Nome do Projeto
Estudo de Aula como processo formativo de professores que ensinam Matemática na Educação Básica
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/09/2023 - 31/08/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O projeto se vincula às discussões de formação de professores que ensinam Matemática na Educação Básica e estudo de aula (lesson study). Objetiva investigar e analisar a formação de professores que ensinam Matemática na Educação Básica, em processos formativos de estudo de aula. Propõe-se os seguintes questionamentos: a) Como os estudos de aula colaboram com a formação e o desenvolvimento profissional de professores que ensinam Matemática na Educação Básica? b) De que modo os processos formativos, desenvolvidos por estudos de aula, possibilitam melhorias no ensino e na aprendizagem de Matemática? Defende-se a formação continuada, na perspectiva do desenvolvimento profissional, em que o estudo de aula é entendido como um processo formativo, centrado na prática profissional, com caráter colaborativo e reflexivo. Pesquisa de natureza qualitativa, com estratégias descritivas e interpretativas. Algumas ações: formação da equipe; parcerias com escolas e professores; desenvolvimento de ciclos de estudos de aula; entrevista com professores; organização de portifólios; organização de livros e outras produções. Instrumentos de coletas: revisão sistemática de literatura; observação participante; gravação de áudio e filmagem; documentos (planos de aulas, tarefas, resoluções dos alunos e outros); portifólios. Resultados: qualificação da formação de professores que ensinam Matemática; conexões entre o ensino e a aprendizagem de Matemática, a formação continuada dos professores de Matemática, a prática profissional e a prática letiva; contribuição no ensino de Matemática, na promoção de práticas pedagógicas com viés exploratório e na perspectiva da aprendizagem dos alunos; produções de pesquisa de pós-graduação; parcerias nacionais e internacionais e outros.

Objetivo Geral

Investigar e analisar a formação de professores que ensinam Matemática na Educação Básica, em processos formativos de estudo de aula.

Justificativa

A temática “Estudo de Aula como processo formativo de professores que ensinam Matemática na Educação Básica” se inscreve nas discussões e investigações sobre a formação continuada de professores que ensinam Matemática na Educação Básica (FIORENTINI et al., 2002; FIORENTINI, NACARATO, 2005; PASSOS et al., 2006; CRECCI; FIORENTINI, 2018), pelo viés do estudo de aula (Lesson Study), como um processo formativo de desenvolvimento profissional (PONTE et al., 2015; QUARESMA, PONTE, 2017; RICHIT, PONTE, QUARESMA, 2021). Ao trazermos essa temática, destacamos a necessidade de aproximar a formação de professores dos contextos educacionais, da prática profissional e das aprendizagens dos alunos (PONTE et al., 2016, PONTE et al., 2017).
Pontuamos a necessidade de discutirmos a formação de professores da Educação Básica, pois a Pandemia da Covid-19 trouxe o afastamento social, o fechamento das escolas, o ensino remoto, o ensino híbrido e a reabertura das escolas trouxeram muitas problemáticas em relação ao ensino e a aprendizagem de Matemática (SILVA et al., 2021; HASSTENTEUFEL; PERTILE, 2021). Muitos efeitos foram produzidos pela pandemia, mas antes dessa situação, havia a necessidade de problematizar a docência, a formação continuada, os processos de desenvolvimento profissional e, principalmente as aprendizagens dos alunos.
Defendemos a formação continuada, na perspectiva do desenvolvimento profissional, em que o estudo de aula é entendido como um processo formativo, centrado na prática profissional, com caráter colaborativo e reflexivo (PONTE et al., 2015; QUARESMA, PONTE, 2015; PONTE et al., 2022). O estudo de aula é um processo formativo comum no Japão, fazendo parte do planejamento anual das escolas e tem sido disseminado para vários países, principalmente a partir da publicação do livro The Teaching Gap (STIGLER, HIEBERT, 1999). No Japão, os professores desde o início da sua carreira profissional são responsáveis pelo processo de formação, que é um processo contínuo de desenvolvimento profissional.
Um dos componentes desse processo de desenvolvimento profissional é desencadeado pelo estudo de aula, entendido como um processo formativo, que envolve a colaboração, a partilha e a reflexão, de um grupo de professores que se reúnem, na perspectiva de planejar uma aula, de discutir sobre as estratégias de resolução dos alunos, de lecionar e de refletir sobre o processo desenvolvido (RICHIT; PONTE, 2017; QUARESMA; PONTE, 2019). Perry e Lewis (2009) consideram que o estudo de aula incorpora as características do desenvolvimento profissional, usado há muitos anos no Japão, com histórico de sucesso, tanto para o desempenho dos alunos como para o aperfeiçoamento profissional dos professores de modo individual e coletivo.
Em Portugal, várias pesquisas foram e são realizadas envolvendo o estudo de aula como processo de desenvolvimento profissional, na formação contínua e na formação inicial de professores e em diversas disciplinas do ensino básico e secundário (PONTE et al., 2018). Mas como alertam os autores, o estudo de aula difere de um país para outro e mesmo de uma vivência para outra, devido as diferenças de contexto, as condições locais, os objetivos, dentre outros aspectos.
No Brasil, o estudo de aula pode ser denominado, como informam Bezerra e Morelatti (2018), como “Pesquisa de Aula” ou “Estudo e Planejamento de Lições”. E apenas três grupos de pesquisas têm se dedicado aos estudos de aula como campo de investigação, de acordo com Utimira, Borelli e Curi (2020) e Richit, Ponte e Tomkelski (2019). Como dizem os autores, apesar do estudo de aula ter se disseminado por vários países, no Brasil ainda são poucas as pesquisas com essa temática, principalmente no estado do Rio Grande do Sul (RS). Destacamos no RS, as pesquisas da professora Dra. Adriana Richit, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), no município de Erechim.
Desse modo, a proposta deste Projeto está vinculada com a realização do projeto de pós-doutoramento na Universidade de Lisboa, no Instituto de Educação, em que participamos de processos formativos de estudo de aula desenvolvido em uma escola, em Sintra, Portugal e organizamos outro, no Brasil, em uma escola, em Pelotas/RS. Isso nos levou a organizar um projeto que possa continuar as discussões iniciadas no pós-doutoramento e ampliar essas investigações, pois acreditamos na potencialidade de envolver os professores que ensinam Matemática, em exercício nas escolas de Educação Básica, em processos formativos desencadeados pelos estudos de aula. Argumentamos que o estudo de aula como processo formativo pode contribuir para os professores trabalharem de modo colaborativo, no sentido de identificarem as dificuldades dos alunos, e preparam em detalhe uma aula que depois observam e analisam em profundidade”, ou seja, “realizam uma pequena investigação sobre a sua própria prática profissional, em contexto colaborativo” (PONTE et al., 2016, p. 869). Consideramos que pode contribuir com a prática profissional, oportunizando aos professores planejarem as aulas de forma colaborativa, antecipando as dificuldades e as estratégias de resolução dos alunos, além de ministrarem a aula planejada, de refletirem sobre a vivência na sala de aula, na perspectiva de relacionarem a prática docente com as aprendizagens anteriores e com o desenvolvimento dos conhecimentos (MARTINS; PONTE; MATA-PEREIRA, 2023).
Assim, com esta investigação, intencionamos investigar e analisar a formação de professores que ensinam Matemática na Educação Básica, em processos formativos de estudo de aula. Para tanto, pretendemos responder os seguintes questionamentos: a) Como os estudos de aula colaboram com a formação e o desenvolvimento profissional de professores que ensinam Matemática na Educação Básica? b) De que modo os processos formativos, desenvolvidos por estudos de aula, possibilitam melhorias no ensino e na aprendizagem de Matemática?


Metodologia

A pesquisa assume uma natureza qualitativa (BOGDAN, BIKLEN, 1994), com estratégias descritivas e interpretativas (ERICKSON, 1989), estabelecendo aproximações com a análise de conteúdo, na organização das temáticas e categorias (BARDIN, 2016). Nesta perspectiva, descrevemos o caminho da pesquisa, apontando algumas ações que serão desencadeadas para a execução do Projeto e para alcançarmos os objetivos propostos.
Para dar conta desses delineamentos e dos objetivos propostos, consideramos algumas ações:
1. Organização e encontros do grupo de estudo e discussão: o grupo poderá envolver os interessados em discutir sobre a temática, como licenciandos dos cursos de Matemática e Pedagogia, pós-graduandos, bolsistas, professores da Universidade e da Escola.
2. Levantamento de pesquisa sobre formação de professores e estudo de aula.
3. Formação de equipe de trabalho para o desenvolvimento de ciclos de estudo de aula: a partir da organização do grupo de estudo, realizaremos uma formação sobre abordagem exploratória do ensino de Matemática, tarefas, planejamentos e estudo de aula.
4. Contato com algumas Escolas da rede pública do município de Pelotas, na perspectiva de buscar parcerias para a realização de processos formativos, envolvendo a formação de professores que ensinam Matemática.
5. Organização de grupos com formadores e professores da Escola para a vivência de ciclos de estudo de aula: definição do objetivo; estudo de materiais e documentos sobre o tópico a ensinar; tarefa de diagnóstico; planejamento de uma aula; vivência da aula (lecionar a aula); observação da aula de investigação; discussão da aula vivenciada e observada; reflexões com registros. Os grupos serão organizados a partir das etapas de escolaridade: Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais e anos finais) e Ensino Médio. Se tivermos um número de professores maior em cada etapa, formaremos subgrupos.
6. Socialização no grande grupo do ciclo de estudo de aula planejado e vivenciado na Escola.
7. Desenvolvimento de outros ciclos de estudo de aula com o mesmo grupo ou com outros grupos de professores.
8. Entrevista com os professores da Escola, na perspectiva de identificar a contribuição dos estudos de aula para a formação e o desenvolvimento profissional do professor que ensina Matemática, na aprendizagem dos alunos e na prática profissional. As entrevistas envolverão as seguintes temáticas: a) Colaboração dos estudos de aula para a formação/desenvolvimento profissional; b) Estudo de aula e planejamento; c) Estudo de Aula e aprendizagens dos alunos e professores; d) Dificuldades e desafios com os estudos de aula.
9. Produção de reflexão, com registro em portifólios (documentação pedagógica), produção escrita dos professores da Escola e do grupo de investigadores e socialização.
10. Organização de um livro com a produção do grupo de pesquisadores e dos professores da Escola.
11. Produção do relatório final.

Os dados serão coletados a partir dos seguintes instrumentos:
a) Levantamento de pesquisas sobre a temática do Projeto em bancos de dados nacionais e em periódicos indexados internacionalmente. Organização de revisão sistemática de literatura (PETTICREW; ROBERTS, 2006).
b) Observação participante nos ciclos de Estudo de Aula desenvolvidos na Escola com grupos de professores (LAKATOS; MARCONI, 2007).
c) Gravação de áudio dos encontros dos estudos de aula, com transcrição e análise. Gravação de áudio das entrevistas com os professores da Escola (BAUER; GASKELL, 2017).
d) Filmagem das aulas desenvolvidas nas sessões dos estudos de aula, para a captação das imagens de resolução das tarefas pelos alunos, da organização do quadro e da transcrição das discussões coletivas produzidas pela justificação das ideias e estratégias dos alunos (MARTINS; PONTE; MATA-PEREIRA, 2023).
e) Documentos produzidos a partir dos estudos de aula: plano de aula, tarefas, relatórios, reflexões escritas, resolução das tarefas pelos alunos (PONTE et al., 2015; FUJII, 2015; FUJII, 2018).
f) Portifólios com fotos e escritas das ações desenvolvidas no grupo e nas Escolas (OSTETTO, 2017).
A partir da coleta e da produção dos dados, as análises ocorrerão de forma interpretativa, a partir da aproximação da análise de conteúdo de Bardin (2021), em que pretendemos realizar a exploração do material, com leituras, para o tratamento dos resultados, na busca de inferências e da interpretação dos materiais analisados. As análises seguem as seguintes etapas: a) exploração do material pela leitura flutuante; b) leitura com a marcação de ideias recorrentes, que se repetem ou que aparecem apenas poucas vezes; c) organização de temáticas recorrentes no material, com organização de quadros e legendas para facilitar a aproximação das ideias; d) organização de categorias de análise, considerando os materiais e os referenciais teóricos. Com isso, pretendemos mostrar os resultados da pesquisa e as análises serão de acordo com os referenciais teóricos selecionados.

Indicadores, Metas e Resultados

Metas:
a) Aproximação da prática profissional desenvolvida pelos professores da Educação Básica. Participação dos professores da escola em encontros, conversas e estudos na universidade e participação dos professores da universidade e de formadores na escola.
b) Desenvolvimento de seminários, de processos formativos, de estudos e reflexões;
c) Colaboração com os processos formativos de professores em exercício, a partir do desenvolvimento de estudos de aula.
d) Contribuição nas aulas de Matemática e aprendizagem dos alunos. Análise e exploração de tarefas, diagnóstico das aprendizagens dos alunos;
e) Divulgação dos resultados e discussões em eventos e periódicos nacionais e internacionais;
f) Organização e participação de seminários com outros pesquisadores a nível nacional e internacional.

Resultados esperados:
a) Qualificação da formação de professores que ensinam Matemática: envolvimento de licenciandos, pós-graduandos, professores da escola e universidade em atividades colaborativas e reflexivas sobre o ensino de Matemática e em processos formativos que desencadeiam o desenvolvimento profissional;
b) Conexão entre o ensino e a aprendizagem de Matemática, a formação continuada dos professores de Matemática, a prática profissional, a prática letiva e as práticas de formação;
c) Produção de questionamentos, discussões e estudos sobre a formação de professores que ensinam Matemática, relativas a prática profissional, a prática letiva, o desenvolvimento profissional e as aprendizagens matemáticas;
d) Produção de pesquisas a nível de pós-graduação, envolvendo a temática de formação de professores e estudo de aula;
e) Publicação de artigos em periódicos e em capítulos de livros envolvendo a temática e os resultados da pesquisa;
f) Parcerias nacionais e internacionais com produções e discussões sobre formação e os processos formativos desenvolvidos com estudos de aula;
g) Contribuição no ensino de Matemática, na promoção de práticas pedagógicas com viés exploratório e na perspectiva da aprendizagem dos alunos;
h) Participação em eventos da área de educação e educação matemática, socializando os dados e resultados da pesquisa;
i) Produção de artigos, divulgando a pesquisa e colaborando com discussões sobre a formação de professores que ensinam Matemática. Espera-se a publicação de no mínimo dois artigos em revista com qualis A2-A1 e/ou indexados em bases internacionais.;
j) Produção de um livro com a participação de outros pesquisadores e com o registro de reflexões do grupo de formadores e dos professores da Escola.



Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AMANDA PRANKE
Adriana Garcia Cabaldi Carvalho
BETÂNIA LOPES BALLADARES
CALIANDRA PIOVESAN
CAMILA CHAGAS DE LEON
CAMILA PINTO AIRES
CARLA DENIZE OTT FELCHER15
CARLA DENIZE OTT FELCHER2
CHARLES EDUARDO DA CRUZ DO AMARAL19
Carina Espilma Lima
DANIELE GALVÃO MATHIAS
Diéssica Braun Rodrigues
ELIEZER DE SOUZA PIRES
GEICIELE RAATZ HARTWIG
Gabriela Hoffmeister
HENRIQUE DOS SANTOS ROMEL
IVANA D'AVILA GONÇALVES
JEAN CARLOS RAMOS PORTO
LILIANE DA ROCHA ALVES
MARILIA SANTOS DE FREITAS
Marta Cristina Cezar Pozzobon32
MÔNICA MACHADO DA SILVA
RICARDO ALEXANDRE DA SILVA VELEDA
SABRINA BOBSIN SALAZAR16

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