Nome do Projeto
Subjetividades docentes em tempos de caos: criações
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
12/06/2023 - 12/06/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Trata-se de investigar as transformações subjetivas das professoras e dos professores nesta contemporaneidade, bem como a produção de práticas educativas escolares, de modo a observar as contribuições de diferentes áreas do saber no exercício transdisciplinar de criação para o enfrentamento do caos no cotidiano da profissão.

Objetivo Geral

Investigar os processos de criação docente, bem como as transformações em suas subjetividades.

Justificativa

Frente às intempéries enfrentadas pelos docentes de diferentes níveis educativos (ensino remoto, desvalorização profissional, mal-estar), no ensino público e privado, os profissionais tentam buscar uma saída: a criação. Cria-se uma aula em meio à sala de estar de sua casa, em frente às câmeras de web cam; alfabetiza-se as crianças contando com o auxílio dos pais e responsáveis que, por vezes, apresentam dificuldades para acompanhar o desenvolvimento dos seus estudantes. O discurso apresentado por muitos docentes diante destas cenas se consagrou como “o caos”. O que fizeram e ainda fazem as professoras e os professores na prática diária de educar para enfrentar o caos da profissão? Como atuam pedagogicamente? Para Deleuze e Guattari (2010) há que se mergulhar no caos como maneira de extrair uma potência que faz variar percepções e ações. O processo de criação não está exclusivamente sob domínio de artistas, mas também outros atores exercem essa atividades como, por exemplo, o filósofo e o cientista. Eles, no seu ato de criação, extraem elementos de um plano traçado do caos. O filósofo consegue extrair variações relacionadas em um conceito; o cientista tira variáveis das variabilidades relacionadas em uma função; o artista, quando mergulha no caos da criação, extrai variedades que operam nas sensações. Eles traçam planos diante do enfrentamento daquilo que desestabiliza seu processo criativo: plano de imanência para a filosofia, plano de referência ou coordenação para a ciência e plano de composição para a arte. Cria-se para não se deixar “engolir” por uma maquinaria que diminui a potência de existir. Trata-se de problematizar sobre quais elementos são possíveis de serem extraídos no campo da educação. De que maneira traçamos planos diante do caos? Quais figuras, personagens, subjetividades daí são produzidos? De que forma? Por qual processo? Operando por um método cartográfico, visa-se acompanhar os processos de produção de subjetividades docentes emergentes de um contexto de caos no traçado de um plano de criação.
Compreende-se o conceito de subjetividade na definição provisória de Guattari (1992, p. 19) como “o conjunto das condições que torna possível que instâncias individuais e/ou coletivas estejam em posição de emergir como território existencial autoreferencial em adjacência ou em relação de delimitação com uma alteridade ela mesma subjetiva”. Para tal, propõe-se produzir instrumentos teóricos, práticos e metodológicos que possam potencializar a analítica dos desafios educacionais contemporâneos e as condições em que subjetividades são produzidas, não de maneira totalizada ou centralizada no indivíduo, mas como produção incessante em meio a um coletivo. Uma das apostas é na articulação de diferentes campos do conhecimento como a educação, a psicologia, a filosofia, a literatura que possam servir de ferramentas para dar sentido às atividades executadas, tanto na pesquisa como na própria ação professoral, compreendê-las como resultado da nossa inserção no mundo e de condições a ele inerentes. O ato de transcriar em educação (CORAZZA, 2013) a partir da experiência ética, estética e política dos saberes, pode funcionar como dispositivo para a ampliação e construção de outros referenciais existenciais, englobando os processos de subjetivação e singularização.

Metodologia

Deseja-se operar pelo método cartográfico (DELEUZE; GUATTARI, 1995) (PASSOS, KASTRUP, ESCÓSSIA, 2012). Com foco na investigação cartográfica, a pesquisa irá priorizar a dimensão coletiva em detrimento do pensamento dicotômico. Para além de indicar prescrições ao trabalho docente, pretende-se compreender a produção das formas e das forças subjetivas e objetivas da docência. Assim, será necessário mapear a pluralidade, a transgressão e a mutação de uma docência (SCHWANTZ, 2019) que resiste e cria em meio ao caos, buscando novas armas que faça frente ao regime de assujeitamento e controle (LIMA, FERREIRA NETO, ARAGON, 2010) dos saberes, das experiências e das práticas dos professores. O método cartográfico funcionará na relação entre teoria e prática, na percepção dos pontos de parada e aceleração dos modos de fazer e existir como docente, no que é manifestado num coletivo de enunciação para além da situação apresentada em determinado contexto. Para tal, é necessário um mapeamento de planos extensivos (das matérias, rastros, lugares, histórias, de um campo histórico-mundial) e um mapeamento intensivo (o plano das forças moventes de transformação subjetiva, os devires). A cartografia, na perspectiva das filosofias da diferença, coloca o pesquisador e pesquisados em um movimento de “dobragem” de si, pois sua ação de cartografar atém-se ao traçado dos meios e trajetos dos envolvidos no processo. É a partir do desenho dessas linhas em um plano, e na sua superposição, que os mapas dão a ler e avaliar os deslocamentos feitos em cada percurso, cada história, de modo a compreender suas transformações e criações.
O trabalho investigativo, que compete como projeto de pesquisa, se constituirá por seis etapas, distribuídas em cada semestre, durante dois anos (2023/2025).
A primeira etapa da pesquisa consistirá da reunião de ferramentas teóricas que possam dar consistência à investigação a partir do trabalho desenvolvido na Faculdade de Educação, no ateliê de estudos intitulado Docência, diferença e produção de subjetividades, entre estudantes de Graduação, Pós-Graduação e colegas professoras. A proposta é realizar uma revisão sobre o tema investigado, buscando nas principais bases de dados científicos/acadêmicos artigos, capítulos de livros e livros que tenham relação com a intenção da pesquisa e a perspectiva adotada, de maneira mais global. A ação extensionista, prevista para o semestre 2023/1, proporcionará uma atividade de intervenção e o convite à participação de professores no decorrer da pesquisa.
A segunda etapa visa dar continuidade aos estudos teóricos que a pesquisa demandará. Juntamente a isso, a participação das professoras, professores, estudantes de licenciatura e outros profissionais na ação de extensão prevista para o semestre 2023/1, que terá como proposta realizar um evento, no formato roda de conversa. Este evento proporcionará o intercâmbio entre profissionais de diferentes áreas e o convite à participação no decorrer da pesquisa. Esta ação oportunizará observar o panorama das práticas pedagógicas criadas no ensino remoto em contexto mais local, de modo a dar sequência na investigação sobre as consequências na produção de subjetividades.
Na terceira etapa propõe-se dar continuidade aos estudos teóricos que a pesquisa demandará. Propõe-se o início da análise da participação dos profissionais e estudantes na ação de extensão em relação aos achados teóricos mais globais.
A quarta etapa da pesquisa envolverá um momento teórico-experimental-analítico. A partir das matérias colhidas durante as etapas anteriores, buscar-se-á verificar o panorama das práticas pedagógicas criadas no ensino remoto e as consequências na produção de subjetividades. Também será iniciado um mapeamento desses processos inventivos docentes.
A quinta etapa da pesquisa será desenvolvida como momento analítico dos dados colhidos durante o processo investigativo e o mapeamento cartográfico realizado.
Na sexta e última etapa prevista para a pesquisa, será o encaminhamento para finalizar as análises e conclusões do trabalho desenvolvido.

Indicadores, Metas e Resultados

Acredita-se que esta pesquisa possa dar visibilidade ao trabalho docente, no que diz respeito aos processos criativos e de enfrentamento às adversidades, principalmente em tempos de educação remota, que levou à todas e todos a pensar em estratégias de trabalho, de maneira urgente, para dar conta de um ensinar-aprender distanciado socialmente. Espera-se, como resultado deste trabalho investigativo: fortalecer as linhas de pesquisas sobre a formação docente e produção de subjetividades, filosofias da diferença e formação docente na educação básica; Ampliar as participações de diferentes instituições, nacionais e internacionais, e profissionais de variadas áreas do saber; Dar notoriedade às potencialidades dos profissionais da educação, aos desafios ainda a serem enfrentados num campo mais objetivo, prático-pedagógico, mas também, à condição de transformação das subjetividades nesta contemporaneidade e como isso afeta as relações éticas, estéticas e políticas inerentes ao processo de educar.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ABIMA DOS SANTOS LOBO
ANA PAULA FREITAS MARGARITES
ANA PAULA MENNA ALVES
BETINA DOS SANTOS TRECHA
JOSIMARA WIKBOLDT SCHWANTZ2
JULIA TAVARES DA SILVA
LARISSA DA SILVA MEINERT
MILENA SANTOS GONCALVES
ROBERTA BENEVIT
SANDRA ESPINOSA ALMANSA
THIAGO HEINEMANN RODEGHIERO2
ULISSES GUILHERME ORREGO

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