doses de nutrientes ou seus teores adequados no solo ou no tecido,
bem como o momento adequado de aplicação das fontes de nutrientes e até a melhor fonte a
ser aplicada são determinantes da produtividade de olivas, bem como da composição do
azeite. Convém relatar que a atual recomendação de calagem e adubação para a cultura da
oliveira proposta pela Comissão de Química e Fertilidade do Solo para os estados do RS e SC
(CQFS-RS/SC, 2016) foi elaborada a partir de poucos relatos científicos no Brasil, sendo
considerado também informações obtidas em tradicionais países produtores de oliveiras, o
que nem sempre é adequado, pois as condições edafoclimáticas destes países são na maioria
dos casos totalmente diferentes daquelas do RS.
c) Os teores de nutrientes em solos obtidos pela análise de solo na maioria das vezes não
possui relação com a produtividade da oliveira, teor de nutrientes na planta e qualidade do
azeite. Por isso, para a oliveira, o que já é aceito para outras frutíferas, a análise de solo não
é uma técnica adequada para de forma isolada definir a necessidade e dose de nutrientes a
ser aplicada no solo. Por isso, torna-se necessário determinar o teor de nutrientes em órgãos da planta, como nas folhas e, considerando outros resultados, como a produtividade, a
qualidade da oliva e do seu azeite, propor um programa para estimativa do estado nutricional
das oliveiras, como o CND. O referido software poderá ser disponibilidade gratuitamente na
internet aos interessados, que poderão inserir resultados de análise de nutrientes em folhas.
Com isso, utilizando um banco de resultados obtidos pelos pesquisadores, será possível
estimar quais os nutrientes que realmente precisam ser aplicados pelo produtor no pomar e
aqueles que já estão em teores adequados na planta, isso para obter máximas produtividades
e azeites de qualidade desejada. Este programa de estimativa do estado nutricional poderá se
aliar aos resultados dos experimentos de calibração de nutrientes, propostos no item acima.
Com isso, o produtor utilizará fertilizantes realmente quando necessário, reduzindo os custos
de produção, mas com manutenção de elevadas produtividades e azeites com qualidade.
d) A alternência de produção é um problema comum a varias frutíferas. Na oliveira esta
alternância é bem destacada, onde se tem um bom ano de produção e outro ano uma baixa
produção. A alternância é um fenômeno relacionado com o hábito de frutificaão da oliveira.
Nesta espécie as flores surgem nos ramos de um ano de idade, aqueles que se desenvolvem
durante a estação de crescimento do ano anterior. Os bons ramos frutíferos apresentam vigor
e boa exposição a luminosidade. A intensidade de poda é importante no processo de
alternância. Se a poda severa favorece a alternância, a falta dela também afetará.
e) As condições climáticas são diferentes dos locais de origem e assim existem fatores que
devem ser adaptados para que a cultura possa expressar a máxima produtividade. Dessa
forma, o clima é um fator de grande importância na escolha de locais para o plantio, pois o
mesmo influencia diretamente nos estágios fenológicos da cultura como florescimento,
frutificação, maturação e consequentemente na qualidade das azeitonas de mesa e no
azeite.Para que ocorra a frutificação efetiva, segundo experiências de plantios em países
onde a oliveira originou-se no mediterrâneo a temperatura deve estar entre 25ºC e 35ºC, no
entanto a partir de 35ºC ocorre inibição da atividade fotossintética da planta. Durante as
fazes de pré-maturação e maturação dos frutos, as quais ocorrem no final do verão e outono,
é preferível um baixo regime de chuvas com o objetivo de que os frutos não fiquem
aguados, pois além de dificultar encarecer e tornar mais lento o processo de extração do
azeite, pode ainda reduzir a estabilidade do azeite e favorecer a ocorrência de antracnose nos
frutos (Gloeosporium olivae), com alterações nas propriedades físicas e químicas do azeite.
Portanto, para que a cultura possa expressar a máxima produtividade é de fundamental
importância o estudo dos estágios fenológicos da cultura onde se tem ou pretende-se instalar
um pomar de oliveiras de acordo com o clima da região.
f) O desenvolvimento da azeitona apresenta três fases, cada uma produzindo um evento
importante ao desenvolvimento do fruto, determinando assim, principalmente, o tamanho e
o conteúdo de azeite e açúcares, sendo a última, a que determina a quantidade e qualidade de
óleo que se obterá no processamento. Por isso, é importante definir a curva de crescimento
de cada variedade para realizar a colheita no momento certo. O processo de maturação é
complexo, ocorrendo varias trocas metabólicas e físicas, os quais se relacionam com os
aspecto externo do fruto, principalmente com a coloração. O ponto ótimo de maturação para
o processamento de azeite, está definido em uma escala de 0 a 7. Alguns autores
determinam que na maioria das cultivares, este ponto ótimo encontra-se entre as classes 3 a 4, acima desse ponto, o conteúdo de óleo começa a diminuir e se perde qualidade e
rendimento.

Metodologia

Estudo 1. Parâmetros cinéticos relacionados a absorção de nutrientes em cultivares de
oliveiras.
Cultivares de oliveiras, seguindo metodologia adequada, serão cultivadas em solução nutritiva.
Alíquotas de solução serão coletadas ao longo do cultivo das oliveiras, preparadas e
submetidas a análises de nutrientes. Parâmetros de plantas serão determinados. Os resultados
serão submetidos a software específico para estimar os parâmetros cinéticos (Km, Cmin,
Vmax) relacionados a absorção de cada macro e micronutriente.

Estudo 2. Definição das melhores doses e teores de nutrientes, épocas de aplicação e
fontes, em cultivares de oliveiras.
Solos não antropizados serão selecionados em regiões de cultivo. Cultivares serão
selecionadas. Serão instalados experimentos com aplicação de doses crescentes de N, P e K no
solo. Além disso, serão instalados experimentos com tipos de fontes de nutrientes, orgânicas e
minerais. Também serão instalados experimentos com épocas de aplicação de P, K e,
especialmente, N. Em todos os experimentos será avaliado o teores de nutrientes nas plantas,
através da análise de folha, a produtividade e o teor de nutrientes no solo. Modelos
matemáticos serão utilizados para definir os melhores teores de nutrientes no solo e em folhas.

Estudo 3. Estabelecimento de software relacionado a estimativa do estado nutricional de
nutrientes em oliveiras em produção.
Pomares serão selecionados nas mais importantes regiões produtoras de oliveira do RS.
Pomares serão separados em talhões. Nas plantas de cada talhão será avaliada a produtividade,
teor de nutrientes em folhas, bem como será elaborado o azeite de oliva. No fruto serão
analisados: o peso médio dos frutos; teor de umidade e rendimento graxo. No azeite serão analisados: acidez; índice de peróxidos; extinção específica a 232 e 270 nm; teor de umidade
do óleo; teor de compostos fenólicos totais e individuais; estabilidade oxidativa; perfil de
ácidos graxos e perfil sensorial.

Estudo 4- Intensidade de podas em oliveiras
Serão selecionadas áreas já em produção, realizando-se podas anuais e bianuais com diferentes
intensidades. Serão avaliadas as seguintes variáveis: fenologia, frutificação, produtividade,
qualidade de óleo.

Estudo 5- Fenologia de diferentes cultivares implantadas no Rio Grande do Sul
Serão realizadas avaliações visuais semanalmente dos estágios fenológicos (floração,
frutificação e maturação) de 6 cultivares: Koroneiki, Frantoio, Picual, Arbequina, Manzanilla
e Arbosana. Serão avaliadas 5 repetições (plantas) por cultivar e 20 ramos por plantas os quais
serão distribuidos de acordo com os quadrantes norte, sul, leste e oeste. Dessa forma serão
avaliadas 30 plantas, sendo destas 100 ramos por cultivar, totalizando 600 ramos entre todas
as cultivares avaliadas.
Para realizar-se o estudo do período de floração das cultivares de oliveira, será utilizado a
metodologia adaptada por Fernández-Escobar e Rallo (1981), na qual são definidos,
resumidamente abaixo:
A- Repouso Invernal (dormente): a gema terminal e as axilares estão em dormência;
B- Começo da brotação:gemas terminais e axilares começam a engrossar;
C- Formação dos rácimos florais: Observam-se nos ramos, as diferentes ramificações e
respectivos botões florais;
D- Inchamento dos botões florais: os botões ficam redondos e inchados e se dispõem num
curto pedicelo; às brácteas da base se separam do eixo floral;
E- Diferenciação das corolas: é visível a separação do cálice e da corola, os pedicelos se
alargam, separando os botões florais do eixo do rácimo;
F- Início da floração: abrem-se as primeiras flores, enquanto a corola passa da cor verde para
a cor branca;
F1- Plena floração: a maiorias das flores encontram-se abertas;
G- Frutificação efetiva: as pétalas se separam do cálice;
H- Endurecimento do caroço;
I- Troca de cor dos frutos
J- Maturação
Serão avaliados os registros seguindo a metodologia proposta por Fernández-Escobar e Rallo
(1981), na qual as anotações serão realizadas num formato de triângulo onde, em cada data de
observação, será anotado no vértice inferior esquerdo o estádio fenológico mais atrasado; no
vértice inferior direito o estado mais adiantado; e no vértice superior o estado dominante. No
referido trabalho, as anotações serão realizadas, de modo geral, com intervalos de sete dias.

Estudo 6- Evolução de maturação e ponto ótimo de colheita de azeitonas
Neste estudo as azeitonas das distintas cultivares serão colhidas em quatro quadrantes da
planta (L, W, N, S), na parte superior, média e inferior da copa, nos seguintes estádios de
maturação, adaptado de Barranco (2004). Realizar-se-á a avaliação físico-química, sensorial e
rendimento graxo dos azeites nos diferentes pontos de colheita.

Estudo 7- Implementação e Capacitação de Produtores no sistema de Produção
Integrada de Oliveiras
Neste experimento, pretende-se apoiar os produtores na implementação da Produção
Integrada de Oliveiras, realizando a capacitação dos mesmos e dos técnicos da região quanto a
normatização das normas de PI Oliveira que encontra-se em final de discussão pelo Ministério
da Agricultura.

Indicadores, Metas e Resultados

a) Definir as cultivares mais e menos eficientes na absorção de nutrientes. Com isso,
será possível definir quais cultivares poderão ser cultivadas em solos com menor ou maior
fertilidade do solo. Desta forma, os nutrientes serão aplicados somente quando necessário,
proporcionando economia deste insumo, já que ele pode representar até 30% do custo total em
alguns sistema de produção;
b) Estabelecer as melhores doses de nutrientes, como N, P e K, que poderão ser
aplicadas em pomares jovens e adultos de oliveira. Além disso, definir os melhores teores de
nutrientes no solo e no tecido, que proporcionem máxima produtividade e azeites com
qualidade desejada pelo consumidor. Finalmente, estabelecer as melhores épocas e fontes de
nutrientes a serem aplicadas, para promover maior aproveitamento de nutrientes pelas
oliveiras e menores perdas para o ambiente;
c) Propor um software de estimativa do estado nutricional para diferentes cultivares de
oliveiras. Com isso, o produtores poderão acessar gratuitamente o software do computador em
sua cada, inserir os resultados de análise de folhas e, a partir disso, definir quais os reais
nutrientes que devem ser aplicados para obtenção de máximas produtividades e azeites de
qualidade.
d) Definir a intensidade de poda a ser realizada pelos olivicultores na região;
e) Caracterizar a exigência térmica e a fenologia das principais cultivares de oliveiras
plantadas no Rio Grande do Sul, proporcionando informações importantes a escolha do
melhor manejo da planta por parte do olivicultor;
f) Identificar o ponto ótimo de colheita, proporcionando ao olivicultor a epoca ideal de
colheita em sua região, assim como, resultados importantes de rendimento graxo e qualidade
fisico-química e sensorial do produto a ser coloca da prateleira do consumidor.
g) Capacitar produtores e técnicos da Região da Campanha quanto as normas de
Produção Integrada de Oliveira.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CECILIA DE OLIVEIRA WERLE
CLAUDIA ROSA DE SOUZA
EMANUEL DE COSTA
FLAVIO GILBERTO HERTER
FLÁVIA LOURENÇO DA SILVA
Gustavo Brunetto
JULIO CESAR PAES JACOME DE ARAUJO FILHO
JÉSSICA OTT BERWALDT
Keila Garcia Aloy
MARCELO BARBOSA MALGARIM2
PAULO CELSO DE MELLO FARIAS2
PAULO RICARDO COSTA PIRES15
ROGÉRIO OLIVEIRA JORGE
VAGNER BRASIL COSTA3

Recursos Arrecadados

FonteValorAdministrador
CnpqR$ 500.000,00Coordenador

Plano de Aplicação de Despesas

DescriçãoValor
339030 - Material de ConsumoR$ 250.000,00
449052 - Equipamentos e Material PermanenteR$ 250.000,00

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